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Aqui Dentro e Lá Fora - Mitos Marvel e Daytripper

Novas origens aos heróis da Marvel e Moon e Bá mandando bem lá fora

15.09.2010, às 20H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

As colunas AQUI DENTRO e LÁ FORA se fundiram e ganharam uma periodicidade semanal, dando mais vazão para as coisas que saem no Brasil e manter você também atualizado sobre o que está acontecendo longe das nossas bancas.

Veja os destaques da semana:

AQUI DENTRO: MITOS MARVEL
por Rodrigo Montero

O QUÊ: Edição que fecha a coleção de especiais da Panini dedicada a alguns dos grandes nomes do Universo Marvel. Este volume reconta a origem dos personagens mais "cinematográficos" da editora.

QUEM: O escritor Paul Jenkins e o ilustrador Paolo Rivera.

POR QUÊ: A série Mitos Marvel lançada pela Panini Books teve cinco edições de luxo que mostraram minisséries especiais com alguns dos personagens de maior destaque da Casa das Idéias. Homem-Aranha: Com Grandes Poderes..., de David Lapham e Tony Harris recontou (novamente) a origem do herói aracnídeo; Capitão América: A Escolha, de David Morrel e Mitch Breitewiser, mostrou o Sentinela da Liberdade ajudando um soldado estadunidense no Afeganistão; Namor: As Profundezas traz uma interessante história do passado do Principe Submarino, por Peter Milligan e Esad Ribic; enquanto Magneto: Testamento, de Greg Pak, Camine Di Giandomenico e Matt Hollingsworth, mostra o jovem mestre do magnetismo antes de descobrir seus poderes, vivendo o inferno dos campos de concentração na segunda guerra mundial.

Mitos Marvel, ao contrário dos especiais anteriores, traz uma coleção de histórias independentes entre si em que Paul Jenkins dá a sua versão para as origens de X-Men, Quarteto Fantástico, Hulk, Motoqueiro Fantasma, Capitão América e Homem-Aranha.

Apesar de Jenkins ser um escritor acima da média, nessa coleção de especiais ele parece não ter se esforçado muito. Apesar de boas idéias aqui e ali, nenhuma das histórias se destaca. A origem do Quarteto Fantástico, por exemplo, se aproveita de diversas idéias usadas no primeiro filme do grupo; a história dos X-Men simplesmente troca o cenário dos anos 1960 para o começo do século 21. E, sinceramente, quem quer ver outra versão para a origem do Homem-Aranha?

De interessante mesmo apenas a história do Capitão América, que faz um apanhado da vida do herói desde sua origem até o que seriam os dias atuais, ignorando, claro, eventos recentes como sua morte e ressurreição.

ONDE E QUANTO: Nas bancas e lojas especializadas. O gibi tem 138 páginas ao preço de R$ 22,90

LÁ FORA: DAYTRIPPER #10
por Érico Assis

O QUÊ/QUEM: Minissérie na DC/Vertigo escrita e desenhada pelos gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá. É o primeiro trabalho autoral dos dois produzido diretamente para uma grande editora estadunidense.

POR QUÊ: A premissa de Daytripper não é algo sobre o qual se fala sem estragar a primeira surpresa da série. Nem a editora nem os autores revelaram o tema antes da publicação do primeiro número, criando um falatório apenas em torno do renome dos gêmeos. Além disso, a premissa só fica clara a partir da edição 2. Como é impossível fazer uma crítica sem tocar no argumento inicial, quem quiser preservar a surpresa, trate o resto do texto como spoiler.

É o seguinte: Brás de Oliva Domingos, o personagem principal da série, morre sempre ao fim de cada edição, e retorna na seguinte. O leitor geralmente o acompanha desde o início de um dia, que invariavelmente termina com sua morte.

Este dia pode ser de sua infância, de sua velhice, de sua adolescência; dos seus 20 e muitos anos, casado e escritor de obituários de um grande jornal paulistano, ou no dia do nascimento de seu filho. E são sempre dias de descobertas - sobre amor, sobre família, sobre amizade, sobre a vida. É aquela conhecida mensagem de que "qualquer dia pode ser o seu último", mas que fica mais clara através da fantasia.

Daytripper, claro, não se esgota nesta surpresa, nem nessa "moral da história". Sabendo a premissa, o interessante é ver a cada edição como eles vão chegar lá. E quando você entende a ideia, a grande expectativa fica na curiosidade de ver como será o desfecho final. Qual é, enfim, o arco de crescimento de um personagem que nunca se desenvolve?

Moon e Bá mais uma vez representam muito bem os quadrinhos brasileiros lá fora, confirmando o que nós e o mercado dos EUA já sabíamos: que os dois dominam tanto a arte quanto a narrativa visual. A grande novidade de Daytripper é ver os gêmeos escrevendo, construindo um trabalho totalmente autoral dentro de um mercado fechado como é o dos Estados Unidos. E mandando muito bem.

Se o mercado de lá já tinha aceito o "exotismo" dos desenhos dos gêmeos, agora é uma daquelas raras oportunidades em que se abrem também para o exotismo no texto. Difícil ver nos quadrinhos dos EUA uma premissa tão não-funcional, não-racional, não-lógica como esta, sobre um personagem que sempre morre. É a literatura fantástica de Gabriel García Márquez, Machado de Assis e outros abrindo caminho para as HQs numa das indústrias mais bairristas do planeta - e liderados pelos maiores nomes da HQ nacional no momento. Que outros criadores nacionais aproveitem esse momento, e logo.

ONDE/QUANTO: Cada edição de Daytripper custa US$ 2,99 (R$ 5,50). A última edição, a 10, sai em setembro. Já está prevista para fevereiro de 2011 a edição em capa dura com a série completa, com preço previsto de US$ 19,99 (R$ 43).

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