Elizabeth Olsen e Kathryn Hahn em WandaVision

Créditos da imagem: WandaVision/Disney+/Reprodução

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WandaVision revela de uma vez por todas como tudo começou em episódio expositivo

Agatha Harkness mergulha no passado da Feiticeira Escarlate e busca nos seus traumas uma explicação para força dos seus poderes

26.02.2021, às 12H31.
Atualizada em 26.02.2021, ÀS 12H52

Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) tem uma história marcada por traumas. Na infância, perdeu seus pais em um bombardeio e, não bastasse o luto em um cenário hostil de guerra, ficou refém com o irmão nos destroços do seu antigo lar, temendo a explosão de um míssil. Na juventude, buscou um recomeço ao se juntar a uma organização terrorista com promessas de paz, que a submeteu a experimentos nada éticos com uma Joia do Infinito. Além de descobrir os objetivos nem um pouco benevolentes da HYDRA e passar a acatar ordens de um robô megalomaníaco, perdeu Pietro em um tiroteio estúpido, quando ambos tentavam se redimir. Embora seguir em frente parecesse em vão, a heroína encontrou esperança nos braços de Visão, mas até isso terminou em frustração e dor. Ela precisou matá-lo para salvar o mundo, uma tentativa mal sucedida de heroísmo, já que Thanos a obrigou a vê-lo morrer uma vez mais.

Essa trajetória não é novidade para quem acompanhou o desenvolvimento do MCU (Universo Cinematográfico Marvel), ou mesmo para os espectadores menos atentos. WandaVision fez questão de lembrá-la ao longo de sete episódios, seja nas divertidas propagandas, seja em diálogos com Monica Rambeau (Teyonah Parris) e o Fietro (“reencarnação” do Mercúrio, dessa vez interpretado por Evan Peters). Depois de enfatizar tanto esse sofrimento, é curioso que a série dedique um episódio inteiro para reforçar o óbvio. Faltava a Agatha Harkness (Kathryn Hahn) descobrir o que aconteceu? Bem, não mais.

Dando uma prévia do rebobinar que dominará todo o episódio, “Nos Capítulos Anteriores” sai dos arredores de Westview e volta no tempo, mais especificamente para 1693, para contextualizar a força da recém-revelada adversária de Wanda. Acusada de roubar conhecimento acima da sua idade e posição, além de praticar magia maligna, Agatha é colocada em julgamento pelo seu coven, em Salem. “Por favor, posso ser boa”, diz a bruxa, tentando em vão convencer sua “mãe” a ensiná-la a usar todo seu poder. Apesar da condenação, Harkness consegue derrotar todas suas irmãs, inclusive a líder do grupo, de quem rouba um broche, justamente o acessório que a acompanhou durante toda a temporada.

Kathryn Hahn em WandaVision
WandaVision/Disney+/Reprodução

Mais que apenas frisar a ambição da Agatha, possivelmente a razão para ela ter ido investigar como Wanda fez o que fez, o flashback faz uma notória menção à trajetória da bruxa nas HQs. Aliás, ao próprio papel dela como mentora de Wanda. Afinal, enquanto interroga a Feiticeira Escarlate para descobrir respostas, a longeva bruxa dá uma verdadeira aula. Como ela não sabia da regra das runas? É básico. E claro que necromancia não funcionaria com o Pietro! O corpo dele está em outro continente e cheio de buracos. Quase como se dissesse um sonoro “dã!” a cada indagação, Agatha deixa claro como Wanda sempre esteve sozinha. Ela descobriu tudo o que sabe por conta própria, sem treinamento formal ou qualquer tipo de feedback. Como, então, a jovem se tornou tão poderosa?

Com Billy (Julian Hilliard) e Tommy (Jett Klyne) de reféns, Harkness coage Wanda a reviver seus traumas. “O único jeito de avançar é voltar”, afirma, antes de abrir a primeira porta ao passado da heroína. As cenas, embora redundantes, destacam a complexidade e a beleza do trabalho da equipe de design de produção, e evidenciam algumas referências utilizadas para a construção do “casamento perfeito” dos dois Vingadores, como The Dick van Dyke Show e Malcolm in the Middle.

Seria um pouco injusto, porém, dizer que os pesadelos evocam só obviedades. Revisitar a infância de Wanda explicou, por exemplo, por que as sitcoms são tão relevantes nessa história: o que antes era uma maneira da família toda aprender inglês de repente se tornou um lampejo de conforto para que a pequena bruxa lidasse com o luto. E mesmo o diálogo entre a heroína e Visão no complexo dos Vingadores rendeu um momento adorável para ilustrar como nasceu o romance entre eles - ainda se acostumando com as contradições humanas, o sintozóide define o luto como um amor que persevera, uma frase que, convenhamos, é capaz de arrancar lágrimas até dos mais insensíveis dos espectadores. Mesmo assim, é difícil não se incomodar com a repetição de informações e o desequilíbrio da trama. Ao final de “Nos Capítulos Anteriores”, fica evidente como WandaVision poderia facilmente ter sido um filme, ou então uma minissérie em seis episódios, como era o plano original.

As principais revelações chegam nos minutos finais e, no fundo, não são lá novidades. A terapia de choque de Agatha esclarece para Wanda - e para o público - que o diretor da ESPADA Tyler Hayward (Josh Stamberg) mentiu sobre como a heroína trouxe o Visão de volta à vida. Apesar do líder interino da agência tentar provocá-la para dar vida aos pedaços de vibranium que restaram, ela nunca roubou o corpo do seu amado. Na realidade, ela foi até Westview visitar o terreno que o sintozóide comprou para eles envelhecerem juntos e, naquele vazio, todos os seus traumas pesaram demais. A dor foi tanta que seus poderes se manifestaram de forma espontânea, construindo paredes e até seu “marido” do zero.

WandaVision/Disney+/Reprodução

A ambição perigosa de Hayward, no entanto, se realiza na cena pós-créditos. Tirando energia do drone que Wanda expulsou do hex, o executivo dá vida ao corpo inerte do Visão. Não bastasse o clima macabro da cena, o sintozóide aparece sem cor alguma, um visual que remete ao arco dos quadrinhos anterior à reabsorção das partes do Mephisto, isto é, Tommy e Billy. Mas, faltando um episódio para concluir sua trama, parece cada vez mais improvável que o demônio seja introduzido no MCU agora. Se ele for de fato dar as caras no universo compartilhado, talvez fique mesmo para Doutor Estranho 2.

“Nos Capítulos Anteriores” termina, então, com Agatha dando nome ao que faltava. O poder de Wanda é fruto da Magia do Caos e, portanto, a Joia do Infinito não foi o artefato que lhe rendeu poderes, mas sim os amplificou. Sua ligação com a bruxaria é antiga e poderia ter sumido se não fossem os experimentos do Barão von Strucker. Um rearranjo para poder introduzir os X-Men no futuro? Talvez. De todo modo, é esta explicação que dá a alcunha de Feiticeira Escarlate para a heroína.

Assim, WandaVision deixa para sua última semana três desafios para a protagonista: salvar os gêmeos das garras da Agatha, enfrentar o Visão branco e as más intenções de Hayward e salvar os habitantes de Westview. Por sorte, ela tem aliados dentro e fora do hex: Monica Rambeau, o marido que criou, Darcy (Kat Dennings) e até o agente Woo (Randall Park). Mas como a capitã da ESPADA vai se livrar do Fietro? Jimmy Woo será capaz de romper as barreiras do campo criado por Wanda? Darcy finalmente vai sair daquele bendito cruzamento? São muitas pontas soltas para poucos minutos. Seja como for, que o final ao menos dê um encerramento digno para a Feiticeira Escarlate, e não apenas funcione como deixa para uma nova aventura do MCU.

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