Álbuns póstumos e discos de “sobras” e gravações caseiras geralmente são considerados caça-níqueis da indústria fonográfica. Se o artista realmente quisesse que aquelas gravações tivessem sido divulgadas, por que não lançou na época?
Alguns fãs do Nirvana podem até estar se perguntando isso em relação à trilha de Montage Of Heck, mas a obra merece – de fato – a nossa atenção. Mais do que um compilado de gravações caseiras de Kurt Cobain, o álbum é a trilha de um meticuloso documentário que explora e escancara a intimidade de um dos maiores ídolos do rock.
O filme facilita o entendimento do contexto que conduziu à evolução da paranoia e da depressão que foram tomando conta de Kurt até seu último suspiro, naquele tenebroso abril de 1994. Mas o mais interessante – tanto do documentário como na trilha – é se sentir íntimo do músico, como se você estivesse dentro de seu apartamento, o ajudando a fazer a mamadeira de Francis ou dando um pitaco num pedaço de letra ou riff de guitarra.
Essa foi a real intenção do diretor Brett Morgen ao se dedicar ao projeto. Foram longos anos de vasta e profunda pesquisa para trazer às telas – e agora, ao disco – a intimidade nua e crua de Kurt e Courtney Love nos gloriosos dias de auge do Nirvana e como a fama da banda acabou interferindo na personalidade de um gênio inquieto.
Tudo o que foi compilado em Montage Of Heck: The Home Recordings é o resultado de uma criteriosa peneira feita a partir de mais de 100 fitas K-7 e mais de 200 horas de material bruto. O diretor afirma que não colocou nenhuma gravação do Nirvana em si, mas apenas material que Kurt concebeu sozinho.
Prepare-se para uma viagem no inconsciente de uma das mentes mais turbulentas da cultura pop. Se você viu o documentário, já sabe o que esperar. Se não viu, aproveite para ver e ouvir. Montage of Heck – a trilha – chega disponível em 3 formatos: CD, LP e uma edição de luxo com 31 faixas e vários mimos: DVD do filme, livro, quebra-cabeças, pôster e cartões postais.