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<b>Tim Festival 2005 - RJ</b>: Strokes e Kings of Leon: o novo rock dá a cara à tapa

<b>Tim Festival 2005 - RJ</b>: Strokes e Kings of Leon: o novo rock dá a cara à tapa

27.10.2005, às 00H00.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 13H00
Foto:
mundo livre s/a
Foto:
Kings of Leon
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Strokes
Foto:
Strokes - Julian Casablancas
* Fotos mundo livre s/a e Kings of Leon: Divulgação
* Fotos Strokes: Natalie Gunji

A primeira noite no palco principal do festival foi dedicada ao sangue novo que rola na veia do rock: Strokes, os detonadores do "movimento", e seus irmãos caipiras do Kings of Leon.

A abertura ficou por conta da pernambucana mundo livre s/a, egressa do mangue beat, que tem mais tempo de estrada do que as duas bandas principais somadas. O show foi por conta do lançamento do novo trabalho dos recifenses, o EP Bebadogroove, marca seu retorno ao esquema independente.

Esperta, a banda liderada por Fred Zeroquatro carregou o peso no som, deixando o cavaquinho um pouco de lado e agradando ao público ralo que já habitava a tenda - e que não estava lá especialmente para vê-los.

Clássicos da banda ("Melô das musas", "Bolo de ameixa") lado a lado com novas músicas, como "Soy loco por Sol" e a cover de "Guns of Brixton", do Clash, em pleno fim-de-semana pré-referendo do desarmamento - deixa perfeita para Zeroquatro ativar a sua faceta politizada em breve discurso sobre o assunto - deram massa a um ótimo show, pontapé inicial classudo para os três dias do festival.

Mascando palhetas

Em pouco tempo, os instrumentos do King of Leon já estavam montados e afinados (uma troca rápida de bandas em um festival grande, olha só!). Logo de cara, duas estranhezas. Um: o set de bateria da banda é rosa. Rosa bebê. Uma escolha incomum para um baterista excêntrico, que não parou um minuto de mascar e fazer bolas com os chicletes que exigiu da produção do evento.

Com os quatro irmãos Followill no palco, o choque número dois: nada do visual "caipira moderno" que todo mundo esperava de uma banda que veio do meio do Tennessee e costuma ser fotografada com barba por fazer, jaquetas jeans e golas de pele. Ao que parece, os rapazes se empolgaram com o calor carioca (apesar do intenso frio fabricado pelo ar-condicionado das tendas) e subiram ao palco com o cabelo alinhado e regatas, parecendo uma banda cover latina (Los Reys de Leon, talvez?).

Bobagens de lado, à música. O show deu sinais de boa vida logo no começo, com o hit "Mollys chambers", importado do primeiro disco, Youth & young manhood. Mesmo a rotação desacelerada da música não comprometeu a qualidade, e nem desagradou aos fãs.

Daí seguiu-se um show calcado basicamente no segundo trabalho, Aha shake heartbreak, lançado este ano - incluindo aí as melhores da lista, como "King of the rodeo", "Pistol of fire" e "Slow night, so long". As músicas dos caipiras fake de Nashville ganharam pontos pelo barulho extra somado - até mesmo a melancólica e lentinha "Milk" ficou bem mais interessante.

Mas a banda não estava em sua melhor forma - ou talvez eles não funcionem tão bem assim ao vivo em um palco grande. A desempolgação de Caleb, o vocalista, somada à falta de hits no curto histórico de discos, acabou transformando alguns momentos da apresentação em minutos arrastadíssimos, ativando aquela sensação de "eles já não tocaram essa música antes?". Um balanço triste para um show que tinha tudo para ser bom. Fiquemos com os discos, por ora.

Prova de fogo

E, finalmente, os Strokes, o show mais esperado dos últimos cinco anos - pelo menos pela geração mais nova de roqueirozinhos (e pela parcela sem preconceitos da mais velha). Desde que surgiram com seus MP3 viajando pela Internet, os americanos prometem uma visita ao Brasil, promessa aditivada pela presença do brasileiro Fabrizio Moretti na bateria. Várias tentativas foram feitas para encaixar o país nas turnês dos dois discos, mas os fãs só tinham ouvido desculpas até agora. E, então, eles finalmente estavam lá, recebidos com gritos delirantes da platéia. Blasés, como todo mundo já esperava, mas nem por isso menos empolgantes.

Os Strokes são aquele tipo de mito do showbiz que consegue transformar toda música em hit. Marketing ou não, é fato que grande parte delas é realmente boa. E é isso que move o show da banda.

Ao vivo, os americanos soam exatamente como no disco, profissionais e preocupados em reproduzir as músicas como elas são: secas e rápidas, sem firulas e acabando de repente. O tempo de estrada fez bem à banda, principalmente ao vocalista Julian Casablancas, que não aparentava nada do nervosismo que era sua marca nos primeiros grandes shows. Esforçado, arriscou várias frases em português além do manjado "obrigado", pedindo desculpas pela demora em descer ao Brasil. Falou mais que o brasileiro Moretti, que só balbuciou algumas palavras no bis, dando um "alô" aos conterrâneos.

Do setlist de mais de vinte músicas, Is this it, o primeiro disco, foi tocado na íntegra (só faltou "When it started", a faixa que substituiu "NYC cops" na edição americana) e fez a base do show. Do segundo trabalho, Room on fire, metade das músicas compareceram ("Automatic stop", "12:51", "Under control", "The end has no end", "Whatever happened" e "Reptilia").

A banda aproveitou a passagem pelo país para fazer um preview do próximo disco, First impressions of Earth, que só deve sair em 2006. Além da já gasta "Juicebox", que todo mundo já recebeu por e-mail, tocaram "Hawaii-Aloha", "Heart in a cage", "Razor blade" e "You only live once".

A entrega no palco se refletiu na platéia, que não parou de cantar em nenhum instante. Até mesmo as músicas novas foram tratadas como velhas conhecidas. Um show redondo e histórico. Se isso não é consagração, alguém mude o significado dessa palavra no dicionário.

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