Quando os primeiros livros e filmes de Harry Potter foram lançados, uma das grandes curiosidades dos fãs era saber mais sobre o universo mágico fora de Londres. Há um gostinho disso em O Cálice de Fogo com a chegada dos alunos de duas outras escolas de bruxaria, mas o que realmente expandiu esse conceito foi o primeiro filme de Animais Fantásticos, ao mostrar a realidade mágica nos EUA. Agora no segundo longa, isso fica ainda mais evidente com a aparição de outros Ministérios da Magia.
O primeiro deles é o MACUSA, Ministério da Magia americano que retorna logo no começo da produção. Durante nossa visita ao set de Os Crimes de Grindelwald em Londres, o designer de produção Stuart Craig revelou que o edifício Woolworth, em Nova York, foi utilizado novamente como cenário da instituição: “Temos a cena em que Grindelwald está sendo transferido dos EUA para a Europa. Ele sai pelo telhado em uma carruagem levada por Testrálios. Ele escapa no caminho e fica livre para morar em um daqueles apartamentos de Paris no estilo de [Georges-Eugène] Haussmann”.
Christian Huband, diretor de arte sênior do longa, disse que o segredo para chegar ao resultado visto nos cinemas é unir o departamento de arte com a parte digital: “O MACUSA é um prédio inteiro, com a parte interior, etc., e então a equipe de efeitos visuais faz as partes digitais, que não estamos construindo. Basicamente os departamentos de arte e efeitos visuais trabalham com a visão completa de Stuart. Você não pode apenas apertar um botão e o computador preenche o resto. Tudo vem dessa sala aqui”.
Já o Ministério da Magia do Reino Unido, já conhecido por ter aparecido várias vezes em Harry Potter, ganhou um toque sutil em Os Crimes de Grindelwald: “Stuart teve essa ideia junto com David [Yates, diretor], de que Londres teria um estilo gato e rato, com um visual noir como o filme Disque M para Matar (1954), cheio de neblina e à noite”, diz Huband. Esse clima combina com o visual do ministério mostrado em Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), quando Harry e seus amigos vão até o local para encontrar a sua profecia.
O Ministério de Londres em A Ordem da Fênix
Mas sem dúvida nenhuma, o ministério mais esperado de todos era o da França. Para esse set, Stuart Craig revela que a própria J.K. Rowling fez uma pesquisa de como gostaria que fosse o visual: “Descobrimos que ela é muito minuciosa e específica. Certamente ela queria que o Ministério da França tivesse um estilo art noveau. E essa é uma instrução muito clara. Então pesquisamos o máximo possível esse estilo. Um dos nossos diretores de arte se tornou particularmente fluente nesse assunto e, como departamento, nós gostamos disso e demos aos escultores um mundo novo para eles praticarem sua arte”.
Para construir a Paris que aparece no filme, Stuart Craig viajou com uma equipe para a cidade. Com as tecnologias atuais, foi possível tirar fotos e escanear prédios que foram recriados digitalmente em tela, com a adição dos elementos da década de 20. Mas esse não foi o único grande desafio de produção. Huband explica que a art noveau pesquisada por Rowling é baseada em luz, mas o ministério francês fica escondido dos trouxas no subsolo de Paris: “[Apesar disso], Stuart trouxe um design de art noveau no subsolo, então ignoramos o fato de que é o subsolo e colocamos esse grande telhado de vidro com luz mágica, em que você vê a projeção de várias criaturas”.
O Ministério da França com suas projeções
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A passagem entre o mundo dos trouxas e dos bruxos também ganhou um toque especial para alimentar a imaginação do público. Enquanto em Londres é possível chegar ao ministério por cabines telefônicas ou até privadas, na Cidade Luz o truque está nas fontes espalhadas pelas ruas: “Se você é uma criança em Londres e vê uma cabine telefônica, você pensa ‘será que isso vai…?’. Em Paris há essas pequenas fontes chamadas de Wallace Fountains. Os personagens andam até uma dessas em uma praça e raízes da árvore formam um elevador ao redor deles que vai até o ministério. Novamente, esse é um tema noveau e da natureza que causa uma bela entrada. Agora todas as vezes em que você ver uma fonte dessas em Paris, você pode imaginar que é a entrada do Ministério da Magia de lá”, finaliza Huband.