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Han Solo – Uma História Star Wars | O que a escolha do compositor diz sobre o filme

John Powell é conhecido por seu trabalho em filmes infantis e blockbusters de ação

10.04.2018, às 16H26.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Quando a Disney divulgou, finalmente, o trailer final de Han Solo – Uma História Star Wars, no último domingo, um dos elementos que mais chamou atenção foi a trilha. Logo de cara, antes mesmo de qualquer personagem aparecer na tela, a prévia fez algo que nenhum filme da franquia Star Wars havia feito até hoje: começa com uma guitarra cortante e pegajosa, bem rock n' roll. O distanciamento da trilha clássica e épica para algo arriscado neste modo pode ser mais um dos pontos controversos do filme, mas tem potencial, também, para se provar como uma de suas qualidades.

Facebook/reprodução

Mudar qualquer quesito da franquia Star Wars é coisa séria. John Powell, compositor contratado para as músicas do novo filme, foi uma escolha ousada do estúdio, que já tinha arriscado ao dedicar um filme às raízes de um de seus personagens favoritos dos fãs, ainda colocando um ator pouco conhecido (e já muito criticado). Não é surpreendente que, no final do ano passado, a produção anunciou que, apesar da trilha ser de Powell, o tema principal do personagem ficará nas seguras mãos do sempre elogiado, John Williams.

Mas o catálogo de Powell tem muito a dizer sobre ele, e sobre a sua escolha para o filme. O seu currículo é quase que exclusivamente feito de animações e filmes de ação. Como um banco e preto, sua ficha técnica inclui: Como Treinar Seu Dragão, a trilogia Bourne, Shrek, Um Crime de Mestre, Rio, Hancock, Happy Feet, Sr. e Sra. Smith, Lorax, Encontro Explosivo, A Era do Gelo e por aí vai. Seu histórico é claramente bem definido, e bem sustentado. Ele recebeu uma indicação ao Oscar por seu trabalho em Como Treinar Seu Dragão, em 2011, e também foi reverenciado pela trilha que criou para Bourne. Quando se trata de filmes de ação, a criação de Powell para a trilogia de Matt Damon é diversas vezes usada como referência moderna aos filmes de ação.

Ao contrário também dos americanos John Williams e Michael Giacchino (compositor de Rogue One), John Powell é britânico, e começou sua carreira em trilhas sonoras no Reino Unido. Ao se mudar para os EUA, ele foi rapidamente contratado por ninguém menos que Hans Zimmer: “Eu não conseguia fazer minha carreira decolar lá, então eu aluguei um lugar na Califórnia para me dar um ano e ver o que acontecia. Depois de uma semana, recebi uma ligação de Hans” [via Independent]. Através da indicação do próprio Zimmer, um dos maiores nomes na indústria, Powell conseguiu o trabalho em A Outra Face, e entrou oficialmente para a panelinha de Hollywood.

Grande parte de suas escolhas de projetos vem de uma influência curiosa, que ele explicou à Variety: “Eu cresci vendo Mogli, e um monte de desenhos animados, Tom e Jerry. Eu amo a arte por trás da animação, prefiro do que filmes”. Esta referência, casada com a capacidade de criar músicas de ação, é o que dará o tom de Han Solo – Uma História Star Wars. Pode-se chegar a imaginar que a procura por um compositor que seja mestre em ação e filmes infantis signifique que Han Solo, ao contrário de Rogue One, seja um filme cheio de lutas, mas com carisma de animação de Dreamworks. E, se bem realizada, a trilha tem tudo para dar certo.

Claro que Powell pode se basear exclusivamente em seu histórico mais inclinado a Jason Bourne, mas querendo ou não, as composições precisam combinar com o tom de John Williams e não podem retirar a característica essencial de soar como Star Wars. Ainda, considerando seu foco nas animações nos anos recentes (em seus 10 últimos filmes, apenas 1 não foi animação, Jason Bourne, de 2015), Powell deve realmente trazer o peso da trilha mais caricata e menos tensa. À Collider, ele disse que a razão para isso é uma relativa fadiga de trilhas de ação atuais: “Funcionava bem no passado porque elas eram diferentes. É difícil agora, pois todos me pedem para fazer a mesma coisa que eu fazia, e eu não acho mais interessante. Filmes de animação me permitem criar mais”. Ao mesmo tempo, Powell sabe a importância das referências: “Ninguém escreve músicas realmente originais. Todo mundo escreve uma ótima versão de uma música de outra pessoa, e usa de modo inovador”.

Parece que o projeto de Han Solo – Uma História Star Wars seria uma escolha perfeita para o próprio Powell, que quer liberdade criativa mas disse, em 2014, querer voltar aos filmes de ação quando achar o projeto certo: “quero voltar com um filme grande, interessante, com um som interessante para reinventar algumas coisas”. Resta saber se Powell realmente é a escolha certa para fazer isso com o novo filme da saga.

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