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Hola Amigo! - O dia em que conheci Joey Ramone

Hola Amigo! - O dia em que conheci Joey Ramone

17.04.2001, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H11
Joey Ramone e Marcelo Forlani,
no intervalo do especial da 89.
Dizem que um afilhado adquire características do padrinho. Se é verdade ou não, a ciência ainda não conseguiu comprovar, mas em pelo menos uma coisa eu puxei ao meu padrinho: gostar de Rock n Roll.

O meu tio é daqueles fanáticos que aproveita as folgas do almoço, ali no centro de São Paulo, e dá um pulinho na Galeria do Rock (saiba mais no Sampacentro) para ver se chegou alguma novidade. Sempre de camiseta preta, ele vive com fones no ouvido ou então, na casa dele, com um som bem alto. Uma de suas bandas favoritas é o Ramones. Herdei esta peculariedade também.

Na última turnê do Ramones, Adiós Amigos, em 1996, os caras fizeram cinco shows aqui no Brasil. Eu fui em quatro. Antes que você fique bravo comigo, explico porque não fui ao quinto show: o Corinthians jogava no Pacaembu. Calma, não corinthianos, depois do jogo eu fui até o 17º andar da Praça Oswaldo Cruz. Este é o endereço da Rádio 89 FM - A Rádio Rock. Na época, eu trabalhava lá.

Quando entrei no estúdio, ELE estava lá: Joey Ramone. Joey tinha um programa de rádio em Nova York e como ele estava de bobeira em Sampa, deu uma canja pros ouvintes. Já era bem tarde... mais de meia-noite com certeza. Geralmente, apenas o locutor, o porteiro e o estagiário que atende o telefone estariam ali aquela hora. Neste dia, até o dono da 89 - um fã do punk-rock - estava lá.

Cadu, locutor da madrugada, comandava as pick-ups. Enquanto isso, Kid Vinil entrevistava o lendário vocalista do Ramones num programa que durou mais de duas horas.

Num dos intervalos, eu não aguentei. Fui lá falar com ele. Nada de estrelismo. O vocalista foi atencioso e dispensou uns bons cinco minutos para falar comigo, tempo em que rolava o intervalo comercial. Não lembro de tudo o que falamos, mas de uma coisa não esqueço. Perguntei pro Joey como tinha sido gravar Spiderman. Ele falou que a idéia tinha sido do CJ Ramone (o último baixista da banda), que curtia HQs, mas todos gostaram muito da idéia e se divertiram fazendo a homenagem.

(Uma curiosidade: a primeira vez que Spiderman tocou na 89 foi num CD meu. Quando ainda dava pra comprar um CD importado pagando só um pouco a mais que o nacional, mas com uma qualidade muito melhor, eu aproveitei e peguei o meu Adiós Amigos - Made in USA. A regravação da trilha sonora do Homem-Aranha era uma faixa escondida, daquelas que ficam lá pelos 15 minutos da última faixa.)

É exatamente uma homenagem que eu gostaria de fazer aqui. Foi um grande choque abrir o jornal do dia 16 de abril de 2001 e ver a notícia inesperada da morte do vocalista da mais influente banda americana de punk (só não digo que é a maior do mundo por respeito aos ingleses do The Clash e Sex Pistols). O sonho de voltar a ver um show do Ramones, de poder conversar novamente com Joey... tudo se tornou impossível.

Este texto acabou ficando pessoal demais, mas é difícil não ser emotivo quando se perde uma pessoa tão querida. Joey era um ícone. Alto, magro, desengonçado, esquisitão. Sua boca, tão pequena, fazia ecoar coisas como Gabba gabba hey e Hey ho! Lets go... sons que nunca vão parar de ser ouvidos e cantados. Adiós, amigo!

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