Um dos maiores representantes do rock pesado no line-up do Lollapalooza, atualmente, é um divisor de opiniões. Formada em 2004, o Bring Me The Horizon traz ao Brasil o seu sexto álbum, intitulado Amo, lançado em janeiro. Aclamado pela crítica, o disco gerou certa controvérsia entre os fãs do estilo mais metal do BMTH, por se aproximar do pop e do eletrônico, se aprofundando ainda mais em um movimento já há tempos trilhado pelo grupo liderado por Oliver Sykes.
“Nós simplesmente somos outras pessoas”, explicou Matt Nicholls, baterista do grupo, sobre a transição sonora. Nós não colocamos fronteiras no que queremos fazer. Não fomos feitos para um tipo de música, não somos caras do rock, ou caras do metal. Nós gostamos do que gostamos”. Sobre o gosto musical da banda, o baterista explica que muito mudou desde o primeiro álbum, Count Your Blessings, de 2006: “Nós ouvimos muitas coisas diferentes. Muita coisa nova, muita coisa velha. Quando eu olho para as coisas que eu ouvia quando eu era um metalhead de 18 anos, eu ainda acho muito bom. Mas eu sempre fui fã de hip-hop. Eu ouço todo tipo de coisa. Se for bom, eu gosto”. E de acordo com o músico, a mudança de influências é totalmente natural: “Nós escrevemos aquele álbum com 18 anos, pessoas mudam. Nós temos orgulho da música e da nossa história, mas não queremos fazer o mesmo tipo de música de novo”.
Desta fonte de influências variadas, saiu Amo. O disco tem traços do mais puro pop, tem batidas eletrônicas, mas ainda tem muita guitarra e um vocal marcante de Sykes. Mesmo assim, para os fãs e comentadores de redes sociais, o movimento é imperdoável. Questionado sobre como ele lida com tanto feedback negativo, Nicholls diz que ignora: “Eu não posso olhar estes comentários porque é muito desgastante. Acho que sempre será assim agora, porque é tão fácil para as pessoas escreverem algo sem parar para pensar”.
Uma das respostas da banda, aliás, está no próprio disco. Na faixa “Heavy Metal”, o grupo escreve uma de suas letras mais afiadas, respondendo haters com versos como “estou preocupado que você não ame mais, porque um garoto no Instagram disse que ele era um fã, mas essa m*** não é heavy metal”. Nicholls diz que a composição veio organicamente ao letrista, Sykes, mas que a ideia não é ser ranzinza, e sim piadista: “Não é nada sério. As pessoas ficam conversando online coisas como ‘eles não são mais heavy metal’ e nós não somos, as pessoas precisam superar isso. Elas precisam vir nos ver ao invés de ficar escrevendo que deveríamos lançar um álbum como nosso primeiro”. O conselho dele para os fãs é simples e muito justo: “Existem tantas bandas que fazer metal melhor do que nós fazemos, mas eles não ouvem essas coisas. Mas esta é a internet, as pessoas gostam de falar porcaria”.
A transição de sonoridade causou também a mudança de estilos de festivais, o que os traz, por exemplo, ao Lollapalooza. Segundo o baterista, novas plateias não causam estranhamento: “Este tipo de coisa é o que te faz permanecer jovem. Fazer coisas novas, é isso que nos mantem relevante”. Ainda sobre o festival, ele garante que a banda tocará "Mother Tongue", que traz uma frase em português ("fala amo", em referência à esposa brasileira do vocalista) e se diz animado pelo show: "A primeira vez que fomos ao Brasil foi completemente insana. É tão legal para a gente ir tão longe e tocar para tantas pessoas".
O Bring Me The Horizon tocará no segundo dia do Lollapalooza, sábado, dia 6 - veja o line-up por dia.