The Last Shadow Puppets - Everything You've Come To Expect | Crítica

Oito anos depois do lançamento do primeiro álbum, The Age Of Understatement, agora o The Last Shadow Puppets retorna à ativa com seu segundo disco, Everything You’ve Come To Expect. Trocadilho ou não, o título do novo álbum de Alex Turner e Miles Kane é enigmático porque não dá pra saber o que esperar depois de tanto tempo.

Muita gente achou que eles nunca mais iam lançar outro disco. Afinal, nesse tempo todo muita coisa aconteceu, e a própria cabeça de Alex Turner se transformou. O Arctic Monkeys de 2007, época do disco Favourite Worst Nightmare, é uma banda bem diferente do Arctic Monkeys de hoje, com AM, e Kane deixou de ser só o parceiro de Turner num projeto paralelo e se transformou num ídolo de luz própria.

Então, o que a gente está esperando? Seria mais interessante se o título do álbum fosse uma pergunta ao invés de uma afirmação, pois certamente a base de fãs do Last Shadow Puppets se divide em pessoas com expectativas bem diferentes, e quem espera exatamente a mesma sonoridade de Age Of Understatement vai ter uma (boa) surpresa.

A maturidade de Turner a gente acompanhou de perto pelas mudanças sonoras no Arctic Monkeys, e naturalmente ela também se reflete no novo disco de seu projeto paralelo. O legal é que como já se passaram 8 anos desde The Age Of Understatement, a mudança aqui fica mais radical. Mesmo assim, o espírito do projeto continua intacto. E os resultados são excelentes.

"Aviation" já mostrava que a banda viria com tudo. O single é genial e cresce até explodir em cordas emocionantes. Outras músicas, como "Bad Habits" e "The Dream Synopsis", podem incomodar um pouco quem espera as baladas que marcaram o primeiro disco, mas ambas são excelentes em suas propostas e trazem elementos bem modernos em seus arranjos.

Por vezes alguns elementos soam quase incômodos, como em "Bad Habits", mas funcionam e dão à música um peso bem-vindo tanto de arranjo quanto de atitude. A música é cheia de energia e empolga.

A faixa título é lindíssima e também se aproveita de um dos melhores arranjos de cordas do disco. Mais lenta e poética, ela mostra uma outra faceta da banda, melancólica e introspectiva. Uma das melhores músicas (e clipes) do álbum. "Miracle Aligner" também mostra um Turner experimentando como nunca em sacadas vocais que nunca ouviríamos no primeiro disco.

O único problema de Everything You’ve Come To Expect é que algumas letras são adolescentes demais e já não combinam com o Alex Turner e o Miles Kane de hoje. Mas isso não é o suficiente para tirar o brilhantismo das novas composições.

Oito anos depois, eles voltaram com tudo. Mais melódicos, mais experimentais, ainda mais interessantes. Agora é só torcer para que o terceiro disco não demore tanto assim para sair da gaveta.