O quinto episódio de What If...?, lançado hoje (08) pelo Disney+, é curiosamente o que mais se aproxima do tom das aventuras cinematográficas da Marvel. Curiosamente porque, afinal, esta é uma história de zumbis - o que indicaria, em outras circunstâncias, um grande afastamento do cânone do MCU.
O roteirista Matthew Chauncey, no entanto, trata de manter a familiaridade para os fãs da saga, trazendo o humor para o primeiro plano com as tiradas de personagens como o Homem-Aranha, o Homem-Formiga, Happy Hogan e até Kurt (David Dastmalchian), ex-parceiro de roubos de Scott Lang na franquia do herói diminuto.
A aposta funciona por uma parte considerável do episódio - o humor nerd/juvenil do Aranha e os trocadilhos infames de Scott divertem até a chegada de um clímax em que eles se tornam uma distração, um incômodo, diante da gravidade da ação e das baixas que a trama impõe sucessivamente ao time dos heróis.
O paralelo mais óbvio para o episódio é Vingadores: Guerra Infinita, que é inclusive o ponto de partida da trama. No filme dos irmãos Russo, no entanto, o humor característico do MCU retrocedia conforme os triunfos do vilão Thanos se sucediam, abrindo espaço para uma experiência de pesar quase única no cinema de super-heróis.
O novo episódio de What If...? não permite que o espectador sinta as muitas perdas que ocorrem durante seus pouco mais de 30 minutos - e parte disso é falta de tempo, é claro, mas também há um desajuste de tom e discurso aqui.
Onde o capítulo ganha força, enquanto isso, é na ação. A sequência ambientada em uma plataforma de metrô é talvez a mais instigante e articulada já concebida pelo time de What If...?, em termos da pura dinâmica do movimento dos personagens, dos perigos que eles enfrentam e como escapam deles.
É mais um triunfo visual do diretor Bryan Andrews e de sua equipe, ainda que ancorado em uma história de difícil digestão. Com um final que deixa aberta a possibilidade de continuação - bem mais do que os capítulos anteriores -, esta tour da Marvel pelo mundo do apocalipse zumbi é uma das proposições mais curiosas de What If...? até hoje.