O sinal amarelo havia subido em Homem-Aranha: De Volta ao Lar, quando descobrimos - por meio do plano do Abutre de roubar tralhas chitauri - que Tony Stark colocou a sua torre à venda em Nova York. No Universo Marvel dos quadrinhos, dois arranha-céus se destacam na paisagem de Manhattan, a Torre Stark e o Edifício Baxter, casa do Quarteto Fantástico. No cinema, se a torre de Tony Stark não é mais do Homem de Ferro nem dos Vingadores, quem ocuparia o endereço senão a família Richards?
Essa bola ficou pingando no MCU durante um tempo, depois Tony Stark morreu, Pepper Potts segue gerenciando o legado do milionário, e o destino do edifício permaneceu suspenso. Até que os primeiros trailers de Homem-Aranha: Longe de Casa mostravam o super-herói se balançando com suas teias diante da Grand Central Station de Manhattan e de um megaedifício em obras. Na imagem dava para depreender que a Torre Stark estava passando por uma renovação, mas, dentre os vários trechos dos trailers que não estão no filme finalizado, esse plano do edifício interditado acabou ficando de fora. No lugar, o que temos no longa é um arranha-céu completo, diferente - e que só pode ser o Edifício Baxter!
A cena em questão acontece no fim do filme, quando Peter Parker já retomou sua rotina na cidade e ele se balança entre os prédios de Manhattan (um deles inclusive lembra bastante o terraço da penthouse de Norman Osborn no East Side, que apareceu na trilogia de Sam Raimi), tirando selfies todo contente. Ele termina seu passeio atravessando um edifício modernoso que não existe na Manhattan real, com um vão livre todo ajardinado e cheio de pessoas, e aterrisando na rua, ao lado da Grand Central e diante de uma placa de rua que indica "Rua 41". Nos quadrinhos, o endereço do Edifício Baxter é a rua 42, no mesmo local onde o Aranha aterrissa no filme...
Se os elementos visuais não fossem indícios suficientes da entrada do Quarteto Fantástico no MCU (a atenção dada à placa de rua, o cuidado de caracterizar o edifício como uma obra futurista e bem distinta da Torre Stark), vem em seguida a mensagem escrita: "mal podemos esperar para contar o que vem a seguir", diz uma frase pintada em uma cerca na Rua 41 logo atrás de Peter, como se fossem tapumes de uma obra da prefeitura. Além da frase aparecem os números 1, 2 e 3, acompanhados de uma interrogação onde apareceria o número 4. O plano se demora ali por tempo suficiente para o espectador reparar na placa da rua e na frase na cerca.
Evidentemente, esse número 4 pode se referir à vindoura Fase 4 do MCU, mas nada impede que seja, ao mesmo tempo, uma óbvia referência ao Quarteto Fantástico. Como o final de Longe de Casa está cheio de surpresas em relação ao futuro do Aranha (a entrada de J.J. Jameson, o fim da identidade secreta, a suposta lembrança da casa de Osborn), a menção ao Quarteto pode passar despercebida, mas a mudança na paisagem de Manhattan é muito bem pontuada, e incontornável.
Nas HQs, o edifício do Homem de Ferro já ocupou locais variados em Manhattan e não tem, ao contrário do Baxter, um endereço canônico que os fãs reconheçam como algo marcante. Nada impede que eles ocupem o mesmo quarteirão no cinema, em tempos diferentes. Resta saber então se esse edifício, uma vez confirmado como o Baxter, é mesmo o substituto da Torre Stark. A aquisição do antigo lar dos Vingadores pela equipe de Sue Storm e Reed Richards teria, assim, dentro do MCU, um caráter simbólico forte: a equipe que fundou o Universo Marvel em 1963 nos quadrinhos chegaria, nada mais, nada menos, para ocupar o "lugar" vago deixado pelo grupo de Tony Stark e Steve Rogers na telona.