Música

Entrevista

Elrow | Festa conhecida como a melhor e mais louca do mundo desembarca no Brasil

Com Jamie Jones, andhim, Bastian Bux e mais, evento acontece no dia 2 de dezembro

01.12.2017, às 10H49.
Atualizada em 01.12.2017, ÀS 12H00

"A festa das festas". Assim a Elrow é conhecida há alguns anos por quem já esteve em alguma de suas edições ao redor do globo. O evento que começou em 2010, como algo semanal em Barcelona, em 2017 vai alcançar a marca de 132 eventos em mais de 25 países e com a estimativa de atingir mais de 1.7 milhão de pessoas. E em meio a essa conquista mundial, a Elrow estreia no Brasil, com uma edição em São Paulo, no próximo dia 2 de dezembro. Além da festa, o line up composto por nomes como andhim, Bastian Bux, Eagles & Butterflies, Patrick Topping, Soldera e Toni Varga, também é um atrativo especial e deve garantir o entretenimento durante as 12 horas de evento.

Pra entendermos um pouco mais como funciona esse universo festivo, O CEO e co-fundador, Juan Arnau Jr., conversou com exclusividade com o Omelete e comentou sobre algumas das ideias da festa, o crescimento global e os planos para o Brasil, que deve ganhar novas edições em breve. Porém, antes de tudo, para entender como o conceito se tornou mundialmente marcante, é importante conhecer a história de como a Elrow surgiu.

O começo e o crescimento do evento

Criado em 2010, o evento tem em seu D.N.A a mistura entre dança, teatro, fantoches e música eletrônica como o fator dominante para criar uma atmosfera própria, cheia de cores e extremamente divertida. Juan e sua irmã Cruz compõem a sexta geração da família a trabalhar no segmento do entretenimento e desde os primeiros momentos da nova festa estão envolvidos na criação e no desenvolvimento do evento que tem a música como um de seus fatores, mas não o principal.

De entrada, o que chama a atenção para cada um dos universos criados pelos espanhóis são os temas diversos. No Brasil, a temática será o cinema indiano - Bollywood -, mas entre as opções realizadas pelo mundo estão Far West, Bronx, Las Filipinas, Sambódromo do Brasil entre outras.

Sobre as diversas temáticas e suas respectivas criações, Juan comenta que a equipe criativa busca “reinventar festas mais ou menos populares e tradicionais”. “Buscamos a parte mais transgressora e interessante desses eventos e traduzimos em algo divertido acompanhado pela música eletrônica que pode ir da mais underground até a mais comercial”.

Com esse detalhe em destaque, Juan deixa claro que a festa procura se adaptar ao estilo do público de cada país, mas “a premissa principal é que deve ser música para dançar, de fácil compreensão e fora de qualquer conceito cultural”. Para entender um pouco como isso funciona, basta saber que nomes como Art Department, Sasha, Anja Schneider, Kolsch, Seth Troxler, Paco Osuna, Matador e muitos outros já integraram o line-up do evento.

Ainda sobre o tema selecionado para cada cidade, Juan comenta que cada local hospeda uma temática definida de acordo com suas próprias características. Possivelmente dessa fórmula sai o interesse crescente por quem vai à festa e também dos DJs que tocam no evento. “Cada promotor escolhe seu tema preferido. Nenhum lugar usa temas repetidos e sempre podem optar por temas diferentes para surpreender seu público com decorações e novas experiências”.

Mas aí surge a pergunta: Como funciona a criação de cada um desses temas?

A Elrow possui um barracão nos arredores de Barcelona, no qual produz o material de todas as festas. La Nave, como o local é conhecido, guarda todas as criações da marca - lembrando um barracão de escola de samba - e abriga grande parte do time criativo, que de acordo com matéria da Resident Advisor é composto por 85 funcionários fixos espalhados por Barcelona, Ibiza, Nova York e Shanghai.

“Todos os temas são criados em Barcelona, depois de um grande processo de reuniões com o time criativo, seguindo para o de time de animação e cenografia que criam os personagens e os elementos que utilizamos nas festas. Antes de disponibilizarmos para o mercado, também fazemos um teste em Barcelona, afinamos como será o show definitivo, e então seguimos para as turnês internacionais”, destaca o CEO.

E mesmo com essa escala cada vez maior, o que chama a atenção em cada um dos eventos realizados ao redor do mundo é a atenção aos detalhes, algo evidente quando o assunto é a forma como cada festa representa os costumes culturais ligados a cada lugar representado. Juan enfatiza que existe uma grande atenção para não ferir a sensibilidade das pessoas, justamente pela Elrow acontecer em países diferentes e de culturas diferentes. “Em todo caso, por se tratar de um espetáculo 100% hedonista [doutrina em que a busca pelo prazer é o único propósito da vida], tentamos ser alegres, de espírito livre e quebrar regras. Por isso pode acontecer de fazermos alguma paródia divertida de alguma das festas mais populares e tradicionais do planeta, mas sempre mantendo o bom gosto e o respeito à cultura de cada país”. Sua afirmação fica ainda mais clara quando comenta que “Por se tratar de um espetáculo não tradicional, por definição, no qual o público faz parte, esse aspecto [respeito à cultura ] se torna bem mais simples de ser alcançado. As pessoas só querem se divertir e fazer parte do ‘conto’ que criamos em cada show”.

Frescor, mas com a mente planejando os próximos passos

Não dá para negar que a Elrow, em sua parte de desenvolvimento, é gerida como um grande negócio - no bom sentido. A atenção aos detalhes de todas as festas e a entrega das ideias em um ponto centralizado - próximo de seus criadores - poderia ser um fator de arrefecimento criativo. Afinal de contas, manter o frescor da mente artística ligado aos direcionamentos e expectativas de entrega de um produto sempre de alto nível pode se tornar algo realmente desafiador.

Sobre esse ponto, Juan deixa claro que essa expansão global não aconteceu somente na escala de onde as festas são feitas, mas também na forma como elas são pensadas. A inauguração do espaço no qual todas as equipes se encontram para criar e produzir as peças é um dos fatores que mais auxiliam no intercâmbio de ideias. “Temos um espaço criativo muito importante em Barcelona, uma equipe criativa internacional muito forte que -  justamente por estar sempre rodando o mundo - aprende a criar novas temáticas e também como melhorar as que já temos. Isso sem contar a residência em Ibiza (série de festas realizadas na ilha espanhola durante o verão) com o público de diversas partes do mundo - que nos ajuda muito - e também a presença de toda a família no projeto, algo que facilita a fluência da corrente criativa dentro da empresa”.

Sobre o crescimento das proporções de cada evento e também da abrangência global da marca, Juan é honesto ao afirmar que “Às vezes é difícil manter essa energia, não vou mentir. Temos pouco tempo para refletir. Levando em consideração que temos feito mais de 150 shows por ano, os quais levamos muito tempo criando. Temos um medo muito grande do fracasso e somos muito críticos com os shows que já não nos emocionam mais”, destaca.

Mas a resposta para esses momentos, Juan afirma que está na tentativa de se manter inovando e criando novas experiências para quem gosta das festas. “Às vezes falhamos e nisso também reside parte do sucesso. Somos muito exigentes com a gente e com toda a equipe. Temos em mente que o público está comprando algo diferente do que é oferecido por outras festas. É algo que querem participar, um espetáculo que ele e seus amigos vão fazer parte. No final de tudo, todos querem se divertir com a melhor música eletrônica e dançar durante horas. Parece fácil, mas não é. Te garanto”.

O público brasileiro e o retorno ao país das festas

O brasileiro é conhecido e reconhecido mundialmente pela animação e entrega em shows e eventos de qualquer natureza. E apesar da Elrow já ser conhecida por seu estilo de festa, Juan ressalta que a experiência criada para o país não terá nenhuma surpresa, mas que a recomendação para a estreia em terras tupiniquins é aproveitar o ineditismo da experiência. “O primeiro show em um país é muito especial tanto para nós quanto para quem participa do espetáculo. Por isso acreditamos que só de estar em um evento como este, pela primeira vez, já será suficiente. É um espetáculo de muita diversão e realmente imersivo, muito apropriado para o público brasileiro”, enfatiza.

Isso conduz ao conceito da Elrow como um todo; definido por um de seus criadores como algo desenvolvido para quem quer, acima de tudo, se divertir. “[Divertir-se] Isso é o principal. O público é o protagonista de todas as nossas festas e com uma boa mistura de cenário, teatro e personagens incríveis conseguimos fazer com que esse objetivo seja atingido de uma maneira ainda mais fácil”.

Por fim, mas não menos importante, a Elrow já pensa em seu retorno para o território brasileiro e não só para São Paulo. “Depois da estreia virão outras edições em outros lugares e com outros formatos. Não existe nenhum país do mundo que não queira repetir a experiência como a oferecida pela Elrow”, destaca Juan, que segue, “o Brasil por si só é um continente e com certeza iremos estabelecer um plano de residência por aí. Um país como o de vocês em que o hedonismo, a dança e a diversão são parte básica da cultura local é o lugar ideal para a Elrow. Esperamos ver todos novamente muito em breve e muitas vezes. Mas antes, desfrutem da primeira Elrow e que a festa os acompanhe”.

A Elrow acontece neste sábado, 2 de dezembro, no Canindé. E os ingressos estão disponíveis aqui.

 

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