Daniel Brühl não é um novato nos cinemas. Muito menos um desconhecido em Hollywood. Desde que despontou em Adeus, Lenin (2003), ele não parou de fazer filmes e séries. A mais recente é Falcão e Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier), da Disney+, em que ele volta a interpretar o Barão Zemo, personagem que ele ajudou a adaptar dos quadrinhos para as telas em Capitão América: Guerra Civil (2016).
Nascido em Barcelona, na Espanha, filho de pai paulistano e mãe Espanhola, ele disse na entrevista exclusiva ao Omelete que conhece o Brasil, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, e espera voltar para conhecer mais do país. "Ainda tem tantos outros lugares que eu gostaria de conhecer. É um país gigante. Tenho este laço, pelo meu pai ter nascido aí. [...] Digamos que existe uma curiosidade pelo país e pela cultura, que eu adoro", comentou Brühl. Mas quando perguntei se ele teria coragem de continuar o bate-papo em português, suas raízes espanholas falaram mais alto. Em espanhol, ele respondeu aos risos: "Não! Não! (risos) Em castelhano eu até conseguiria, mas português não rola."
Voltamos então à língua padrão de Hollywood, o inglês, que ele domina tão bem quanto o espanhol, francês e alemão. Aliás, foi na Alemanha que ele iniciou sua carreira de ator, primeiro em comerciais e papéis menores, até que veio o já citado Adeus, Lenin. "Este filme foi meio que o meu início. Olhando para as fotos deste filme, eu era quase uma criança. Acho que tinha uns 20 anos. Foi uma momento de mudança muito grande para mim e minha carreira", relembra.
Depois disso, Brühl continuou rodando a Europa, em produções como Os Edukadores (2004), Feliz Natal (2005) e 2 Dias em Paris (2007), até que Quentin Tarantino o chamou para fazer um papel em Bastardos Inglórios (2009). Seu próximo grande filme em Hollywood foi Rush (2013), em que ele fez o piloto de Fórmula 1 austríaco Niki Lauda - atuando ao lado de Chris Hemsworth. O papel rendeu a ele sua primeira indicação ao Globo de Ouro no ano seguinte - a segunda indicação ao prêmio veio pela série O Alienista (2018). Mas após mostrar ao Deus do Trovão que era digno, Brühl foi chamado pelos Irmãos Russo para ser o Barão Zemo - grande vilão de Guerra Civil, filme que dividiu os Vingadores em dois grupos, um liderado por Tony Stark (Robert Downey Jr.) e o outro comandando pelo Capitão América (Chris Evans).
Voltar ao papel agora é uma oportunidade que ele diz estar adorando, pois não está repetindo o que fez, mas evoluindo o personagem. "Por mais que eu adore o meu papel fundamental em Guerra Civil, você via ali um cara sério e traumatizado, mas muitas outras camadas do Zemo não apareciam ali, porque não tínhamos tempo. Agora, na série, você consegue ver que ele é um barão de verdade. Você consegue ver este seu lado aristocrático, meio charmoso e elegante, além do senso de humor. E tem também o visual que vem dos quadrinhos, que eu estava morrendo de vontade de experimentar, com a máscara e o casaco", disse o ator com um brilho nos olhos.
A máscara, aliás, era algo que os fãs de quadrinhos conheciam muito bem e estavam sentindo falta. O próprio ator lembra de pegar uns gibis antigos em que o Zemo aparecia e do tanto que ele sempre parecia "cool" com aquela máscara e casacão. A primeira vez que ele viu a máscara pessoalmente foi cheia de emoção, não só para ele, mas também para a diretora Kari Skogland, que viajou pessoalmente até Budapeste carregando o objeto em uma mala de mão cheia de zíperes e segredos. "Eu me senti como se tivesse 12 anos. Quando Kari chegou no meu apartamento, ela abriu a mala e lá estava a máscara. Ela era maravilhosa. Eu nunca tinha usado uma máscara em nada que tinha feito. E foi legal ver que o personagem do MCU estava chegando mais perto do personagem dos quadrinhos. Eu estava muito empolgado de finalmente usar isso", recorda o ator.
Mas além da máscara, outra coisa chamou a atenção do público no episódio 3 da série Falcão e Soldado Invernal. Em uma festa no submundo de Madripoor, Zemo aparece dançando no meio da galera, todo pimpão. A cena não tem mais do que 5 segundos, mas virou meme na hora. Perguntei ao Daniel se aqueles movimentos eram os que ele usa normalmente quando está dançando ou algo que criou especificamente para o Zemo e entre risos e uma mistura de vergonha e orgulho ele disse que foi tudo improvisado. "Não estava no roteiro. E é isso que eu adoro de trabalhar com pessoas maravilhosas como Kari e os produtores: eles deixaram que eu me jogasse e fizesse ali algumas apostas. Vamos lembrar que esse cara ficou trancafiado numa prisão por alguns anos e precisava se soltar. O que a gente vê ali é Zemo dançando. São movimentos dele."
Mas Daniel confessou que adora dançar, o que nem sempre é bem visto pelos seus amigos, quando eles podiam sair à noite: "Meus amigos morrem de vergonha quando o meu lado espanhol fala mais alto e rola uma dança meio toureiro, meio flamenco. (risos) Eu entendo porque eles ficam com vergonha, mas mesmo assim eu vou lá e faço, descendo até o chão e tudo mais. Se for preciso, eu também sei ser mais sutil e sofisticado, mas eu adoro estar numa pista completamente solto, sabe? Hoje em dia, então, eu estou sentindo muita falta disso! Fico até meio nostálgico quando me vejo num club dançando rodeado de outras pessoas. E ainda ver a reação do Sam e o do Buck a tudo isso (risos)."
Antes de me despedir, resolvi elogiar e fazer uma brincadeira, dizendo que Zemo está roubando tanto as cenas que no final da série, vamos ver que o título do show mudou para "Zemo, Falcão e o Soldado Invernal". Meio sem jeito, ele tentou desconversar: "Não, cara! (risos) Esta série foi criada e está totalmente nos ombros do Sam e Bucky. Mas o legal é que você consegue brilhar se você está rodeado das melhores pessoas. É por causa desta ótima química que eu tive com estes dois que fui convidado para este mundo não só por eles, mas pela Kari e Kevin Feige, e chegar bem solto, compartilhando ideias, sem nenhum tipo de receio, sabe? É isso que é maravilhoso. É mesmo super divertido, sabe?"
Sei bem! Dá para ver o tanto que você está se divertindo, Daniel! Continue assim.
Agora, aqui vai um bônus para quem chegou até o final deste artigo: a entrevista foi feita por videoconferência, mas infelizmente não recebemos o vídeo, apenas o áudio do bate-papo e você não pôde ver aqui a alegria do ator em compartilhar essas histórias. Nem seu belo bigode, de dar inveja a muito barão por aí.