Jão durante show no Lollapalooza 2025 (Reprodução/Globoplay)

Créditos da imagem: Jão durante show no Lollapalooza 2025 (Reprodução/Globoplay)

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Como Jão virou o popstar brasileiro da geração? Show no Lolla ajuda a entender

Em versão "pocket" da sua Superturnê, cantor fez ato de equilibrismo pop

Omelete
3 min de leitura
28.03.2025, às 20H49.

O verniz de popstar que cobre Jão, a essa altura de sua carreira, é inegável. Se havia alguma dúvida de que ele pertencia a essa casta de artista, inclusive, os 12 meses de shows de estádio lotados da sua Superturnê (que aconteceu entre janeiro de 2024 e janeiro deste ano, começando e terminando em espetáculos lotadíssimos no Allianz Parque) as dissiparam. Ademais, com milhões de reproduções em todo tipo de plataforma de streaming, hits como "Idiota" e "Me Lambe" viraram habitué de certa estirpe de baladinha ou karaokê paulistano e marcaram Jão como figura rara de mobilização pop para uma juventude menos dada aos ritmos regionais que dominam as paradas brasileiras.

Pelo menos em parte, para a geração que abraçou Jão, abraçá-lo é também rejeitar essa regionalidade. E, ainda assim... ver o artista apresentando uma versão de "pocket" de sua Superturnê no Lollapalooza 2025, nesta sexta-feira (28), para um público gigantesco amontoado diante de um dos palcos secundários do evento, é entender que o cantor só alcançou essa posição se entregando a um ato de equilibrismo. Jão caminha sempre com cuidado na linha tênue entre a brasilidade e o estrangeirismo - e não é nem difícil identificar onde uma coisa entra e a outra sai no fluir do espetáculo do artista.

Sua banda, por exemplo, é brasilidade pura. Com uma sessão de sopros soltinha, que faz bagunças deliciosas no palco, uma bateria retumbante e uma guitarra dada a emular os ritmos do calipso, eles injetam as canções doídas de coração quebrado que Jão costuma escrever com um balanço que inexiste no repertório de um Troye Sivan ou uma Billie Eilish, para citar contemporâneos anglófonos do brasileiro. A primeira fatia do show do Lolla, guiada pelas intervenções dessa banda, mostra com penetrância como a guitarrada, o axé, o tecnobrega e até o (temido) sertanejo correm pelo subterrânceo das canções do repertório de Jão.

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Só que depois, é claro, ele vai para a balada. A virada é pontuada por um cover de "Linger", do The Cranberries, e também pelos primeiros dedos de prosa que o cantor troca com o público. "Hoje eu estou mesmo gostoso", provoca ele ao ouvir aquele grito familiar dos fãs mais fervorosos. Pelas canções seguintes, um som de sintetizadores encorpados vai tomando conta da performance, que também adquire rigidez teatral, com coreografias mais cronometradas e efeitos especiais impressionantes. De óculos escuros no breu das 19h30 do Autódromo de Interlagos, Jão se esparrama no chão do palco e troca carícias com dançarinos.

A languidez misteriosa do popstar queer contemporâneo é um ato impressionante, mas também é só um ato. Logo vem "Doce", e a guitarrada está de volta, emendando com "Meninos e Meninas", um rock n' roll sintetizado e suingado que cheira tanto a brasilidade quanto "Olhar 43", do RPM - outra canção que já simbolizou a "americanização" do pop brasileiro, mas que carrega uma safadeza barata, uma entrega hedonística, que só podia vir de um menino do Rio como Paulo Ricardo. Jão não é carioca (nasceu em Américo Brasiliense, interior profundo de São Paulo), mas tem um pouco de Paulo Ricardo para novos e melhores tempos.

Dizem que o pop é cíclico, afinal - porque seria diferente no Brasil?

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