Cena de Pinguim (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Pinguim (Reprodução)

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Pinguim tropeça ao preparar seu finale, mas ainda brilha em momentos íntimos

Excelentes atuações - e uma boa base dramática - seguram episódio mais fraco da série

Omelete
3 min de leitura
03.11.2024, às 23H00.

ATENÇÃO: Spoilers de Pinguim a seguir!

Na semana passada, Pinguim mostrou a sua potência como drama ao empurrar os personagens para a linha de largada do terceiro ato, posicionando cada um deles para um conflito final que só poderia expandir e confirmar os temas e históricos construídos pela equipe de roteiristas até aqui. Pois bem: “Top Hat”, penúltimo episódio da temporada, chegou para mostrar que esse jogo ainda não está tão ganho assim.

Escrito por Vladimir Cvetko, mais conhecido pelo trabalho na franquia Power, o capítulo abre com um flashback para a infância de Oz (Colin Farrell), elaborando na morte de seus irmãos e na marca definidora que ela deixou no garoto. Mas adicionar uma camada de culpa à construção do vilão, de certa forma, parece descentralizá-lo como personagem, aproximando a sua gênese da gênese de um sociopata sem considerar que Pinguim acabou de nos convencer de que Oz é, na verdade, um herói da classe trabalhadora. Nada contra um personagem multifacetado, mas aquela crueldade da infância não parece casar com a crueldade que já o vimos perpetuar na vida adulta.

Esse passo em falso do roteiro também parece desestabilizar o diretor Kevin Bray, que havia construído com tanta contundência e elegância uma linguagem mais limpa para essa reta final da série. Aqui, o cineasta que tem no currículo filmes de ação casca grossa, como Com as Próprias Mãos, só reaparece para fazer “Top Hat” brilhar em seus momentos mais brutais - seja com um corte oportuno para a consequência devastadora de uma explosão ou a decisão de segurar a câmera no rosto do protagonista durante um momento de catarse violenta, quando ele bate Sal Maroni (Clancy Brown) em combate, Bray faz as escolhas certas quando a série pisa no acelerador.

Uma pena, portanto, que os momentos mais fortes narrativamente do episódio aconteçam quando ele pisa no freio. Ficou para “Top Hat”, por exemplo, a responsabilidade de empurrar a história de Sofia (Cristin Milioti) para sua conclusão temática - e o texto de Cvetko se mostra preciso ao colocá-la diante de personagens que desafiam e afirmam os seus piores impulsos, que representam perpetuações e quebras com os padrões que a aprisionaram a vida toda. A retaliação de Sofia contra Oz faz sentido, mas o seu horror ao perceber que trancou a sobrinha Gia em uma instituição não muito diferente de Arkham faz mais ainda.

É na base desses momentos íntimos que Pinguim ainda segura a dignidade enquanto se encaminha para o último episódio - até porque o elenco segue construindo com esmero em cima de uma base dramática sólida. Milioti e Farrell acrescentam capítulos impactantes e motivações críveis aos seus supervilões em guerra, enquanto Deirdre O’Connell continua se mostrando o destaque da fase final de Pinguim com sua Francis Cobb que oscila com abandono entre o frágil e o afiado, o ressentido e o livre. Ela simboliza, mais do que qualquer outra coisa, o motivo da série ainda empolgar antes de seu capítulo final.

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