Demorou, mas saiu. Wasting Light (2011), o novo álbum do Foo Fighters, finalmente chegou às lojas, encerrando um hiato de quatro anos desde que a banda anunciou que faria uma longa pausa em suas atividades.
Mas o que torna esse álbum diferente dos anteriores? Tudo, e nada ao mesmo tempo. É a mesma banda de rock 'n' roll simples, direto e arrebatador, mas que agora tem três guitarras para auxiliar no peso das músicas, e todas de casa! Desta vez, Dave Grohl toca ao lado de Chris Shiflett, que está na banda desde One by One (2002), e Pat Smear, ex-guitarrista de apoio do Nirvana e que também tocou com o Foo Fighters em seus primeiros anos. Nem é preciso ouvir a primeira faixa até o final para constatar que a banda nunca esteve tão intensa em sua especialidade, que é justamente o domínio das dinâmicas do rock 'n' roll, densas e certeiras. Os riffs de guitarra parecem ter sido feitos exatamente para aquela levada de bateria característica de Taylor Hawkins, e para serem acompanhados do baixo sucinto de Nate Mendel. O resultado sonoro é único, uma consequência da organicidade da relação entre os integrantes da banda. Este som só acontece porque são aquelas pessoas, tocando dessa forma e totalmente conectadas - coisa que só grandes grupos de qualquer gênero musical conseguem atingir.
Rock de raiz
Wasting Light já nasceu diferente, celebrando a carreira da banda e homenageando suas refêrencias musicais. Este olhar para o passado, até então, era inédito para o Foo Fighters. Em 2011, o histórico disco Nevermind, do Nirvana, completa 20 anos. Isso significa 20 anos de indústria fonográfica e grandes gravadoras para Dave Grohl. O próprio vocalista admite que este disco funciona como uma reflexão sobre essa história. A participação do produtor Butch Vig é nostálgica, mas ela não para por aí. Krist Novoselic, ex-baixista do Nirvana, também participa, tocando em "I Should Have Known", que com certeza é uma das melhores faixas deste trabalho. Para completar, ainda temos a participação de Bob Mould, vocalista e guitarrista da banda Husker Dü, emprestando sua voz em "Dear Rosemary", música que Grohl não esconde ter sido inspirada no trabalho do Husker Dü.
Neste álbum, o FF ainda flerta com características musicais de outras bandas e estilos. Algumas já são referências óbvias, como Queens of the Stone Age - a disposição das vozes e melodias em "Bridge Burning" e "Rope" não negam -, e Motörhead, especialmente em "White Limo". No entanto, a banda também traz influências aparentemente distantes do universo do Foo Fighters, como ABBA e Bee Gees, usados como referência na composição das canções. Essa sonoridade pop traz muitas mudanças de tom no decorrer da música, pontes, refrões “chiclete” e levadas de bateria disco, mas ainda assim soando bastante natural e bem adaptada ao estilo Foo Fighters. Mesmo presente em todas as faixas do álbum, esta escolha não sai como uma tentativa forçada de flertar com outro universo musical e, assim, se diferenciar.
No aspecto técnico, Wasting Light impressiona a escuta de todo fã de rock. A banda optou por gravar tudo na garagem de Dave Grohl, usando exclusivamente tecnologia analógica, inclusive para a mixagem. Todo o processo foi executado manualmente pelos integrantes da banda e seu produtor. Essa escolha levou a uma riqueza de timbres sem precedentes. Além disso, o envolvimento e contribuição pessoal de cada integrante, em todos os estágios da produção, acarreta em um disco extremamente coerente, que soa como uma unidade.
Apesar de ainda estarmos em abril, o Foo Fighters prova que não é cedo para afirmar que Wasting Light é um dos melhores lançamentos deste ano. Não há quem não se sinta contagiado por essa energia maciça, que atinge o ouvinte logo na primeira audição, em uma verdadeira aula de como se faz rock 'n' roll com verdade.
Ano: 2014
País: Portugal
Classificação: LIVRE
Duração: 110 min
Direção: Gabriele Salvatores
Elenco: Christopher Lambert, Sergio Rubini, Diego Abatantuono, Stefania Rocca, Emmanuelle Seigner, Amanda Sandrelli, Claudio Bisio, Gigio Alberti