Kaiju No. 8 se debruça no clichê sem medo e sem pudor em seu primeiro ano

Créditos da imagem: Crunchyroll/Reprodução

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Kaiju No. 8 se debruça no clichê sem medo e sem pudor em seu primeiro ano

Anime encontra seu caminho em fórmula batida, mas efetiva

Omelete
3 min de leitura
02.07.2024, às 18H31.
Atualizada em 05.08.2024, ÀS 08H51

Um dos principais títulos de sua época, Kaiju No.8 encerra sua primeira temporada estabelecendo a obra do mangaká Naoya Matsumoto como um dos títulos mais chamativos da temporada de primavera de 2024. O mangá segue o protagonista Kafka Ribino, um homem comum de 30 anos que ganha superpoderes após se fundir misteriosamente com um kaiju. A trama simples conquistou o público otaku mesmo sem apresentar novidades ao gênero de animes de ação. Porém, isso está longe de ser um problema.

Como em qualquer mangá shonen, é difícil citar títulos que fogem do padrão já estabelecido na cultura pop japonesa: um jovem conquista um superpoder que o transforma na principal esperança para vencer o vilão da vez. Mesmo quando a premissa não segue, necessariamente, essa fórmula, a evolução da história acaba colocando o protagonista em uma posição privilegiada. Com isso, Kaiju No.8 se distancia do estereótipo ao introduzir Kafka, um herói adulto cujas características se assemelham mais aos otakus veteranos do que aos mais jovens.

As diferenças entre a obra e outros shonens clássicos param por aí. Após apresentar a realidade de Kafka e sua transformação em "monstro", o anime segue à risca o roteiro de obras semelhantes. Aliados são apresentados, a motivação por uma promessa do passado toma forma, personagens secundários surgem para causar um misto de raiva e amor em parte dos fãs e, claro, há muitas das famigeradas "lutinhas" entre os heróis da humanidade e as criaturas gigantes.

Nem mesmo a relação entre Kafka e seu “poder” traz qualquer refresco ao gênero de animes de ação. Entre outros fenômenos mais recentes, os protagonistas Denji, de Chainsaw Man, e Yuji, de Jujutsu Kaisen, também reproduzem a fórmula do shonen e ganham grandes poderes ao se fundir com entidades inumanas. Um exemplo ainda mais clássico, Naruto traz seu protagonista tendo como principal fonte de poder a Raposa de Nove Caudas, criatura selada em seu interior quando ele ainda era recém-nascido. Graças a esse "azar", os personagens conseguem força para enfrentar novas ameaças.

No caso de Kaiju No.8, esse clichê não desabona sua história bem construída. O anime trabalha todos os seus elementos de forma extremamente competente, com a qualidade de seu humor tornando Kafka um protagonista extremamente carismático.

No elenco secundário, o time de coadjuvantes do esquadrão, encabeçado por Reno Ichikawa, vai ganhando destaque gradualmente e se mostra tão interessante quanto o personagem principal. Kaiju No.8 também se beneficia da ótima animação conduzida pelo estúdio Production I.G. e pelos diretores Shigeyuki Miya e Tomomi Kamiya, com cenas de transformação de Kafka e batalhas contra kaijus se tornando o ápice do anime no tema sakuga.

Ser clichê não é demérito caso as fórmulas utilizadas sejam bem trabalhadas. Para ficar em um exemplo, a comunidade otaku está cheia de fãs de Naruto acusando Jujutsu Kaisen de copiar descaradamente várias propostas do mangá de Masashi Kishimoto - sim, estamos olhando para vocês, Kakashi e Satoro Goju. Mas se ambos os animes são capazes de cativar milhões de fãs pelo mundo, qual é o problema? Seja muito bem-vindo à discussão, Kaiju No.8!

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