O filme solo da Viúva Negra deve fazer o caminho inverso de Capitã Marvel. Em vez de usar uma trama situada no passado para apresentar a força e relevância de uma heroína que terá um papel determinante no futuro do MCU, a produção deve ser um prelúdio comum, cujo objetivo é amarrar as pontas soltas da trajetória de Natasha Romanoff até aqui.
Embora detalhes do filme não tenham sido anunciados oficialmente pelo Marvel Studios, voltar-se para a jornada da heroína antes de se juntar à S.H.I.E.L.D. e aos Vingadores parece realmente o caminho mais lógico. Não apenas por causa do seu sacrifício nobre em Vingadores: Ultimato - que parece anular qualquer chance de associá-la ao futuro do universo compartilhado -, mas também porque a personagem teve um desenvolvimento precário, sobretudo nas suas primeiras aparições quando era tratada como um mero objeto. Olhar para seus anos de formação, portanto, pode ser a chance de realmente dar à personagem a atenção que merece.
Neste sentido, o filme pode realmente explorar seu treinamento na KGB, período da sua vida que foi mostrado brevemente em Era de Ultron. Sob os efeitos dos poderes da Feiticeira Escarlate, Natasha relembra tanto a experiência física, isto é, o manejo de armas, as lutas e as aulas de balé, quanto o trauma psicológico que suportou durante anos. Nestes poucos minutos, os fãs têm um vislumbre das vulnerabilidades da personagem, algo que faria sentido de ser retomado em um filme que promete fechar o arco da heroína no MCU.
Há, porém, um risco em seguir por esse caminho. Focar apenas nessa experiência praticamente reprisaria o que foi visto recentemente em Operação Red Sparrow e, antes, em Salt, ou seja, não fugiria muito do clichê dos filmes de espionagem. Por isso, se o longa realmente se desenrolar de forma semelhante, talvez a escolha do vilão possa ser determinante para que não caia no lugar comum.
Rumores sugerem que o Treinador seria o grande vilão nesta história de origem, mais especificamente a encarnação do universo Ultimate. Apresentado nos quadrinhos nos anos 1980, o maior trunfo do personagem é a sua memória muscular, que o torna capaz de replicar as investidas dos seus adversários, independentemente da técnica ou da arma que estão usando. Se por um lado a escolha desse antagonista realmente privilegiaria as cenas de ação, por outro seria a Marvel recorrendo de novo à ideia de colocar seu herói para enfrentar uma versão espelhada de si mesmo - dessa vez, quase que literalmente.
Mas, e se a Viúva Negra fosse a vilã da sua própria história? Ao longo das produções, Natasha sempre frisou como cometeu atrocidades enquanto trabalhava como agente, mas a origem dos seus arrependimentos nunca foi de fato explorada. Seguir por esta abordagem, além de dar mais perspectiva às atitudes da personagem e à importância que ela dava aos Vingadores, seria a oportunidade perfeita de finalmente revelar o que aconteceu em Budapeste com Clint Barton. Em vez de colocá-la na posição da donzela à espera do resgate, se o filme mostrar como ele a ajudou a mudar de vida, a produção realmente daria o devido peso para a gratidão da heroína e ao seu sacrifício para salvar seus amigos.
De todo modo, espera-se que o Marvel Studios revele mais detalhes sobre os filmes da fase 4, como Viúva Negra, depois da estreia de Homem-Aranha: Longe de Casa, em 4 de julho. Mas, ao que tudo indica, o lançamento do longa da heroína deve acontecer já no ano que vem.