Existem alguns diretores no cinema conhecidos pela composição de suas próprias trilhas. Certos exemplos vêm à mente - Clint Eastwood, Alejandro Amenábar ou Robert Rodriguez – mas um nome salta, principalmente quando se trata de filmes de terror. John Carpenter, nome por trás de clássicos como Halloween: A Noite do Terror, A Bruma Assassina e Vampiros, não só compôs grande parte das trilhas de seus filmes, como criou uma das músicas mais icônicas do cinema; o sutil e aterrorizante tema de Halloween.
O longa de 1978 surgiu da ideia dos produtores Irwin Yablans e Moustapha Akkad, que queriam fazer um filme sobre assassinato de babás com pouco tempo e pouco dinheiro. Apreciadores do trabalho anterior de Carpenter, Assalto à 13ª DP, os produtores chegaram a Carpenter oferecendo 300 mil dólares e quatro semanas para filmar. O diretor recebeu US$ 10 mil para escrever, dirigir e compor a trilha de Halloween. O filme inteiro foi filmado em 21 dias [via Halloween Movies].
Com o longa em mãos, John Carpenter fez a sua primeira exibição a um público restrito. Ele conta, em seu site oficial, que sem a música, Halloween era absolutamente diferente: “Eu mostrei o corte final sem os efeitos sonoros e a música, para uma executiva da 20th Century Fox. Ela não ficou nem um pouco assustada. Eu fiquei determinado a salvá-lo com a música”. E apesar de ter trabalhado na música de seus dois filmes anteriores, o motivo pelo qual ele tomou a música de Halloween como responsabilidade própria é bem simples: “eu era o mais rápido e o mais barato que eu podia conseguir”.
E então, Carpenter se enfiou em um estúdio em Los Angeles e em pouco menos de um mês criou uma trilha que ficaria para a história. Com pouco tempo e pouco dinheiro, o compositor queria criar uma música que fosse pouco complexa, e se baseou em duas referências maiores: Bernard Herrmann, criador da inesquecível música de Psicose, e a trilha de John Williams para Tubarão, que se assemelha bastante ao que ele criou. Ele diz: “Pense nesta trilha. São apenas duas notas! E te deixa no suspense”. Mas o outro motivo para a simplicidade foi por uma questão técnica: “Tinha que ser fácil porque sou eu que toco. Eu tenho poucas habilidades como músico”. Mesmo assim, a trilha de Halloween não é tão pouco sofisticada quanto parece. O tempo 5/4 que marca a música é um dos elementos que a torna ligeiramente desconfortável. Como o filme, a música cria um crescimento de tensão cíclico, que, com um tempo incomum, cria uma expectativa de mistério contínua, que você não sabe quando vai acabar.
O resultado de Carpenter revolucionou a música do cinema de terror ao criar uma trilha inesquecível com pouco tempo, pouco orçamento e poucos instrumentos. A música de Halloween é tão direta e eficiente que fica na cabeça como um dos maiores triunfos do filme, algo que poucos discordam: a Rolling Stone e a NME elegeram a trilha de Carpenter como a melhor música de filme de terror de todos os tempos.
Carpenter concluiu que a música realmente foi a heroína do filme: “Meu plano de ‘salvar com a música’ pareceu funcionar. Seis meses depois eu encontrei a executiva da 20th Century Fox e ela tinha adorado o filme. E tudo que eu fiz foi colocar música”.