Para uma série de jogos com fama de complicada, Monster Hunter é relativamente simples em um aspecto primordial: a história. Na maioria de seus jogos, em especial os da continuidade principal, na qual Monster Hunter Wilds se encaixa, a trama do jogo, quando ela existe, sempre gira em torno de alguma criatura enorme afetando um bioma ou ameaçando a fauna e flora locais.
Por isso, fiquei bastante surpreso ao me ver acompanhando diálogos entre personagens durante uma travessia de acampamento para uma pequena vila, não muito distante de um jogo da Naughty Dog, em Monster Hunter Wilds, que dedica boa parte de suas horas iniciais ao mistério de um garoto que precisa de ajuda para encontrar o caminho de casa.
Essa injeção de narrativa no gameplay tradicional da franquia surpreende, mas é compreensível. Quando a Capcom finalmente conseguiu abrir as portas de Monster Hunter para o mundo em 2018, com Monster Hunter: World, mais de 25 milhões de cópias do jogo foram vendidas. O desafio, agora, é manter boa parte destas pessoas com o que deu certo no anterior e, quem sabe, aumentar ainda mais o número de jogadores.
Tivemos a oportunidade de jogar por cinco horas o novo Monster Hunter, que já era cotado como um dos indicados para o prêmio de Jogo do Ano em 2025, em um teste com uma versão ainda não finalizada feito pela Capcom no fim de janeiro. O teste contou com as primeiras horas da campanha, além de mostrar missões específicas e mais avançadas contra duas criaturas: a aracnídea Nerscylla e o dragão-mosquito inédito Rompopolo.
Para quem já conhece a série, o comecinho do jogo pode até causar um estranhamento, levando em conta que ele vai deixar a história em primeiro plano, enquanto apresenta os conceitos básicos. Mas, para quem está chegando agora, esse é o melhor Monster Hunter para começar a franquia, já que os tutoriais são mais equilibrados e fazem um ótimo trabalho de apresentar os sistemas de jogo.
Felizmente, a Capcom também entendeu o quão fundamental para a experiência é escolher uma arma com a qual você se sente à vontade, e colocou a área de treinamento logo após o primeiro combate. Achar a arma certa é o jeito mais facil de fazer Monster Hunter “clicar” para quem está chegando agora.
O teste se concentrou em todo o primeiro capítulo, no qual a guilda de Caçadores está chegando nas Terras Probidas, um local que se acreditava ser inóspito. Ao chegar lá, o grupo descobre não apenas civilizações, como também salva um garoto que se separou de seu povo durante um ataque de monstros. Eles então decidem ajudar o menino a voltar para casa, além de estudar a fauna e flora locais.
Apesar do foco narrativo, o jogo não demora muito para nos colocar no loop tradicional da franquia, em que você coleta itens de monstros para forjar equipamentos mais fortes e, consequentemente, enfrentar desafios ainda maiores.
Tudo isso continua satisfatório em Wilds, que deixa o processo ainda mais dinâmico com a nova montaria, um misto de ave e cavalo chamado Seikret. Nele, você consegue ir automaticamente até o monstro, enquanto consegue coletar itens pelo cenário e afiar a sua arma, diminuindo ainda mais a parte burocrática do gameplay.
Essas melhorias servem para encurtar ainda mais a distância entre os combates com monstros, que continuam sendo o ponto alto de toda a experiência. Aqui, Monster Hunter segue com a mesma estrutura, refinada apenas em detalhes. Um deles ficou particularmente visível para mim, já que uso a Insect Glaive, uma arma que teve mudanças significativas durante o primeiro beta e, depois do retorno dos jogadores, voltou a ter as mecânicas dos jogos mais recentes.
Toda missão exige um planejamento detalhado e um pouco de perseverança. Entrar numa caçada sem equipamentos de nível adequado pode ser frustrante, fazendo você correr atrás de monstros sem conseguir derrotá-los até o tempo limite da missão. A solução é jogar com amigos, ou então chamar um grupo de NPCs. Essa possibilidade, inclusive, estava liberada já desde os primeiros minutos do jogo, o que pode deixar as missões mais simples de concluir caso você não esteja jogando pelo desafio.
No teste, também achei a variedade de monstros nos momentos iniciais mais interessante do que em World, mostrando o quão diferentes podem ser cada um dos alvos a serem enfrentados. Já as duas missões extras, contra Nerscylla e Rompopolo, mostraram um desafio mais tradicional, com criaturas grandes e de comportamento errático, capazes de enfrentar até mesmo um grupo completo de quatro pessoas sem dificuldades.
Por fim, vale ressaltar também a boa localização do jogo para português do Brasil, que traz o primeiro Monster Hunter inteiramente dublado na história da série. O jogo chega em 28 de fevereiro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series.