Tiktok, Twitter, Instagram, “super rich kids with nothing but loose ends, super rich kids with nothing but fake friends…” Gossip Girl não poderia ter escolhido uma época melhor para reencarnar? Hoje (8), a blogueira favorita da elite estudantil retornou de um longo hiato para escancarar a verdade por trás dos ricos e dos badalados rostinhos nova-iorquinos. Sentiram falta?
Confesso que tinha altas expectativas quando anunciaram o reboot da famigerada série. Nunca fui um espectador assíduo da primeira versão, mas como fã da cultura de celebridades, apreciador do camp e um admirador de Blake Lively e Leighton Meester (se o mundo fosse justo, seria ela a despontar depois da série), não teria como não me importar com a continuação da história.
De qualquer forma, o universo da Gossip Girl, que estreou hoje, pela HBO Max, ainda é o mesmo. Acompanhamos a nova Queen B., ou melhor, Queen J., Julian Calloway (Jordan Alexander), a menina mais popular do colégio e seu grupinho que usa o topo das escadas do The Metropolitan Museum of Art como point. Mas, diferentemente da série original, a Queen J. é mais acessível, e nada temida. Aliás, de sua turma, ela é a única que parece ser querida, tanto pelos professores, como pelos outros alunos da fictícia escola Constance Billard.
Como um reflexo da Geração Z da vida real, a reencarnação da série tem novos olhares a respeito de ativismo, sexualidade e diversidade racial. A nova Blair, Julian, é uma garota negra. Sua gangue é composta por meninos queer, garotas racialmente ambíguas, e seu querido namorado é ativo em causas sociais. O principal conflito da série vem com a chegada de Zoya (Whitney Peak), uma nova garota de Buffalo, que basicamente é escrita para ser a Serena da nova versão. O que logo descobrimos é que Julien e Zoya são meia-irmãs. Então, será que elas serão melhores amigas para sempre, ou serão inimigas mortais até o fim dos tempos (o ensino médio)?
Felizmente, como isso é Gossip Girl, sabemos a resposta. E por sabermos a resposta, a rivalidade entre as duas já é bem definida ao longo do primeiro episódio de forma efetiva. Ponto para o reboot! Agora, o que pesa — e muito — contra a leva atualizada de episódios é o peso em pautas e questões sociais em que o produtor Joshua Safran e a sua equipe de roteiristas resolveram abordar.
O que era divertido na produção original era a celebração do ridículo e o escapismo. Isso é Gossip Girl. É a série que a Serena, ao mexer no seu celular e encontrar uma foto sua com a Blair, joga o aparelho no lixo ao invés de simplesmente deletar a foto (que saudade desse show de ridicularidade). O apelo de Gossip Girl sempre esteve nisso, e não em discussões sobre a diferença do salário entre professores de colégios públicos e particulares. Aliás, embora seja uma pauta excepcionalmente importante, especialmente no Brasil, o assunto acaba destoando em uma série de temática teen e fora da nossa realidade.
A proposta é se divertir com o ridículo e o cotidiano de (supostos) adolescentes de 16 anos que, aparentemente, já podem beber e sair até altas horas da noite — em plena noite da semana —, em um país onde a idade mínima legal é de 21 anos. Ah, falando em professores, aqui vai o indefensável sobre o reboot: adivinha quem é a Gossip Girl? Ou melhor, quem são as Gossip Girls? Isso mesmo, os professores da escola.
Mesmo assim, o reboot tem seus elementos legais: a rivalidade entre as irmãs é bacana, os personagens coadjuvantes são interessantes, e os elementos da vida dos ricos e famosos é divertido. Meu conselho é: fique pelo drama adolescente, e não pelos textões de Facebook. Xoxo, Gossip Girl está de volta.