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Crítica

Imagine Dragons - Evolve | Crítica

Banda amplia sonoridade, mantém principal características, mas precisa evoluir

23.06.2017, às 13H29.
Atualizada em 23.06.2017, ÀS 14H01

Certa vez um crítico disse que a banda Imagine Dragons era "muito boa no que faz, mesmo quando aquilo que faz não fica muito bom". Esse é um ótimo resumo do caminho que trilharam até agora: críticas mistas, singles fortes, clipes duvidosos, e uma inegável energia contagiante em todos os seus lançamentos.

Imagine Dragons Evolve novo disco

Depois de um ano de "hiato" lançando apenas trilhas para cinema, eles retornam provando que pretendem fazer cada vez melhor. Evolve é, como o próprio nome já diz, o momento de maior evolução da banda até agora. Trazendo de volta o produtor Alex da Kid, responsável pela marca inconfundível de "Radioactive" e de sucessos de Eminem e Dr. Dre, o álbum coloca a identidade do grupo em choque com uma levada radiofônica que remete a The Weeknd e Zayn. Isso provavelmente é fruto das parcerias com novos produtores, como John Hill (queridinho de Shakira) e o duo Mattman & Robin (responsáveis pelos singles "Hands to Myself" de Selena Gomez, e "Slumber Party" de Britney Spears). Ou seja: une-se o estilo que foi construído nos últimos discos com aquilo que há de mais moderno nas rádios.

A proposta fica clara logo na faixa que abre o disco: "I Don’t Know Why". O começo suave mostra uma outra face do vocal de Dan Reynolds, mais R&B e melódico, o que torna o refrão poderoso ao entrar com seus gritos rasgados. Um encontro ideal entre "Starboy" e "Demons". Na sequência, a já conhecida "Whatever It Takes" nos dá uma sensação "messiânica", na qual temos vontade de cantar com as mãos pra cima no refrão. Isso pode ser explicado graças a participação de Joel Little, produtor da faixa, e responsável por grande parte do primeiro álbum de Lorde. Quer um nome melhor pra criar atmosferas do que alguém com essas credenciais?

A percussão marcante que encontramos nas melhores faixas do passado está de volta nos singles "Believer" e "Thunder". Porém, enquanto "Believer" carrega o típico clima desafiador da banda, "Thunder" quebra o clima de forma alegre e quase dançante. É uma chance boa de chegar às pistas, com batidas pouco óbvias e brincando com efeitos vocais em um refrão simples. Outras semelhanças com lançamentos consagrados estão em "Walking The Wire", por exemplo, que tem um pé em "It’s Time", single que apresentou a banda ao mundo.

Um hino de superação, sobre "andar na corda bamba" mas sempre seguir em frente. Vocais amenos no início, que colocam força só quando é necessário e te levam sempre ao ápice. Uma outra referência ao passado pode ser notada na última faixa, "Start Over" - um pedido de segunda chance ao amor. Com uma levada mais feliz e brilhante, é a "On Top Of The World" do disco. A receita de refrão grudento, baseada em duas frases - "Podemos começar de novo, antes que chegue ao fim" - faz a música ser dançante e com força de single. Essa é uma característica que também pode ser vista em "Make It Up To You" que tem cara de summer hit e evoca um eletropop dos anos 80. O refrão fácil - "fique comigo mais uma noite, e eu vou compensar tudo por mais uma noite" - vai ser crescendo com vocais mais agudos e uma guitarra bem colocada no final. "Mouth of The River" é a única faixa que se manteve na receita de sempre sem nenhuma inovação, passando despercebida em meio a tantas outras que "apimentam" o que já conhecemos.

A maior experimentação do álbum fica por conta de "Yesterday", uma ode a vida como ela é, que prega celebração do passado, presente e futuro. A faixa abre com a voz de Dan Reynolds atingindo graves que raramente ouvimos acompanhada de um piano marcando o tempo. É música pra se cantar rodeado de amigos em um bar, em um grande brinde, bem diferente de tudo que já ouvimos do Imagine Dragons. E o final chega com uma faixa escondida logo após "Start Over". Isso já foi feito em outros discos, mas desta vez a faixa lenta e melancólica acaba sendo inexpressiva.

Com um ajuste aqui e outro ali, Imagine Dragons ainda soa fresco. É bonito ver o quanto Dan Reynolds explora seus vocais neste trabalho e as colaborações com novos produtores garantem que nada fique datado. Eles exploram novos sons sem sair de sua roupagem consagrada e continuam empolgando, mesmo que escorreguem nas faixas mais lentas e emocionais. É uma evolução constante, uma cutucada positiva na zona de conforto que coloca em evidência a necessidade de se arriscar um pouco mais no próximo disco.

Nota do Crítico
Bom

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