Após encerrar o Arco do Treinamento Hashira com uma épica batalha entre o grande vilão Muzan e os caçadores de oni, Demon Slayer parte para o Arco da Dimensão Infinita com todos os seus principais personagens já no misterioso local, onde lutarão por suas vidas e pelo futuro da humanidade. Como já era esperado pelos fãs mais antenados do anime, a franquia será encerrada com uma trilogia de filmes, ainda sem data - mas será que essa é a melhor escolha?
Quando o assunto é dinheiro, um longa-metragem de Demon Slayer pode ser a melhor opção; afinal, a franquia já rendeu mais de meio bilhão de dólares nos cinemas. Ainda assim, como não é nenhum segredo, bilheteria não é, necessariamente, sinônimo de qualidade e o estúdio Ufotable já cometeu muitos deslizes em filmes anteriores. Sendo assim, encerrar uma franquia tão querida com filmes mal montados, talvez não seja o melhor caminho, especialmente se o objetivo for lucrar com os três filmes.
Com uma rara exceção no longa Para o Treinamento Hashira, os dois filmes anteriores não fazem nada mais do que colar os episódios do anime uns aos outros e chamar de filme - e muitas vezes no sentido literal, sem nem mesmo tirar os créditos de encerramento. Sem dúvidas, para os fãs do anime, ver os episódios no cinema e curtir a catarse coletiva será empolgante e motivo suficiente para levá-los a comprar um ingresso. Mas e fora da bolha?
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O Marvel Studios já nos ensinou que a receita para lucrar com um filme é fomentar seu hype até que título fure a bolha e crie uma falsa demanda que, por sua vez, atiça até mesmo aqueles que sequer conhecem os personagens em questão. Claro, ninguém espera que os filmes do Ufotable tenham a mesma bilheteria ou marketing da Marvel, mas essa pode ser a solução, mesmo em menor escala.
Entretanto, para que isso funcione para além da primeira semana em cartaz, é preciso ter um boca a boca positivo, que nasce organicamente a depender da qualidade do filme. Ou seja, para dar lucro como fez Mugen Train, a trilogia do Arco da Dimensão Infinita terá que ser boa além do hype e da própria bolha otaku.
A saída mais rápida para isso é investir verdadeiramente na direção cinematográfica dos filmes. Ir além do café com leite de animar as lutas com um monte de sakuga. A complexidade precisa estar presente em todas as cenas dos filmes, desde os flashbacks dramáticos até as batalhas mais ferozes. Afinal, são esses dois elementos que darão sentido a cada momento do próximo arco.
Apesar de ser uma obra considerada essencialmente genérica, Demon Slayer provou seu valor com personagens cativantes e batalhas de tirar o fôlego. Os erros dos filmes anteriores podem ser facilmente superados, e mesmo que os longas sejam inevitavelmente transformados em um anime seriado, não há motivos para não investir nisso. Agora chegou o momento da franquia mostrar que pode ir muito além e ampliar seus objetivos, apostando no desenvolvimento e no peso de suas histórias.