Hemlock Grove | Preview

O debute de Eli Roth (O Albergue) nas telinhas faz jus ao seu legado. O piloto de Hemlock Grove, a nova série original do Netflix, já introduz o quão bizarra, violenta e sangrenta sua história será. É possível ver que os diversos seres sobrenaturais a serem introduzidos ao longo dos 13 episódios que compõe a temporada de estreia trarão de volta o sentimento passado pelos filmes de terror antigos, pondo um fim à fofura predominante em lobisomens, vampiros e monstros atuais.

A trama é simples e mistura elementos de séries de investigação com o gore esperado do terror. No primeiro episódio, vemos Peter Rumancek (Landon Liboiron) chegando à cidade que batiza a série. Em pouco tempo de estadia, uma garota que frequenta a mesma escola que ele é brutalmente assassinada, deixando para trás uma trilha de evidências que apontam para um ataque animal.

Também nos é apresentada Olivia (Famke Janssen), a matriarca da família Godfrey, e seus filhos, Roman (Bill Skårsgard) e Shelley (Nicole Boivin). Fica claro que a família, uma das mais proeminentes de Hemlock Grove, é repleta de seres sobrenaturais, mas a série não deixa claro o que esperar deles. Em algum ponto são mencionados upirs, uma espécie de vampiro mais primitivo, mas fica por isso. Mais tarde descobrimos a origem de Shelley, a estranha gigante caçula da família. Ela é uma mutação genética fruto da White Tower, laboratório de biotecnologia dos Godfrey, traçando um paralelo com Frankenstein, de Mary Shelley.

A direção cinematográfica que Roth leva para as telinhas cabe bem no cenário, introduzindo planos detalhe em situações de imensa aflição, mas sempre fugindo do comum plano americano usado em séries feitas para a TV comum. A paleta de cor escolhida ajuda na ambientação, apontando que o iluminado e pastel trailer no pântano, que serve de lar para Peter e sua mãe, talvez seja mais seguro que a escura e claustrofóbica mansão dos Godfrey.

Com uma montagem picotada e desconexa, é compreensível que haja um estranhamento com o primeiro episódio. No entanto, se analisado o formato da série, é possível montar o quebra-cabeça e estabelecer o fluxo da trama. Pelo fato de ter seus 13 episódios divulgados de uma só vez, os roteiristas de Hemlock Grove puderam deixar de lado a necessidade de fidelização do espectador, que espera pelo gancho e pela ação logo de cara, e focar na diversificação de conteúdo. É visível uma evolução, após a introdução dos principais personagens, que acarretará em transformações impressionantes, poderes surpreendentes e reviravoltas novelísticas.

Hemlock Grove pode chocar os mais frágeis, mas é um prato cheio para aqueles que gostam da intensidade de Roth. Fica o aviso: dê uma chance à série que, apesar de começar de forma menos didática, pode se desenrolar para ser algo muito intricado e sadicamente divertido.