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Crítica

High Hopes - Bruce Springsteen | Crítica

Décimo oitavo disco de estúdio é composto por regravações, covers e músicas inéditas

04.02.2014, às 12H43.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H13

Depois de uma curta, mas bem sucedida passagem pela América do Sul, Bruce Springsteen surpreendeu os fãs ao anunciar seu 18º disco de estúdio, High Hopes. Sucessor de Wrecking Ball (2012), o álbum é constituído por regravações, covers, além de algumas músicas inéditas. Gravado durante as folgas da "Wrecking Ball Tour", High Hopes conta com a participação do guitarrista Tom Morello (Rage Against The Machine) em oito das doze faixas.

O disco abre com a faixa-título, um cover de Tim Scott McConnell, lançada pela primeira vez por Springsteen no EP Blood Brothers em 1996. A nova versão ganha vida com a adição de instrumentos de sopro e percussões, arranjo semelhante ao feito pela E Street Band para "Sociedade Alternativa" de Raul Seixas, tocada nos dois shows do cantor no Brasil em 2013.

Ainda no campo das regravações, "The Ghost Of Tom Joad", lançada em 1995 no disco homônimo, ganha uma nova cara. Originalmente gravada como um folk sombrio, a faixa se transforma quase que por completo, tornando-se um rock vigoroso, com direito a vocais divididos entre Springsteen e Morello. O guitarrista, por sinal, mostra todo seu talento no instrumento, em um solo característico de seus tempos no Audioslave.

"American Skin (41 Shots)", escrita no começo da última década, homenageia o liberiano Amadou Diallo, morto pela polícia de Nova Iorque com 41 tiros em 1999. Presente no álbum ao vivo "Live in New York City", a faixa ganhou sua primeira versão de estúdio em 2001, lançada em um raríssimo single. Springsteen resolveu resgatar a música para a "Wrecking Ball Tour", culminando na regravação, agora definitiva, da canção para o novo disco.

Entre as inéditas, destaque para "Harry’s Place" e "Down In The Hole", ambas sobras das sessões para The Rising (2002), a primeira resgatando um solo de saxofone gravado pelo genial Clarence Clemons (morto em 2011). "Heaven’s Wall" preenche a cota religiosa do álbum com uma interessante mistura entre violinos, corais e guitarras distorcidas. Já em "The Wall", Springsteen homenageia Walter Cichon, músico de Nova Jérsei, morto no Vietnã.

High Hopes conta também com dois covers de bandas da década de 1970. Sugeridas por Tom Morello, "Just Like Fire Would" do The Saints e "Dream Baby Dream" do Suicide contrapõe a concepção de uma releitura. Enquanto a versão da primeira mantém o aspecto estrutural de uma canção de rock, a segunda ganha uma inversão total. Nas mãos de Springsteen, “Dream...” passa de um eletrônico new wave para uma balada triste, com direito a um acompanhamento orquestrado.

Bruce Springsteen é conhecido por adotar temáticas específicas em cada um de seus trabalhos, o que promove um estranhamento no conceito de colcha de retalhos presente em High Hopes. Apesar da falta de unidade entre as canções, Springsteen entrega mais uma vez um grande apanhando de boa música. O novo álbum serve como exemplo da qualidade criativa do Boss durante a última década, ressaltando sua principal característica, ser um exímio contador de histórias.

Nota do Crítico
Bom

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