A expectativa era alta por parte do público paulistano que estava prestes a presenciar a estreia da turnê de Bluesman, disco mais recente do rapper baiano Baco Exu do Blues. O artista, que já havia testado seu novo formato no Rio de Janeiro, com casa cheia, também esgotou os ingressos para o show da capital paulista e esse era um dos fatores que faziam o hype ser sentido no ar.
O show - que tem duração de pouco mais de uma hora - começa com uma sucessão de imagens de diversos bluesmen no telão e segue para uma seleção de personalidades importante para a cultura negra, como Sabotage, Marielle Franco, Linn da Quebrada, Elza Soares, Nelson Mandela - para citar alguns - enquanto as frases de encerramento do disco (parte da faixa "BB King") abre a noite.
Nesse primeiro momento, a plateia cresce a cada imagem, a cada verso. É possível ouvir comentários sobre arrepios e gritos ensandecidos, que vêm de todas as partes da Audio, casa de shows que recebeu a apresentação. A pressão é forte e a energia das pessoas pulando e cantando cada verso, é densa.
Algo que chama a atenção, além da música, é a configuração do palco, que tem um telão que cobre o fundo, de ponta a ponta. O uso da peça ajuda a contar a história de algumas faixas e garante um bom tempero para o time que acompanha Baco no show: Duas backing vocals, um vocal de apoio, um DJ e um guitarrista - elemento que garante bons momentos ao ampliar a atmosfera explorada pelo rap/hip hop, uma das proposta do álbum Bluesman - confira a nossa crítica.
O show paulistano contou ainda com as cantoras Lio e Lay, do Tuyo, para cantar "Flamingos", com uma pegada um pouco mais pesada, enquanto a cantora 1LUM3 mostrou sua qualidade vocal na faixa "Me Desculpa Jay Z".
Com tudo isso acontecendo no palco, ficou claro que o show estava ganho desde a primeira nota, a primeira imagem no telão e isso é mérito de um disco irretocável que os fãs aguardavam ansiosos para que ganhasse vida. E é preciso colocar em evidência que a energia da apresentação é algo que não se vê todos os dias.
As pessoas estavam ligadas a cada estímulo, realmente atentas a todos os comandos dos artistas. Por fim, a sensação é de uma apresentação com muita pegada, artisticamente impecável, com ideias simples funcionando muito bem.
Porém, nessa noite, faltou um pouco de apuro sonoro. O áudio não estava tão definido quanto o som, com a potência que as camadas criadas por Baco precisa. Nada que seja capaz de estragar a noite, mas, com certeza, algo que vai garantir mais tempero para o próximo passo rumo à excelência de uma apresentação que condensa sensações e ainda tem muito mais para crescer.
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