Mark Ruffalo como Hulk em She-Hulk

Créditos da imagem: She-Hulk/Marvel Studios/Reprodução

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O que é Hulk Contra o Mundo e por que arco pode (não) ser adaptado para o MCU

Como aconteceu em Thor: Ragnarok, nova aventura do Gigante Esmeralda deve, no máximo, usar os quadrinhos como inspiração em vez de segui-los à risca

Omelete
7 min de leitura
28.08.2022, às 16H30.
Atualizada em 19.10.2022, ÀS 12H01

A roteirista e produtora-executiva Jessica Gao pode até não ter tido a intenção primordial de “abrir as possibilidades” para o Marvel Studios quando mandou o Hulk (Mark Ruffalo) de volta para o espaço, no segundo episódio de She-Hulk. Porém, se tratando da Casa das Ideias, não há ponto sem nó, e os fãs sabem bem disso. O Gigante Esmeralda não recebeu um chamado a Sakaar à toa e, além das especulações sobre velhos conhecidos do MCU que podem tê-lo convocado, uma teoria em especial se sobressai: a ideia de que o arco das HQs Hulk Contra o Mundo (World War Hulk) pode ser adaptado num futuro próximo.

Como o próprio título sugere, a minissérie de 2007 do roteirista Greg Pak e do artista John Romita Jr. coloca o herói em guerra contra a Terra. E a razão para isso é muito simples: o alter-ego de Bruce Banner está com mais raiva do que nunca depois de ter sido exilado pelos Illuminati, mais especificamente pelo Senhor Fantástico, o Homem de Ferro, o Doutor Estranho e o Raio Negro. Em Planeta Hulk, quadrinho do ano anterior também assinado por Pak, o grupo secreto considerou o herói perigoso e imprevisível demais para a segurança do planeta e, privando o amigo de qualquer direito de defesa, o despachou para Sakaar.

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Não é preciso muito esforço para entender por que Hulk viu a atitude como uma traição. Não apenas seus velhos companheiros de batalha viraram as costas para ele, como o mandaram, intencionalmente ou não, para um lugar onde sofreria todo tipo de atrocidade.

Mesmo assim, depois de muitos e muitos combates, Hulk foi capaz de reconstruir sua vida. Ele foi de escravo e gladiador a rei, fez novos aliados — entre os quais Korg e Miek — e ainda encontrou um amor para chamar de seu. Mas, quando tudo parecia bem novamente, uma bomba misteriosa é mandada para o planeta, matando milhões de inocentes, inclusive a esposa de Hulk, Caiera, que estava grávida. Essa é a gota d’água para o Gigante Esmeralda. Acreditando que esse atentado foi mais uma das trapaças dos Illuminati, o agora chamado Destruidor de Mundos parte para a Terra em busca de vingança.

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Em Hulk Contra o Mundo, o herói é implacável. Além de enfrentar seus algozes, ele e seus novos parceiros encaram Pantera Negra, Ms. Marvel, Homem-Aranha, Mulher-Aranha, Hércules, Ronin, Eco, Punho de Ferro, Tempestade e Luke Cage. Quer dizer, trata-se de um evento de grandes proporções, que mobiliza forças e atenções ao redor do globo. Mas a raiva e o remorso de Hulk são tão intensos que ninguém é capaz de impedir sua retaliação — só para vocês terem uma noção, ele chega a sujeitar seus antigos companheiros a uma arena de gladiadores improvisada, colocando Reed Richards para executar Tony Stark na frente de uma plateia.

Contudo, antes da chegada do Sentinela, supostamente a última esperança da Terra, o alter-ego de Bruce Banner põe um ponto final à barbárie. Isso porque ele consegue o que queria, isto é, expor o heroísmo falacioso das grandes mentes do mundo e tornar pública sua história. Ainda assim, Hulk Contra o Mundo não tem um final feliz. Além de deixar para trás um cenário de destruição, o herói se torna prisioneiro da S.H.I.E.L.D. por livre e espontânea vontade. Por mais solitário que esteja, porém, Hulk ainda tem como companhia o arrependimento e a decepção depois de descobrir mais uma traição.

COMO ISSO FICARIA NO MCU?

Dá para entender por que os fãs estão tão alvoroçados para ver Hulk Contra o Mundo nas telas, seja como série de TV ou filme. Além do desejo de acompanhar uma aventura solo de Bruce Banner, há anos impedida por um imbróglio com os direitos de adaptação do personagem — que até onde se sabe se mantém —, há uma saudade de eventos grandiosos como esse. Afinal, a fase 4 foi marcada por histórias introdutórias e contidas e, com novas produções dos Vingadores previstas apenas para o final da fase 6, Hulk Contra o Mundo seria a alternativa ideal para saciar esse desejo.

Dito isso, parece improvável que o arco de Pak e Romita Jr. seja adaptado — ao menos, não de uma forma minuciosamente fiel. Isso porque o Hulk do MCU teve, nos últimos anos, uma experiência muito diferente da desenrolada nas cinco edições da minissérie. Sim, como a própria Jennifer Walters (Tatiana Maslany) joga na cara do primo na estreia de She-Hulk, ele acumula traumas e perdas. Porém, nem isso o deixa impulsivo ou fervilhando de raiva, como sua contraparte nas HQs. Na realidade, desde o primeiro embate contra o Thanos (Josh Brolin), Bruce e o Gigante Esmeralda encontraram um equilíbrio emocional e intelectual tão benéfico que, na forma do Hulk Esperto, eles assumem um papel de liderança entre os Vingadores remanescentes. Em outras palavras, diferentemente da situação em Hulk Contra o Mundo, ninguém desconfia dele. Pelo contrário. Wong (Benedict Wong) confia tanto em Bruce que vai atrás dele para discutir os recém-descobertos Dez Anéis na cena pós-créditos de Shang-Chi.

O Hulk de Mark Ruffalo também não tem inimigos como sua versão da HQ — nem entre os super-poderosos, nem entre a população civil. Se nas páginas o Vingador veterano é visto como um monstro pela opinião pública, no MCU, por mais que aconselhe Jen a respeito, isso ficou para trás há muito tempo — tanto é assim que ele até faz selfies em restaurantes com crianças. Além disso, em She-Hulk ele lembra com saudade, gratidão e admiração sua amizade com o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), enquanto nos quadrinhos ele tem a certeza de que Stark nunca quis seu bem. Veja, o Hulk do cinema é tão paz e amor que perdoou o Abominável (Tim Roth) graças a um haiku! Portanto, o ímpeto vingativo que move uma história como Hulk Contra o Mundo não encaixa muito bem com a jornada que ele teve nos cinemas. Mas calma! Elementos deste arco ainda podem aparecer no futuro. Basta que o presidente do Marvel Studios Kevin Feige repita o que fez com Planeta Hulk em Thor: Ragnarok, isto é, faça uma adaptação livre.

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Uma possibilidade muito discutida é que o MCU pode reproduzir o luto que o Destruidor de Mundos teve com a morte da sua esposa Caiera através da introdução do seu filho, Skaar Nesse cenário, Hulk poderia ter sido chamado a Sakaar para conhecê-lo. Mas, antes de criarem qualquer laço significativo, algo acontece e seu descendente tem um final trágico. Essa, sim, seria uma fagulha crível para desestabilizar o Hulk Esperto e lançá-lo em uma jornada menos intelectual, e mais emotiva. Ainda assim, não se pode descartar a chance de a Marvel só trabalhar a disputa entre Hulk e Skaar, já que nas HQs o jovem guerreiro carrega muita raiva do pai por tê-lo abandonado quando criança. Em um cenário em que todos os Vingadores originais lidam com questões de maternidade e paternidade, isso também faria sentido.

Independente do que a Casa das Ideias pretenda colocar no caminho de Bruce Banner nessa nova ida ao espaço, fato é que o herói ainda tem muito a oferecer para o MCU, principalmente se depender do Mark Ruffalo. O ator já disse que tem interesse em continuar explorando as tentativas do físico de encontrar um equilíbrio com seu alter-ego. Mas, para além da sua vontade, ele mesmo admite que a jornada do Vingador não termina nele. Na sua opinião, Hulk é uma espécie de Hamlet dessa geração, ou seja, ele não foi o primeiro a vivê-lo nos cinemas, e certamente não será o último.

She-Hulk marca, portanto, um começo para Jennifer Walters, sim. Mas também mais um recomeço para o Hulk. Até porque, para onde quer que ele vá parar, há quem esteja interessado em ir com ele.

She-Hulk é exibida às quintas, no Disney+. Antes do próximo episódio, confira a nossa entrevista com a atriz Tatiana Maslany:

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