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Lollapalooza Brasil 2013 | O segundo dia

Franz Ferdinand, Alabama Shakes e Queens of The Stone Age dominam dia de rock encerrado pelo The Black Keys

31.03.2013, às 14H34.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

O sol apareceu para os fãs de rock no segundo dia do Lollapalooza Brasil 2013. No último sábado (31/03), a arena do Jockey Club de São Paulo recebeu bandas que fizeram o público dançar, como Franz Ferdinand, grupos com uma pegada mais clássica, como Alabama Shakes e Queens of The Stone Age, além da principal atração da noite, o duo americano The Black Keys.

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A resposta do público no show do The Black Keys era impressionante já nas primeiras músicas, comprovando o nível de sucesso atingido com a sequência que abriu o show, "Howlin' for You", "Next Girl" e "Run Right Back". Parecia que a plateia cantava junto todas as músicas, levantando o questionamento: será que o Black Keys emplacou tantos hits assim, ou os discos são bons que ouvimos tudo sem pular uma única faixa? Ainda assim, alguns fatores contribuiam para esfriar a apresentação, como o som que estava muito baixo no palco Cidade Jardim.

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Além disso, há o fato de que Dan Auerbach e Patrick Carney são instrumentistas e, mesmo com uma banda de apoio, seu foco está mais na execução das músicas do que em agradar a plateia. É um tipo de diferente de performance, não de carisma (Auerbach faz o tipo de vocalista tímido), mas de competência musical ao vivo - e aí vemos que mesmo com todo seu status no cenário atual, a dupla de garage rock sujo de Ohio se mantém justamente assim.

O setlist combinou momentos mais agitados, com "Gold on The Ceiling", "Thickfreakness" e "Your Touch", com canções mais lentas, como "Little Black Submarines" e "Everlasting Light". Os maiores hits ficaram para o final, com "Tighten Up", que levou-os ao sucesso, e o single de El Camino (2011), "Lonely Boy", em que o público se entregou de verdade. "I Got Mine" encerrou o show, sem volta pro bis.

O pântano que assolou o centro da arena no primeiro dia foi parcialmente controlada pela organização. Areia, brita e o calor intenso ajudaram a secar algumas poças de lama que dificultaram o trânsito do público entre um palco e outro - caso contrário, devido ao maior número de pessoas, seria impossível andar cruzar todo o espaço em menos de 20 minutos. A fiscalização nos arredores, entrada e saída do festival aumentaram, havia mais orientadores e pessoas responsáveis por guiar as pessoas.

Apesar de não ter melhorado o sistema de limpeza - ainda faltam lixeiras em todos os cantos do Jockey - era possível notar um maior esforço da equipe responsável por esse serviço, que sempre estava cantando a sujeira espalhada no chão. Importante notar também que a redução da capacidade máxima foi uma escolha acertada do Lollapalooza; por mais cheio que estivesse o show do The Black Keys, por exemplo, era possível se movimentar e assisti-lo com certa tranquilidade, seja pelo telão ou perto do palco.

Queens of the Stone Age faz show de digno de headliner

*Por Aldo Queiroz

O Queens of the Stone Age se comportou como headliner da noite. Mesmo que tenha ficado no palco por pouco mais de uma hora, a banda de stoner rock fez um show explosivo e, como de costume, extremamente competente. Para não perder tempo, Josh Homme e seus comparsas emendaram dois hits: "Lost Art of Keeping a Secret", de Rated R (2000) e "No One Knows" - suficiente para já levar ao delírio o empolgado público presente no palco Cidade Jardim.

Saiba como foi o primeiro dia do Lollapalooza Brasil 2013

A grande surpresa da apresentação foi a estreia ao vivo de uma das músicas do novo álbum da banda, Like Clockwork. Com pancadas intermitentes e uma bela linha de vocal, a canção "My God is the Sun" deixou no ar um gosto e expectativa pelo novo disco, que sai em junho. Na estreia do baterista Jon Theodore (ex-Mars Volta), a banda mostrou a coesão e precisão de sempre, tanto no desempenho de todos os músicos quanto nos pesados timbres. O grupo se mostrou ligado até mesmo para cobrir alguns deslizes, como Josh Homme pulando uma linha da letra de "Go With the Flow". Homme foi um show à parte. Menos travado do que em 2010, quando se limitou a distribuir "obrigado" para a plateia, o líder da banda rasgou elogios ao público, fez pequenas menções quando a canção pedia (para anunciar a balada "Make it Wit Chu") e ainda foi escrachado: ao se apresentar, ele disse que era "o bêbado que dormia no sofá dos outros".

Além da inclusão da canção inédita, foram poucas as alterações em relação ao setlist do show de 2010, no finado SWU. Dessa vez, canções famosas como "3's & 7's" e "In My Head" deram lugar a outras menos conhecidas, como "Better Living Through Chemistry", por exemplo. O disco Songs for the Deaf, considerado por muitos o melhor banda, foi o mais representado, com cinco músicas -- duas delas, "First it Giveth"e "Hangin Tree", não foram tocadas em Itu. Encerrar o show sem bis e apenas com "Song For The Dead" ajudou a acentuar seu único problema: a curta duração. Havia músicas e empolgação do público suficiente para que o grupo fizesse a maior apresentação da noite. Ainda assim, o Queens of the Stone Age fez valer o tempo em palco, e o resultado foi a hora mais intensa do segundo dia de Lollapalooza.

Franz Ferdinand x Alabama Shakes e o Tomahawk

Como previsto, a hora da indecisão era 17h30, quando se apresentariam simultaneamente Franz Ferdinand e Alabama Shakes, no Palco Butantã e no Alternativo, respectivamente. Apesar de terem estilos completamente diferentes, ambos são exímios executores daquilo que propõem; os escoceses fizeram todos dançar sem parar, enquanto Brittany Howard e seus companheiros mostraram porquê são considerados a maior revelação do rock recente.

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A decisão do organização em colocar o Alabama Shakes no Palco Alternativo foi essencial. Mesmo com todo o hype que envolvia a vinda do grupo, eles ainda não teriam força suficiente para segurar um show nos palcos principais - apesar da incrível presença de Howard. A vocalista não só canta suas composições, como sente e interpreta cada frase que profere com sua voz única. A parcimônia com que seus companheiros tocavam os instrumentos constrastam com a agitação e o furor que ela recitava cada música - em dado momento, suas caras e bocas foram tantas que os óculos de grau caíram.

O repertório contou com as músicas do único disco, Boys & Girls. Nem todas eram conhecidas do público, mas a imponência da banda e o ritmo de alguns hits como "I Ain' The Same" e "Hold On" atraiam os curiosos que passavam pelo Alternativo a caminho do Palco Cidade Jardim. No fim das contas, o Alabama Shakes se mostrou uma banda digna da expectativa que carregava e com um futuro brilhante pela frente - não são muitos os grupos que conseguem tocar o público como Howard e Cia fizeram.

"No Your Girls" já soava nos autofalantes do palco Butantã enquanto o público ainda migrava em massa em direção ao outro extremo do Jóckey após o show do Two Door Cinema Club. Os escoceses do Franz Ferdinand não decepcionaram, tocando os vários hits de seu repertório e provando que se sustentariam como headliner da noite sem problemas. Alex Kapranos impressiona como frontman, equilibrando as funções de cantar e tocar guitarra sem deixar de dar atenção à plateia.

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Em 1h30 de show, não deixaram faltar nenhum sucesso de seus três álbuns - "The Dark of The Matinée", "Do You Want To", "Take Me Out", "Michael", "Ulysses" e "Walk Away" estão entre os destaques -, e ainda apresentaram algumas músicas novas, como "The Blackpool Illuminati", "Fresh Strawberries", "Evil Eye" e "Goodbye Lovers and Friends". Outro momento muito interessante foi a rápida passada pela dance music dos anos 1980, misturando o hit de Donna Summer "I Feel Love" com "Can't Stop Feeling", emendando em seguida um interlúdio musical de bateria coletiva, com todos os quatro integrantes tocando juntos. Muitos já tinham migrado para o palco Cidade Jardim para ver Queens of the Stone Age quando o show chegou ao fim com "This Fire", em um momento quase catártico para os que resistiram até ali.

O indie pop do Two Door Cinema Club, Mike Patton/ Tomahawk e a virtuose de A Perfect Circle e Gary Clark Jr.

Às 16h30, com o sol ainda castigando o público, o Two Door Cinema Club apresentaram seu indie rock no Palco Cidade Jardim. Sem dividir a atenção com ninguém, a banda reuniu quase todos os presentes no show em que demonstrou potencial para se tornar a próxima sensação do rock. Apesar de seus flertes com o indie, há muito mais pop nas canções do grupo da Irlanda do Norte. Os fanhos vocais de Alex Trimble, que mesmo com pouco tempo de sucesso já demonstra boa presença de palco, levantaram de forma inesperada a plateia. Entre as grandes bandas do dia, o Cinema Club foi a grande surpresa, pois com pouco mais de dois anos de carreira aglomerou uma quantidade significativa de fãs, que cantaram em alto e bom som sucessos como "Next Year" e "What You Want".

Longe do selo pop está a virtuose de Gary Clark Jr., guitarrista e cantor que se apresentou no Palco Alternativo. Durante uma hora de apresentação foi possível escutar perfeitamente a guitarra do artista que, por estar com um microfone baixo, sussurrava nos vocais. Longos e improvisados solos eram executados ao final de cada canção, levando ao delírio os apaixonados pelo choro da guitarra. As comparações com Jimi Hendrix podiam ser ouvidas em todos os cantos da plateia; não é para menos, o visual e até mesmo o repertório lembravam o ícone do blues. Além de seus sucessos "Blak and Blu" (que terminou com Satisfaction, do Rolling Stones) e "When My Train Pulls In", Clark tocou "Third Stone From The Sun".

O palco Butantã já estava animado durante a tarde, com o rock alternativo/experimental do super-grupo Tomahawk, liderado por Mike Patton, que iniciou o show com sua animação enérgica típica. Nos primeiros acordes da segunda música, "God Hates a Coward", a plateia já se animou, mas é quase impossível cantar junto com os vocais gritados de Patton. O mais interessante da apresentação era ver a intimidade do vocalista com a plateia brasileira, até falando muitas frases em português, já que quase todos os anos ele vem ao país com um dos seus muitos projetos, e há quase "piadas internas" entre Patton e seu público, como os gritos de "porra, caralho!", que viraram abertura de uma das músicas. O Tomahawk mostrou todo o poder de um super-grupo de veteranos, com um som impecável, misturando o rock alternativo com pitadas de hardcore e metal, em uma apresentação concisa e muito competente, com certeza nenhum fã saiu dali decepcionado.

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Tão contemplativo quanto o show de Gary Clark foi a apresentação do A Perfect Circle, superbanda de Maynard James Keenan, do Tool. O grupo subiu no Butantã às 20 horas e encontrou pouquíssimas pessoas na plateia - de todas as grandes apresentações essa foi a mais vazia, o público preferiu ficar assistindo o brasileiro Criolo. Os fãs que estavam no Lollapalooza com a intenção de assistir Keenan e seus companheiros saiu satisfeito, pois era possível chegar na beira do palco com certa facilidade e a banda esbanjou virtuose, seja nas guitarras, no baixo ou no teclado.

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