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Tiê - Gaya | Crítica

Tiê faz pop de qualidade em novo álbum, Gaya

27.10.2017, às 10H08.

Em seu quarto álbum de carreira, três anos depois do lançamento de Esmeraldas, Tiê retornou com Gaya, um disco doce e pegajoso, investindo no pop sem nenhuma parcimônia. A aposta veio, não só nas melodias, arranjos e batidas, como nas diversas participações especiais, que incluem vocal de Luan Santana e composição de Bruno Caliman. Para uma cantora que trouxe participações mais rock n’ roll em seu último álbum (como David Byrne e Tim Bernardes), a escalação dos novos nomes em seu trabalho é quase que um afirmação da transição de seu som.

“Mexeu Comigo”, single que foi revelado em maio, é a abertura de Gaya. Começando o álbum muito bem, Tiê já solta um belo vocal em cima de um piano marcante, e um lindo arranjo de cordas. A combinação dos três elementos funciona perfeitamente e demonstra bem o que esperar do disco. A diferença maior é que o som vai ganhando mais batidas eletrônicas e se distancia da sonoridade mais doce de sua faixa de abertura. 

Gaya traz Tiê mais solta e bem resolvida com o estilo adotado. Sua voz flui e combina muito bem com uma das melhores qualidades do álbum: a produção. Música atrás de música, Adriano Cintra e André Whoong surpreendem nos arranjos e instrumentações, cheios de toques eletrônicos, que chamam atenção. Em “Pra Amora”, o disco tem seu auge: a letra, melodia e arranjo encaixaram perfeitamente, e pra arrebatar a música finaliza com um coral infantil muito carismático, para botar sorriso em qualquer um.

Em “Duvido”, Tiê canta com Luan Santana uma composição improvável de Rafael Castro. A faixa é boa, e a cantora segura bem, mas o cantor não disfarçou seu estilo sertanejo e a faixa acaba sofrendo com isso, com um pé fundo demais no brega. Já para o meio do CD, a melhor parte, a cativante “Tudo ou Nada” traz uma ótima letra, com o refrão “tudo pode acontecer, inclusive nada”, com o cativante vocal da mexicana Ximena Sariñana.

Outro aspecto que chama atenção em Gaya é a capacidade da vocalista em fazer composições modernas e grudentas com um toque de nostalgia que chega a remeter bastante a Roberto Carlos, principalmente em “Oi”. O mesmo pode ser dito do hit “Amuleto”, onde Tiê canta a composição de Bruno Caliman, autor de músicas de Bruno e Marrone, Raça Negra, Fernando & Sorocaba, Jorge e Mateus, e mais. A combinação da sonoridade moderna e retrô funciona muito bem, e combina com suavidade com a qual Tiê canta, sempre certeira. A faixa ainda traz as ótimas participações de Jesse Harris (produtor de Norah Jones) no violão e de Alexandre Kassin (que já colaborou com Caetano Veloso, Gal Costa, Los Hermanos, Erasmo Carlos e mais) no lap steel guitar.

Ao fim do álbum, Tiê traz a bela “Vida”, com vozes de Assucena Assucena e Raquel Virgínia, do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, e Filipe Catto, fechando o trabalho com um belo e melancólico arranjo vocal.

Tiê fez bem em apostar no pop sem perder a identidade, e Gaya mostra uma clara transição a um novo som para o futuro. O que quer que seja, a cantora soube mudar com muita fluidez, e tudo indica que ela se garante nesta jornada para o futuro. 

Nota do Crítico
Bom

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