Morbius pode até ser conhecido como Vampiro Vivo nas HQs, mas segundo Jared Leto e Adria Arjona, que interpretam o protagonista e sua parceira Martine Bancroft, respectivamente, a adaptação cinematográfica da origem do vilão não mergulha tanto assim na mitologia tradicional destas criaturas. “Este filme é algo diferente, tem pouco a ver com esses vampiros”, disse o ator, se referindo a obras como Drácula de Bram Stoker e Nosferatu. “É uma obra única”.
“Diria que ele mostra um elemento diferente dessas criaturas, brincando com o conceito de O Médico e o Monstro e aquele conflito entre o bem e o mal em uma pessoa”, concordou a atriz. “É um embate interior que o Dr. Morbius enfrenta, enquanto a Martine atua mais como uma mediadora tentando guiá-lo para o seu lado bom”.
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De fato, tirando a sede de sangue que Morbius sente depois do seu experimento nada ortodoxo com morcegos, os demais elementos convencionais do universo dos vampiros aparecem mais como piadas. Por exemplo, quando ele é interrogado pela polícia, o agente Rodriguez (Al Madrigal) tenta garantir sua segurança colocando um frasco de água benta sobre a mesa. De forma análoga, quando Martine reencontra o protagonista, ela também o expõe ao sol para ver se ele tem alguma tolerância — e, arrisco dizer, conferir se ele não brilha igual Edward Cullen. Quando não é esse o caso, trata-se de um singelo easter egg. Basta observar o nome do navio onde Morbius conduz sua transformação: LCV Murnau. Este é um aceno ao diretor F.W. Murnau, que comandou Nosferatu em 1922.
Vale dizer, porém, que este distanciamento da mitologia não vem de um lugar de gosto, porque os dois atores são fãs de histórias de vampiros. “Eu adoro esses filmes. Realmente gostava dos livros da Anne Rice quando era mais novo. Eles sempre estimulavam a minha imaginação”, contou Leto. Já Arjona adora a série O Que Fazemos nas Sombras. “Caramba, você assiste também? É muito engraçada. Não acredito, eu estava pensando ‘talvez eu seja a única pessoa que assiste a essa série’”, disse na nossa entrevista.
Mesmo quem dá o tom da produção, o diretor Daniel Espinosa, não é discreto no seu apreço a essas histórias. “Minha geração cresceu com a Anne Rice. Na nossa adolescência, vivemos num mundo sem Deus. O socialismo não funcionou. O capitalismo claramente era algo meio catastrófico. Então o mito do vampiro sempre foi algo com o qual poderíamos nos identificar”, explicou durante nossa visita ao set, em maio de 2019. “Aquela figura solitária às margens da sociedade que cria sua própria moral, que foi algo que a gente teve que fazer porque não existia mais utopia”.
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Embora água benta, alho e estacas não sejam tão ameaçadoras assim, Morbius chega aos cinemas garantindo, sim, alguns banhos de sangue e lutas sombrias. Além de Leto e Arjona, o longa conta com Matt Smith, Jared Harris e Tyrese Gibson.
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