O painel do Marvel Studios na San Diego Comic-Con 2024 foi histórico. Depois de dar mais detalhes de Capitão América: Admirável Mundo Novo, Thunderbolts e Quarteto Fantástico, o chefão Kevin Feige surpreendeu o mundo ao confirmar os retornos dos irmãos Anthony e Joe Russo, como os diretores de Vingadores 5 e 6, e revelar que Robert Downey Jr. está de volta ao MCU —não como Tony Stark/Homem de Ferro, mas como o vilão Doutor Destino.
[Cuidado: spoilers de Deadpool & Wolverine abaixo]
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A jogada de mestre evidencia a mudança de rota estratégica do estúdio para buscar um retorno às glórias do passado. Desde o lançamento de Vingadores: Ultimato, em 2019, a Marvel viu a sua popularidade diminuir e as críticas aumentarem. A estratégia de ampliar o universo compartihado dos heróis da Casa das Ideias para abraçar o streaming afugentou parte do público, que não apoiou a necessidade de assistir inúmeras séries e filmes para continuar acompanhando as histórias do MCU.
Para além da aposta no streaming, o desgaste do cinema de super-heróis também afetou negativamente os últimos lançamentos do estúdio. Soma-se a isso algumas escolhas narrativas —e estéticas— questionáveis e o legado do Marvel Studios foi colocado em xeque. A cereja do bolo veio com as graves acusações de agressão e assédio contra Jonathan Majors, escalado para viver o vilão Kang e em tese o grande responsável por assumir o papel de grande vilão da chamada Saga do Multiverso para substituir Thanos (Josh Brolin), tão aclamado na fase anterior do MCU.
Para estancar a sangria, Kevin Feige e companhia decidiram olhar para trás. A primeira aposta veio com o anúncio do retorno de Hugh Jackman como Wolverine para dar aos fãs o tão desejado encontro do personagem com o Deadpool interpretado por Ryan Reynolds. O longa, que viria a ser o recém-lançado Deadpool & Wolverine, matou dois coelhos como uma cajadada só: os personagens que eram licenciados pela Fox deram adeus a este antigo universo compartilhado e abriu de vez o caminho para a chegada dos X-Men ao MCU.
Coincidência ou não, nos dias que precederam a estreia do filme nos cinemas, surgiram os primeiros rumores do retorno dos irmãos Russo para assumir a direção de Vingadores 5 e 6. A chegada da dupla viria não apenas para substituir Destin Daniel Cretton (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), mas para começar a criar o hype nos filmes que prometem encerrar a segunda grande saga do MCU —e quem melhor para fazer isso se não as mentes por trás do maior evento cinematográfico da cultura pop no século 21?
Mas como com Kevin Feige não se brinca, a confirmação do retorno dos Russo veio com a surpresa bombástica de Robert Downey Jr. de volta ao universo que ressuscitou a sua carreira de ator. Mas dessa vez não como o grande herói que irá salvar o mundo, mas como o "novo Thanos" do MCU no lugar de Kang. Victor Von Doom/Doutor Destino não apenas é um dos principais vilões dos quadrinhos da Marvel como é peça-chave para a trama de Guerras Secretas, que será adaptada no sexto longa dos Vingadores. Isso mostra que, para se livrar do problema criado por Majors, o estúdio dobrou a aposta.
Os anúncios da San Diego Comic-Con 2024 provam que, para o Marvel Studios, a solução para o seu futuro encontra-se no passado. Há ainda o bônus da participação especial de Chris Evans como a sua versão de Johnny Storm/Tocha Humana em Deadpool & Wolverine, o que abre outro precedente: se o ator topou retornar a um papel nem tão aclamado, o que dirá de um retorno como Steve Rogers/Capitão América? E se, caso isso realmente aconteça, a volta do herói venha junto de uma aparição de Downey Jr. como Tony Stark em Guerras Secretas? Graças à introdução do multiverso, as possibilidades são inúmeras.
Se o resultado vai agradar ou decepcionar os fãs, só saberemos após os lançamentos de Vingadores: Doomsday e Vingadores: Guerras Secretas no cinema. Uma coisa, no entanto, é certa: com a aposta no passado, Kevin Feige criou um hype para o futuro tão grande quanto Guerra Infinita e Ultimato.