O primeiro dia do C6 Fest em São Paulo trouxe boas surpresas para o público presente. A abertura aconteceu em três dos quatro espaços confirmados - a programação do palco externo, do auditório Ibirapuera, começa no sábado.
Logo de entrada, a ideia de trazer um festival para o parque funciona bem. A estrutura montada impressiona, com destaque para a tenda Heineken que, mesmo sendo completamente fechada, conta com árvores no fundo da pista, lembrando ao público que tudo está acontecendo em uma área verde.
Nesse espaço, a artista responsável por abrir o festival foi a brasileira Xênia França. Com um show repleto de elementos sonoros complexos e dançantes, que desafiam os ouvidos, ela - acompanhada de uma banda excepcional -, entregou uma jornada sonora, rumo a um novo universo, criado a cada nota. Apresentação na medida para dar uma ideia do que esperar para o resto da noite: muitos desafios sonoros.
Isso ficou claro com a apresentação dos ingleses do Dry Cleaning, que levaram para o palco uma sonoridade "garageira", suja e intensa, misturada com as "spoken words" da vocalista Florence Shaw. Um som que, não necessariamente remete para o futuro da música, como diz o slogan do festival, mas sim para uma mistura intrigante entre o blasé de uma front woman e uma banda de amigos dando tudo que tem.
Isso fica claro, ao conhecer a história do grupo que, composto pelo guitarrista Tom Dowse, o baixista Lewis Maynard e o baterista Nick Buxton, precisou de meses para convencer Florence a fazer parte.
Um show com poucas surpresas, mas que desafiou a audiência, por entregar o básico do rock, com os músicos cheios de intensidade, em contraponto com uma vocalista em um nível paralelo de energia, mas que gerou movimento em muitos corpos presentes na pista.
Quem se apresentou logo em seguida foi a britânica Arlo Parks. Com um show coeso, a artista subiu ao palco vestindo uma camiseta com Bob Dylan estampado, e abriu a apresentação com "Weightless", seguida por "Blades", duas faixas impactantes de sua carreira.
Com voz e personalidade que só a palavra fofura pode definir, a artista destacou que sempre via as mensagens pedindo para vir ao Brasil e, enfim, esse dia chegou. O público parecia hipnotizado pela forma como Arlo e sua banda apresentavam cada uma de suas músicas. Em diversos momentos não se ouvia nenhuma palavra, apenas a voz suave da artista que se propagava pelo espaço.
Arlo fez o que pôde para criar proximidade com quem a assistia, e conseguiu... Assim, nesse caso, o desafio foi não se emocionar com o que foi apresentado durante uma hora no palco do festival.
Para fechar a noite, a curadoria do C6 Fest se mostrou realmente antenada as criações mais impactantes que a música pode gerar. Christine and the Queens é, sem dúvidas, uma obra de arte em movimento.
Redcar entrega uma performance forte, misturando força teatral, corpo de dança, em conjunto com sonoridades que se complementam, criando, a cada nova faixa, atmosferas que "obrigam" o corpo a dançar.
Os sons, ora orgânicos, ora eletrônicos, deixam tudo ainda mais forte e original. Faixas como "People, I've been sad" e "Tilted" - apresentada com um trecho de "Under the Bridge", do Red Hot Chili Peppers - além de colocar a audiência cara a cara com uma performance irretocável, também geram o questionamento: por que mais pessoas ainda não conhecem esse artista?
Redcar é um artista que se entrega no palco e, mesmo sabendo que sua expressão é única, em diversos momentos é possível ver movimentações que remetem a Iggy Pop e Dave Gahan, vocalista do Depeche Mode…
Por fim, Christine and the Queens conta com um frontman que expressa tudo que tem dentro de si, da forma mais visceral possível, e assim captura a plateia do primeiro ao último momento do show.
Esse foi apenas o primeiro dia do C6 Fest que segue até domingo, 21, no Ibirapuera. Mais informações no site oficial: c6fest.com.br