Começa nesta sexta (16) a segunda edição do Womens Music Event, plataforma criada para aumentar o protagonismo da mulher nos diversos segmentos da música. Com dois dias de duração, o evento deve contar com com um total 70 mulheres que ocupam posições estratégicas no mundo musical e que irão compartilhar conhecimento sobre diversas áreas. No total, os participantes poderão dividir conhecimento por meio de 13 painéis de debates, 8 workshops e 3 shows.
Em 2018, o evento - extensão off-line da plataforma - criado por Claudia Assef e Monique Dardenne conta com Pitty como madrinha e também irá abordar temas como, direito autoral, Rap, Beat Making, Stage Management entre diversos outros. Sobre a escolha de Pitty como Madrinha para esta edição, Claudia Assef conta que a aproximação aconteceu ainda em 2017, quando a cantora baiana venceu uma premiação junto com Elza Soares. “Foi uma escolha muito orgânica. A Pitty é uma das mulheres mais importantes do mercado da música, tem uma estrada muito longa e que, além do trabalho, a gente também admira a postura dela. Ela sempre se posiciona nesse mercado tão machista, de uma forma muito assertiva, muito correta”, destaca.
Em conjunto com essa escolha, Assef também comenta sobre os impactos positivos que WME tem causado desde sua primeira edição no ano passado. “Vimos outros movimentos e outros eventos nascendo. Vimos e estamos percebendo uma aceitação muito maior das mulheres, principalmente na parte técnica, que têm sido mais absorvidas pelo mercado”. Conjuntamente com isso, a organizadora ainda destaca que mesmo notando o incômodo de um mercado machista com a inserção de mais mulheres em mais funções, é possível ver cada vez mais apoio, principalmente de uma base masculina. “Mas a gente sabe que o caminho é muito longo. Representamos uma porcentagem ínfima dentro do mercado da música, mas [hoje] existe uma abertura maior e uma disponibilidade maior para falar sobre o assunto”.
Os desafios das mulheres no mercado da música
Mesmo com um momento que acena de forma positiva para que mais mulheres sejam protagonistas no dia a dia do segmento musical, Assef comenta que o principal desafio dentro dessa jornada é “não desistir diante da intimidação que acontece na indústria”, e segue, “Eu acho que é necessário perseverança e resiliência, atravessar os momentos difíceis, se mantendo profissional. A parte mais difícil pra gente, como mulher, é que precisamos nos mostrar mais eficientes, mais rápidas, mais inteligentes. Quando você é mulher, você não pode dar brecha nenhuma, porque já vem a justificativa: ‘É uma mina, né? É uma mina fazendo trabalho técnico. Só podia dar merda’. Por isso, o grande desafio é a resiliência para encarar um mercado no qual sempre vão te olhar de um jeito enviesado”.
E com isso, vem a reboque o grande desafio do WME em conjunto com as mulheres, que segundo Asssef é consolidar essa transformação no mercado de trabalho. “É necessário fazer com que esse momento que nós estamos vivendo, de crescimento, não seja algo passageiro. Que isso seja uma constante, uma abertura de verdade e não uma hashtag”.
Por fim, em meio a esse momento no qual o respeito ao protagonismo e às lutas das mulheres, para que elas sejam inseridas no meio musical, precisa ser respeitado, como os homens podem se unir a elas para também serem fator de mudança?
Assef é categórica: “O melhor jeito de ajudar nesse equilíbrio é abrindo as mentes para que você saia do dia a dia teu, de chamar a mesma equipe técnica, formada por cinco, seis homens, a mesma equipe de filmagem, formada 100% por homens. O mesmo line-up de DJs formado por 90% de homens, e pensar que as mulheres trazem novidades. As mulheres trazem outras formas de fazer. Então, se o contratante e quem está encabeçando - seja empresa, eventos - não tiver uma postura de estar aberto a novas propostas, o mercado não vai sair do lugar”.
O Womens Music Event começa na tarde desta sexta (16) e segue com painéis e workshops até amanhã. Informações e ingressos estão disponíveis no site oficial.
