Quando o segundo episódio de The Beginning After the End estreou, os fãs ficaram revoltados com a qualidade apresentada. As cenas de luta, nas quais os personagens de apoio da família do protagonista seriam apresentados, foram substituídas por imagens estáticas e sem qualquer movimento, o que deixou os admiradores da obra extremamente descontentes. Anunciado como um novo anime promissor do gênero Solo Leveling, a qualidade questionável do segundo episódio colocou em xeque o potencial da produção para a temporada de primavera japonesa.
Quando o episódio foi ao ar, não demorou muito para as polêmicas tomarem conta das redes sociais. Uma petição online foi aberta pedindo a refação do anime, e o próprio criador da obra, TurtleMe, veio a público defender a produção e pedir apoio dos fãs de sua novel, que agora atacavam a adaptação. No entanto, vale a reflexão: a animação de The Beginning After the End realmente está tão ruim, ou melhor dizendo, abaixo da média?
Para chegar a essa conclusão, imagino que os fãs da obra tenham comparado o anime aos principais títulos do ano, incluindo o próprio Solo Leveling já citado neste texto, mas também a outras grandes adaptações de ponta — os chamados eles, no entanto. Vale ressaltar que, em temporadas tão recheadas de novas produções, nem todas receberão o mesmo cuidado e, menos ainda, o mesmo orçamento. Ou seja, em algum momento, produções queridas podem ter o azar de esbarrar em um orçamento fraco, um cronograma corrido e uma equipe extremamente reduzida. Ainda assim, mesmo com tantos possíveis obstáculos, não é justo julgar a animação de The Beginning After the End como sendo a pior já vista e atacá-lo não vai trazer nada de bom.
No momento em que este texto é escrito, a petição para a refação do anime já ultrapassa 50 mil assinaturas. Em uma internet onde o caos e o meme são a prioridade, não é difícil imaginar que boa parte desses ditos “revoltados” talvez sequer tenham visto a obra, sendo somente pessoas aproveitando a onda. Entretanto, os pontos reforçados tanto na petição quanto nas redes sociais não são fortes o bastante para justificar a refação do anime. Afinal de contas, já tivemos exemplos semelhantes em grandes obras, como o fenômeno Attack on Titan. Nas primeiras temporadas do anime, cenas como as criticadas pelos fãs eram vistas em diversos episódios e, nem por isso, o anime deixou de ser o fenômeno que foi, atravessando toda uma geração e entrando em um seleto panteão de adaptações animadas.
As críticas perdem força já no episódio em questão. Na estreia da obra, vemos uma adaptação básica em 2D eficiente e um cenário que não desaponta. O segundo episódio segue a mesma linha, só que decide economizar tempo de produção com cenas que realmente não fariam diferença no desenvolvimento da obra, como uma batalha contra lobos selvagens ou um rápido confronto contra ladrões. Porém, o terceiro episódio já muda este cenário, com uma animação mais fluida, cores vibrantes e movimentos suaves, sem qualquer repetição de imagens congeladas. Para um anime que acabou de começar, é preciso ter paciência. E é isso o que The Beginning After the End exige.
É cedo para cravar se o anime será bom ou não. Entretanto, é ainda mais cedo para atirar pedras e pedir que o trabalho de toda uma equipe seja descartado e refeito apenas porque determinada cena não agradou aos fãs ou porque ele não estreou como mais uma animação recheada de sakuga nas temporadas. O amor pelos animes não nasceu com sakuga e nem vai morrer com ele. A animação é somente um dos elementos que tornam uma obra boa ou não, e por enquanto não há motivos para participar de qualquer linchamento ou cancelamento virtual contra The Beginning After the End. Doa a quem doer, o anime merece uma segunda chance.
A primeira temporada de The Beggining After The End está em exibição na Crunchyroll, com novos episódios saindo semanalmente.
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