Como Falcão e o Soldado Invernal devolve a Zemo seu título das HQs

Créditos da imagem: Divulgação/Disney+

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Como Falcão e o Soldado Invernal devolve a Zemo seu título das HQs

Diferentemente do que aconteceu desde sua introdução no MCU, vilão de Daniel Brühl finalmente faz homenagem ao material-base

02.04.2021, às 15H55.

[Cuidado com spoilers do terceiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal]

Em 2016 os fãs da Marvel encheram os cinemas para conferir Capitão América: Guerra Civil, filme que colocou heróis em conflito e de quebra apresentou personagens queridos, como Homem-Aranha e Pantera Negra. Com tantas figuras emblemáticas em tela, é surpreendente que um dos destaques do longa tenha sido Zemo, vilão interpretado por Daniel Brühl, que foi fundamental para dividir Vingadores em lados opostos de uma batalha em que ninguém venceu. Anos depois, o personagem retorna em Falcão e o Soldado Invernal para finalmente se aproximar de sua contraparte nas HQs, sem apagar a diferente personalidade criada no MCU (Universo Cinematográfico Marvel).

Mesmo cumprindo bem o papel vilão, o Helmut Zemo dos cinemas causou certo descontentamento em parte dos fãs por ser drasticamente diferente nos quadrinhos. Essa decisão já havia sido antecipada pelo ator Daniel Brühl, que antes mesmo da estreia avisou que sua versão seria “vagamente ligada” ao original. O novo Zemo seria um reflexo de temas atuais. Ainda que pareça uma desculpa, a justificativa faz bastante sentido, considerando como a Marvel se esforçou para afastar seus vilões dos cinemas do nazismo.

Nas HQs, a nobre família Zemo tem um histórico de criar problemas para o Capitão América e seu parceiro Bucky em nome do regime comandado por Adolf Hitler. Durante a Segunda Guerra Mundial, Heinrich Zemo, o “Barão Zemo original”, foi responsável pela armadilha que causou o desaparecimento do jovem Barnes - que, por sua vez, desencadeou toda uma vida de lavagem cerebral e traumas para o futuro Soldado Invernal. Após a morte de seu pai, Helmut se tornou o Barão Zemo e seguiu em busca de vingança contra o Capitão, firmando-se como um dos grandes vilões do herói.

Capa da HQ do Capitão América com Barão Zemo
Divulgação/Marvel

Quando o Steve Rogers fez sua estreia no MCU em O Primeiro Vingador, o Marvel Studios fez questão de cortar os nazistas logo de cara. Ambientado na Segunda Guerra, o longa mostra o vilão Caveira Vermelha dizendo com todas as letras que ele e sua organização Hidra estavam deixando o Partido Nazista. Essa ruptura serviu para distanciar esse universo fictício de um repulsivo grupo responsável por grandes monstruosidades na vida real, e não seria com o Zemo que eles iriam se reaproximar.

Como Brühl adiantou, a jornada do personagem em Guerra Civil estava muito mais ligada a problemas contemporâneos, como intervencionismo e terrorismo. Ao culpar os Vingadores pela morte de sua família, Zemo adota como discurso a crítica que os Estados Unidos recebem por seu intervencionismo no mundo real - especialmente se considerarmos que Ultron foi resultado do trabalho de Tony Stark e Bruce Banner. Sua resposta a esta postura? Dividir os heróis em um plano que começa com um ataque terrorista, outro problema enfrentado pelo país nos últimos tempos.

Embora essa atualização tenha feito bem ao personagem, por outro lado ela deixou um pouco a desejar por praticamente se afastar de todas as características que tornaram ele um dos mais lembrados vilões do Capitão América nas HQs. Se é para remodelar o personagem quase do zero, por que não criar logo um novo? A resposta levou alguns anos, mas finalmente chegou em Falcão e o Soldado Invernal, que encontrou um meio-termo entre a novidade e o clássico.

Falcão, Soldado Invernal e Zemo em cena da série
Divulgação/Disney+

“Eu sou um Barão, Sam”

Lançado nesta sexta-feira (2), o terceiro episódio da temporada se dedicou a aprofundar a figura de Zemo. De primeira, é possível perceber isso no resgate de sua famosa máscara roxa, na sua origem abastada e, principalmente, na revelação do título de Barão. Mas a aproximação de sua versão nos quadrinhos está também nos detalhes, como o talento para a manipulação, os contatos no paraíso criminoso de Madripoor, e em seu fascínio por poder - a leitura de Maquiavel na prisão é a cereja do bolo para a criação de um personagem conhecido por sua megalomania.

Além de agradar os que se decepcionaram em 2016, esses momentos desenvolvem a personalidade do vilão adicionando camadas ao Barão Zemo já estabelecido neste universo. Ele ainda é um homem ressentido em busca de vingança contra seres super-poderosos e os que lhes dão poderes. Mas, agora, tem novas possibilidades no seu horizonte.

Estabelecer a família Zemo como figura importante para o país de Sokovia abre as portas para que a jornada do personagem seja focada em restabelecer seu país, especialmente porque Helmut já se mostrou irritado com sua dissolução. Talvez essa cruzada o leve a voltar ao terrorismo, ferramenta que já aparece em Falcão e o Soldado Invernal com os Apátridas.

Esse encontro honraria também uma tradição do Barão Zemo que, nas HQs, é líder do grupo de vilões Mestres do Terror. Quem sabe a busca por vingança não faça com que Helmut abandone seu ódio por Super Soldados e acabe firmando uma aliança em que os Apátridas se tornem seu exército particular? Só os próximos episódios dirão, mas a mera possibilidade já mostra como a Marvel acertou ao adicionar aspectos clássicos a um personagem repaginado para os novos tempos.

Falcão e o Soldado Invernal tem novos episódios disponibilizados toda sexta-feira no Disney+.

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