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Séries e TV

Artigo

Crônica: O Fim de Lost

Episódio final não trouxe respostas, mas será que era isso o que os fãs precisavam?

24.05.2010, às 06H35.
Atualizada em 23.05.2020, ÀS 15H23

Quando, no meio da primeira temporada de Lost, cada vez mais e mais as pessoas começavam a se perguntar o que era a ilha, poucos se deram conta que já estavam vivendo em um mundo paralelo. Um mundo em que não existia mais o aqui e o agora. Lost não foi apenas um marco na história da TV, foi ao mesmo tempo um fruto e um ponto de mudança da sociedade como a conhecíamos até então. O que era para ser visto apenas por quem morava nos Estados Unidos, em poucas horas estava espalhado pelo mundo, em computadores pessoais, em um site wiki, em paródias, em blogs que discutiam de forma séria ou faziam músicas homenageando o episódio da semana. Tudo bem, ela não foi a primeira a ter este tratamento, mas certamente foi a que o popularizou essa mobilização toda em torno de um assunto.

O último episódio, que foi apropriadamente chamado pelo próprio canal de "o evento da década", envolveu uma nação de fãs e curiosos. Teve gente que não dormiu a noite toda esperando um download. Houve ainda os que viajaram para acompanhar ao vivo ou apenas clicaram em algum dos inúmeros links para assistir a tudo em uma pequena janela sem qualidade de um streaming qualquer. Não importava a forma, mas sim o imediatismo, a urgência pela informação. Afinal, foram seis anos acompanhando Jack, Sawyer, Hurley, Locke, Sayid, Kate, Charlie, Claire, Jin, Sun, Michael, Walt, Boone, Shanon, Ana Lucia, Liby, Ben, Desmond, Juliet, Penny, Miles, Vincent, Richard, Faraday, Lapidus, Widmore, Mr. Ecko, Rose, Bernard, Danielle Rousseau, Naomi, Keamy, Dr. Chang, Paulo, Nikki e tantos outros.

Alguns personagens ganharam o público logo de cara. Outros foram mudando e crescendo a cada episódio, a cada temporada. Outros simplesmente foram mortos deixando os fãs perplexos ou emocionados (Quem não chorou ao ler "Not Penny's Boat"
na mão de Charlie que afunde o primeiro submarino). Alguns episódios foram pura enrolação, enquanto outros já entraram para a história da TV ("The Constant"). E assim foi caminhando a série o dia 23 de maio de 2010. Data que parecia distante lá em 2007, quando foi anunciado que Lost acabaria na sua sexta temporada.

As questões eram muitas. O que são os números? O que é a ilha? Por que Desmond não era afetado pelo magnetismo? Quem são Jacob e o homem de preto? E os caras que falavam português? Qual a explicação para aquela estátua gigante de quatro dedos? Cadê o Walt? Por que a rivalidade entre Ben e Widmore? E mesmo hoje, as questões ainda são muitas! Só não são mais numerosas do que as hipóteses.

Muita gente - eu inclusive - esperava que este último ano viesse cheio de respostas, o que nunca aconteceu, causando frustrações generalizadas. Mas agora vale a pena parar e pensar. Por que foi que gastamos tantas horas das nossas vidas vendo Lost? Foi por causa das respostas ou das perguntas? Será que seria realmente melhor saber o significado de tudo? Não seria incoerente com toda a mítica da série responder a tudo? Eu acho que sim. E vou além para rebater outra crítica: precisava de tanta cena emotiva? Sim, até porque a emoção está em quem está assistindo. Se aquela lagrimazinha escorreu ao ver casais se reunindo mais uma vez, foi apenas porque você aprendeu a gostar daqueles personagens. A trilha sonora, mais uma vez, só preparou o terreno.

Perguntas e respostas à parte, não é aqui e agora que você vai ler a verdade absoluta sobre o final da série. Até porque ainda há dúvidas se ela realmente acabou. Não acredita? Veja por si mesmo quanta gente ainda discutindo sobre ela. Isso é fim? Ou será que é vida após a morte?

*Texto publicado originalmente em 24 de maio de 2010

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