8 momentos de representatividade LGBTQI+ nas HQs

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8 momentos de representatividade LGBTQI+ nas HQs

De X-Men a V de Vingança e Mulher-Maravilha

25.06.2020, às 11H00.
Atualizada em 12.04.2021, ÀS 22H24

Personagens abertamente LGBTQI+ marcam presença nas histórias em quadrinhos desde o início da indústria, especialmente em tirinhas ou HQs independentes como a clássica Zap Comics. Porém, a representatividade em publicações mainstream ganhou um grande obstáculo na década de 1950 com a criação do Código dos Quadrinhos, uma série de regras estabelecidas com base no fraudulento estudo do psicólogo Fredric Wertham, que alertava para os “perigos” de temas abordados nas revistas. O resultado foi a proibição de monstros sobrenaturais, violência e homossexualidade nas histórias.

Com o passar dos anos, o Código foi perdendo força, o que possibilitou o retorno da diversidade aos quadrinhos em geral. No mês do orgulho LGBTQI+, o Omelete preparou uma lista com 8 momentos de representatividade das HQs:

V de Vingança

Divulgação/Vertigo

Em V de Vingança, a clássica HQ de Alan Moore e David Lloyd, uma guerra nuclear ocorrida na década de 1980 possibilitou a ascensão do partido totalitarista Chama Nórdica na Inglaterra. Replicando as práticas do regime Nazista, o grupo assumiu o controle perseguindo e reprimindo adversários políticos e minorias que eram vítimas de tortura e experimentos em campos de concentração. V, o protagonista do quadrinho, ficou preso em um desses locais, o que se tornou a grande inspiração para sua cruzada de destruir o regime ditatorial que tomava conta de seu país. Durante seu período confinado, o herói conheceu uma famosa atriz chamada Valerie Page, detida justamente por ser lésbica. Em um dos momentos mais emocionantes do quadrinho, Valerie conta sua história por uma carta que narra desde sua infância, passando pelo sucesso no cinema até os terríveis acontecimentos que a levaram à prisão. Além de apresentar a dor de uma minoria durante um governo fascista, a sequência de Valerie tem grande importância para a trama, pois marca o momento em que Evey entende os perigos da repressão e decide auxiliar V em sua Vingança.

Os Invisíveis

Divulgação/Vertigo

Em Os Invisíveis, HQ publicada pelo selo Vertigo em 1994, o grupo que dá nome à publicação busca libertar a humanidade e o planeta Terra dos domínios de seres de outras dimensões com terrorismo e magia. Entre os membros do time principal está Lord Fanny, uma mulher trans brasileira que é também herdeira de uma linhagem de bruxas de descendência mexicana. Para a obra, o roteirista Grant Morrison construiu a personagem com grande cuidado, discutindo problemas sociais que cercam a população transsexual no mundo real, como preconceito e violência, ao mesmo tempo em que desenvolvia seus poderes xamânicos com forte influência da mitologia asteca.

Apolo e Meia-Noite

Reprodução/DC Comics

Meia-Noite e Apolo são um casal de heróis originais, fortemente inspirados em Batman e Superman respectivamente, criados para a HQ Stormwatch durante a fase em que o quadrinista Warren Ellis escreveu a equipe. Embora sejam seres humanos, ambos passaram por melhorias que lhes deram superpoderes. Enquanto Apolo absorve energia do sol como combustível para habilidades como superforça, voo e visão de calor, Meia-Noite ganhou um fator de cura e precognição, sendo capaz de visualizar os resultados de uma batalha antes mesmo que ela comece. Embora sejam retratados como um casal desde sua primeira aparição, o par trocou alianças em 2002, na revista The Authority. Escrita por Mark Millar (Guerra Civil), esse se tornou o primeiro casamento LGBTQI+ em um quadrinho mainstream.

Hulkling e Wiccano (Jovens Vingadores)

Divulgação/Marvel Comics

Durante um momento em que os Vingadores estavam fragilizados após os eventos da saga A Queda, uma ameaça vinda do futuro gerou um novo grupo de novos heróis que decidiram combater o crime sob o título de Jovens Vingadores. Entre os integrantes estavam Hulkling e Wiccano, adolescentes superpoderosos que decidiram manter vivo o legado de seus heróis. Enquanto Teddy Altman se aproveitava de sua natureza metamorfa para se transformar em um monstro verde gigante inspirado pelo Hulk, Billy Kaplan utilizava de seus poderes mágicos para emular Thor, a ponto de utilizar a alcunha de “Asgardiano” no começo de sua carreira heróica. Desde sua criação, a dupla vive um romance que ficou subentendido até a sétima edição da revista, em que Billy e Ted discutem a possibilidade de se assumir heróis para seus pais. Na história, o pai e a mãe escutam apenas a parte de se “revelar” e se intrometem na conversa, afirmando que sempre souberam sobre o romance dos rapazes e se mostram completamente a favor do amor entre os dois. Desde então, a dupla ganhou cada vez mais espaço nos quadrinhos da Marvel e pode até mesmo estrelar uma série ao lado dos Novos Vingadores.

Uma nova Batwoman

Divulgação/DC Comics

Em 2006, a DC Comics decidiu introduzir uma nova Batwoman ao seu universo. Se distanciando da primeira personagem a usar esse nome na década de 1950, que não passava de um par romântico para o Batman, Kate Kane é uma das poucas integrantes da bat-família que não está subordinada ao Homem-Morcego, mantendo uma relação de igualdade com o herói. Filha de um ex-militar, a garota seguiu carreira no exército norte-americano até ser denunciada por ser lésbica. Por conta de uma política que proibia homossexuais declarados de assumir cargos militares (que existiu no mundo real até 2011), Kate foi dispensada do serviço. De volta a Gotham, ela reage a um assalto e acaba tropeçando no Batman, o que a inspira a seguir uma carreira de vigilante, se aproveitando de todo o conhecimento de estratégia e combate adquiridos no exército e do vasto equipamento balístico de seu pai.

O Casamento de Estrela Polar

Divulgação/Marvel Comics

Desde sua concepção na década de 1960 por Stan Lee e Jack Kirby, os X-Men sempre foram uma metáfora para a forma como minorias são tratadas por uma sociedade contaminada por preconceito e medo do desconhecido. Portanto, não foi surpresa que o primeiro super-herói abertamente gay das HQs norte-americanas aparecesse no título. Apresentado como integrante da Tropa Alfa, uma equipe mutante canadense, o herói foi concebido como homossexual desde o início de acordo com seu cocriador John Byrne, mas devido à pressão do Código dos Quadrinhos só pode se assumir oficialmente na década de 1990, em uma história que debatia os tabus da AIDS. Em 2012, o personagem também protagonizou o primeiro casamento gay da Marvel Comics, uma celebração que reuniu grande parte do elenco mutante e a família de seu noivo humano Kyle Jinadu.

A Bissexualidade da Mulher-Maravilha

Divulgação/DC Comics

A Mulher-Maravilha é nascida e criada em Themyscira, uma ilha paradisíaca habitada apenas por mulheres. Embora esse cenário crie uma alta probabilidade de que Diana tenha se relacionado com outras amazonas, o assunto foi abordado de forma quase subliminar por anos. A primeira confirmação aconteceu no quadrinho Mulher-Maravilha: Terra Um, que aborda o assunto de diversas formas e em uma delas a heroína chama a amazona Mala de “minha amante”. Entretanto, a bissexualidade da personagem se tornou parte do cânone durante a fase do Renascimento DC, em que a vida amorosa da heroína na Ilha Paraíso é tema de uma conversa entre outras guerreiras. Greg Rucka, roteirista responsável pela trama, afirmou que “ninguém na DC me disse ‘ela deve ser heterossexual’. Nunca".

DC Comics, Harry Potter e IDW se reúnem em uma carta de amor à comunidade LGBTQI+

Divulgação/IDW/DC Comics

Em 2016, um homem invadiu Pulse, uma casa LGBT+ em Orlando nos EUA, assassinando 49 pessoas e ferindo gravemente mais de 50. Com o intuito de levantar fundos para sobreviventes e familiares das vítimas do massacre, as editoras DC Comics e IDW se uniram para a criação de Amor é Amor, uma coletânea de histórias e artes que reuniu grandes quadrinistas como Grant Morrison, Brian Michael Bendis, Gail Simone e George Perez. As histórias são protagonizadas por personagens icônicos dos quadrinhos, que vão desde do grande elenco de super-heróis da DC, gays ou não, passando por Archie e The Spirit. Amor é Amor marcou também a estreia oficial de Harry Potter em uma HQ com uma arte do veterano Jim Lee. Descrito como uma carta de amor à comunidade LGBTQI+, a publicação foi premiada como Melhor Antologia no Prêmio Eisner de 2017 e quase um ano depois já havia arrecadado mais de US$ 216 milhões, que foram destinados também ao The Trevor Project, que visa a prevenção de suicídio entre a população homossexual dos EUA.

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