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Matrix Reloaded não é um filme de arte, mas definitivamente vai ser considerado por muitos uma obra-prima. A trilha de Matrix Reloaded não é uma obra-prima, contudo é arte.
As declarações acima são questionáveis? Atualmente, tudo é questionável, incluindo aí o conceito de arte. Mas se levarmos em conta que um dos conceitos da arte é ser reflexo da sociedade, a música de Matrix cabe na definição com excelência.
A trilha sonora de Matrix Reloaded é um CD duplo. Muita gente está taxando o disco 1 como uma coletânea de nu-metal, estilo minuciosamente dissecado pelos críticos de plantão, que apontam o tom falso de seus representantes e respectivas obras. Vamos com calma, pois apesar de ter bastante influência desta nova corrente musical, o disco tem muito mais a oferecer. O segundo disco, a trilha incidental, relembra os velhos tempos em que alguns poucos cinéfilos compravam trilhas sonoras com o objetivo de abraçar seus filmes prediletos por todos os lados.
Disco 1
As bandas Deftones, P.O.D, Linkin Park e Team Sleep (um projeto paralelo do mesmo Chino Moreno, do Deftones) são as representantes do nu-metal no CD1. Além deles, a trilha tem também trabalhos de artistas como Marilyn Manson e Rob Zombie, que são influências declaradas de grande parte das bandas deste novo estilo.
Entusiasta ou não do Nu-Metal (Industrial, ou seja lá como você chame este tipo de música), um fato é inegável: é praticamente impossível imaginar outro estilo musical que casasse com tamanha perfeição no espírito de Matrix. Não adianta pensar no rock n´roll clássico, ou no novo rock. Você realmente acha que seria bacana ouvir Beach Boys, Led Zeppelin, White Stripes ou Strokes na trilha de Matrix Reloaded?
Marilyn Manson e seus seguidores são sim inovadores, sinceros e lançam mão de verdadeiros hinos contra a acomodação no status quo. E é exatamente por isso que são ícones nos Estados Unidos. Podem não ser belos, mas definitivamente são arte, na medida em que se fazem necessários para um entendimento imparcial do caos que se tornou viver no mundo de hoje. As poses, as caras, os berros, tudo isso soa muito falso? Antes um falso que mostre um pouco de realidade aos jovens, do que um que os conserve em suas redomas virtualmente seguras.
Alguma semelhança com o enredo de Matrix? Se não estiver preparado, não tome a pílula vermelha e seu mundo vai continuar cor de rosa, lindinho e florido.
Mas, só para deixar claro, o disco 1 vai muito além do nu-metal. Temos ainda o Rage Against the Machine, com suas guitarras pesadas e, na parcela de eletrônico, o sempre primoroso Oakenfold. Na realidade, a trilha não é muito diferente da primeira. Os mesmos Rob Zombie, Deftones, Marilyn Manson e Rage Against the Machine estavam lá. Assim como a mistura metal e techno. Nossos pontos de vista é que mudaram. Mais uma influência da nova filosofia criada com o primeiro filme da trilogia? Eu não duvidaria.
Disco 2
Se você ouviu o primeiro disco e não gostou de nada, ainda resta uma chance. Sem apelar para a complacência, o segundo disco vale cada centavo gasto. Mais do que simplesmente completar o CD 1, ele traz a maturidade exigida pela concepção original da expressão trilha sonora.
Esta segunda parte serve perfeitamente como um relaxante pós-tensão, mesmo com sua curta duração. O que antes era prato principal em termos de trilha sonora, virou um licorzinho mais do que bem-vindo no final do banquete. A música incidental é leve, apesar de trazer picos de tensão, e deixa margens à imaginação, o que não acontece no primeiro disco, que entrega as mensagens já prontas.
O responsável pela façanha é Don Davis, que, além de cuidar do som dos três Matrix, carrega no currículo as trilhas de Jurassic Park III, Titanic, Vida de Inseto e Toy Story. Mostrando-se um profissional extremamente versátil, Don Davis dosa com mestria orquestra e efeitos sonoros, provando ser o homem certo no lugar certo. Trabalho nada fácil, já que grande parte da tensão durante qualquer bom filme é mantida por uma combinação acertada de imagem e SOM!
Num filme simples isso já é complicado. O que dizer de um filme como Matrix, em que a gente prende o fôlego desde o momento em que nos sentamos nas poltronas e só solta quando os créditos já invadiram a tela? Don Davis executa esse trabalho com perfeição. Mais do que fazer música, ele trabalha sentimentos e as nuances da tensão causadas pelo filme. O produtor já havia mostrado a que veio com a trilha de Matrix. Agora ele mostra porque é que permaneceu no cargo.
Enfim, se você quiser entrar no mundo de Matrix, traga a trilha sonora a tiracolo. Você provavelmente vai precisar desta dose extra de energia.
Tracklisting completo:
Disco 1
Disco 2
01. Linkin Park - Session
02. Marilyn Manson - This Is the New S**t
03. Rob Zombie - Reload
04. Rob D - Furious Angels
05. Deftones - Lucky You
06. Team Sleep - Passportal
07. P.O.D. - Sleeping Awake
08. UnLoco - Bruises
09. Rage Against The Machine - Calm Like A Bomb
10. Oakenfold - Dread Rock
11. Fluke - Zion
12. Dave Matthews - When The World Ends
01. Don Davis - Main Title
02. Don Davis - Trinity Dream
03. Juno Reactor - Tea House
04. Rob D - Chateau
05. Juno Reactor - Mona Lisa Overdrive
06. Don Davis vs. Juno Reactor - Burly Brawl
07. Don Davis - Reloaded Suite
