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Loki | Quem eram Mobius, O.B. e B-15 antes da AVT?

Em “Ciência/Ficção”, Deus da Trapaça volta a entrar em contato com sua humanidade

Omelete
4 min de leitura
03.11.2023, às 09H57.
Atualizada em 03.11.2023, ÀS 10H56

Loki (Tom Hiddleston) passou boa parte da 2ª temporada tão ocupado em salvar a AVT (Autoridade de Variância Temporal) da suposta guerra multiversal prometida por Aquele Que Permanece (Jonathan Majors) que se esqueceu da sua própria humanidade, seu grande trunfo no MCU. Por sorte, na reta final da série, o Deus da Trapaça é obrigado a olhar para dentro e reconhecer seus desejos, frustrações e impulsos quando o Tear finalmente cede. Sem controlar seus Deslizes Temporais, mas ainda assim munido de um lampejo de esperança, Loki só entende verdadeiramente por que se importa com o que está em jogo ao descobrir “acidentalmente” as vidas que foram roubadas de Mobius (Owen Wilson), O.B. (Ke Huy Quan) e companhia nas Linhas do Tempo Ramificada.

O Marvel Studios aproveita essa premissa para criar contrastes curiosos entre as personalidades já conhecidas dos personagens e a essência das suas variantes, e isso por si só já eleva o tom que a temporada teve até aqui. É divertido notar, portanto, como o adorável e certinho Casey (Eugene Cordero) é, na verdade, um detento em fuga de Alcatraz, em 1962, mais preocupado em usar um Temp Pad improvisado para assaltar um banco do que propriamente alarmado pelo possível colapso da sua existência. Da mesma forma, a imponente B-15 (Wunmi Mosaku) dá mais demonstrações da sua doçura exercendo sua profissão de fato, isto é, uma médica nova iorquina em 2012 — e, portanto, prestes a viver a Batalha de Nova York e todo o caos gerado por Loki. 

No entanto, fato é que nenhuma revelação salta mais aos olhos do que o passado de Mobius — e a razão para a sua obsessão por jet skis. Quer dizer, Mobius não! Don. Isso porque Loki revela que a AVT também roubou dos seus funcionários suas identidades. No caso do sidekick do Deus da Trapaça, porém, essa transgressão ganha ares cruéis ao se constatar que, mais do que o dono de uma loja de artigos para esportes aquáticos, ele era pai solteiro de dois meninos na Cleveland de 2022.

Mesmo assim, a chave para que Loki se reconectar com sua humanidade ficou a cargo de O.B.. Na Pasadena de 1994, o heroico vilão descobre que o autor do manual da AVT era também um cientista, mas com aspirações mais artísticas. Seu grande sonho era abandonar a carreira acadêmica e se dedicar em tempo integral à sua série literária de sci-fi. É só explicando para essa variante de O.B. que o Deus da Trapaça tem a primeira pista para aprender a controlar seus Deslizes Temporais: talvez não se trate do que ou onde, como costuma se perguntar na ciência, mas por quê, um questionamento clássico na ficção.

Talvez por receio de repetir os erros do passado — ou simplesmente por medo de encarar mais uma derrota —, Loki tem problemas para entender o que o move. Por mais que acredite, sim, na nobreza da missão de impedir a guerra multiversal, ele pena para admitir que apenas não quer ficar só. Depois de anos no MCU, renegado por Odin (Anthony Hopkins) e recorrendo à vilania para se sentir minimamente relevante, ele finalmente encontrou os seus. Logo, não é de se surpreender que resista tanto à ideia de perdê-los.

É claro que nem tudo é tão imediato em uma série que trata de viagem no tempo. Em outras palavras, não é essa a conclusão que o leva a voltar para o momento imediatamente anterior ao colapso do Tear. É a constatação do fracasso inevitável. Recapitulando outros momentos em que não foi bem-sucedido — incluindo uma conversa franca com Sylvie (Sophia Di Martino) e seu desfecho em Vingadores: Guerra Infinita —, o Deus da Trapaça finalmente reverte o tempo ao se dar conta de que o cerne de tudo é quem.

O que exatamente isso quer dizer Loki deixou para explicar no seu finale. O gancho pode até ser um pouco frustrante, mas, ainda assim, que alívio é ver a série se desvencilhar um pouco do utilitarismo da sua trama e resgatar o espírito falho, complicado e, portanto, humano dos seus personagens.

Loki é exibido às quintas, no Disney+.

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