Marilyn Manson, depois de quase dez anos sem se apresentar no Brasil, retornou com sua banda para ser um dos principais nomes da primeira edição do Maximus Festival, que rolou na última quarta (7). No entanto, o tempo parece não ter sido um aliado de Manson. O cantor, que entrou no palco de terno e com um cavanhaque bem diferente do seu visual andrógeno, nitidamente não é mais o mesmo.
O show que parecia engrenar a partir da segunda música, "Disposable Teens ", acabou ficando na zona de conforto e sem grandes surpresas. Manson, no geral, já não canta mais como antigamente, parece estar querendo se poupar, afinal ele já tem quase 50 anos. Isso somado aos anos de gritos, não permite mais que o frontman seja capaz de repetir tudo com tanta força; afinal de contas, gritar por mais de 20 anos não é para qualquer um.
Durante todo o tempo do show, a apresentação pareceu enroscada. O tempo entre uma música e outra não era normal. Parecia que a banda estava tentando ajustar algo. No meio disso, Manson ainda brigou com alguém da plateia, perguntando, "Ei, você não gosta de mim?", mas sem nenhum desdobramento mais agressivo.
O segundo grande momento de show foi "Sweet Dreams", que fez muita gente correr para qualquer lugar onde fosse possível ver o já senhor Manson entoar uma das principais canções de seu catálogo. Nem mesmo o cover de David Bowie, "Moonage Daydream" e "Beautiful People" - que encerrou a apresentação - foram recebidas com tanta alegria. No final das contas, o que mais chamou atenção nessa apresentação de Marilyn Manson, com uma produção simples, poucas luzes ou adereços, foram os olhos tristes do vocalista que poucas vezes esboçou um sorriso. Talvez essa seja uma característica do personagem criado para o palco, mas, ainda sim, foi o que mais ficou em evidência nessa nova passagem do cantor pelo Brasil.
Manson, ao contrário do vinho, não está lidando muito bem com o tempo que bate em sua porta e anuncia: "A sua juventude, meu amigo, já acabou".
*O Omelete foi ao Maximus Festival a convite da SKY Brasil.
