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Sepultura Endurance | Crítica

Documentário joga luz sobre alguns dos principais fatos que moldaram os 30 anos de carreira do Sepultura

14.06.2017, às 20H08.
Atualizada em 16.06.2017, ÀS 14H59

O Sepultura é uma das bandas de rock mais conhecidas do Brasil e do mundo. No entanto, apesar disso, alguns dos pontos cruciais da carreira do grupo permaneciam sob a névoa da história e agora ganham um pouco mais de luz graças ao documentário Sepultura Endurance, projeto dirigido por Otávio Juliano e que chega aos cinemas nesta semana - veja trailer.

O filme, durante seus 100 minutos, mostra alguns momentos agudos na história do grupo, como a saída de Max Cavalera, no auge da banda em 1996, a ida da banda à tribo Xavante para criar o processo de Roots - o disco mais famoso - e algumas das guinadas que a banda precisou dar para se manter na ativa. No entanto, não é por isso que o projeto chama a atenção. Gravado durante quase sete anos, repleto de material de arquivo e alguns bons depoimentos, como de Lars Ulrich (Metallica), Corey Taylor (Slipknot), Scott Ian (Anthrax) entre outros, a produção ganha a audiência quando vai a Belo Horizonte contar um pouco do surgimento do grupo.

Recontando a trajetória do embrião do Sepultura, com a chegada dos novos guitarristas, o contato por meio de cartas com fanzines na Europa e boa parte dos fatores que resultaram no crescimento do monstro que temos hoje. Ver a primeira “gravadora” da banda, a conversa com o primeiro guitarrista e entender um pouco mais do que guiou o grupo até seus melhores momentos é algo que realmente vale a pena, afinal de contas, esse tipo de história, contada de maneira oficial, é algo sempre difícil de encontrar.

E claro, como parte disso, não dá pra negar quão importante é conhecer um pouco mais sobre o momento em que Max Cavalera (um dos fundadores do grupo) deixa a banda para seguir carreira solo, como o grupo lidou com essa saída e também algumas histórias interessantes que marcam a entrada de Derrick Green nos vocais. Esse possivelmente foi o momento mais crítico na história do Sepultura, que vivia o auge nos palcos e caos no backstage.

Já em termos de produção, o documentário peca algumas vezes na captação e mixagem de áudio e também na fotografia, detalhes que poderiam ter deixado o projeto ainda mais interessante. De qualquer forma, isso faz com que o foco do projeto permaneça na música e na história que conduziu a banda até o lugar no qual ela está hoje.

Em conjunto com esses momentos, ainda é possível ver como a sonoridade da banda e sua história são marcantes no cenário internacional conforme o comentário de David Ellefson, do Megadeth, que comenta o fato da banda ter surgido no sul do planeta, o que gerou uma aura ainda mais especial, “já que não era fácil chegar até o Sepultura”. E ai temos outro detalhe interessante, já que muitas vezes o público brasileiro costuma não valorizar seu frutos e por meio de depoimentos contundentes de nomes epresentativos do rock fica ainda mais claro perceber o quão marcante o Sepultura é para os amantes do rock de todas as partes do mundo.

Além de tudo isso, entre os bons momentos do documentário estão alguns intervalos de shows, o dia a dia na estrada e também a conversa que pode ser considerada como o momento crucial para a não permanência do ex-baterista, Jean Dolabella (substituto de Iggor Cavalera), no grupo. A sequência coloca em destaque - após a ponderação da banda sobre o tempo viajando e a saudade da família - o desgaste da estrada na carreira de músicos profissionais, mesmo que façam parte de uma das maiores bandas de metal do planeta.

Após esse momento, a narrativa segue com a entrada de Eloy Casagrande, o novo baterista, e revela imagens de seu 1º teste já com os integrantes do grupo. Algo que somente o longo tempo captando a história do grupo poderia proporcionar. Por fim, obviamente que a falta de depoimentos dos irmãos Cavalera deixa a sensação de algo incompleto como parte do contexto da história, mas assim como Andreas Kisser fez questão de destacar: O depoimento de pessoas presentes em vários outros momentos da história da banda dão ao material um brilho interessante e diferente, justamente por mostrar outra perspectiva sobre esse gigante do rock.
 
Esse poderia ter se tornado um documentário sem foco ou sem identidade, justamente por fazer como diversos outros ao entregar uma mistura de momentos de estrada, início da carreira, trocas de integrantes… Mas acabou ganhando um bom caminho graças a música e ao show de comemoração dos 30 anos do grupo, que foi utilizado pelo diretor como espinha dorsal para colocar a história nos trilho. Com certeza um bom material para quem quer entender um pouco mais do passado do Sepultura e saber para que lugar o grupo está caminhando após tanto tempo de estrada.

Integrantes dos Sepultura comentam sobre o processo de Sepultura Endurance
 
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Nota do Crítico
Bom
Sepultura Endurance
Sepultura Endurance
Sepultura Endurance
Sepultura Endurance

Autor: Otávio Juliano

País: Brasil

Duração: 100 min

Direção: Otavio Juliano

Onde assistir:
Oferecido por

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