Por uma gafe marcante, todo mundo lembra que La La Land não ganhou o oscar de melhor filme em 2017. A vitória de Moonlight, no entanto, não impediu que o filme de Damien Chazelle saísse como o vencedor do maior número de prêmios na noite, com 6 estatuetas, incluindo uma das mais relevantes, principalmente quando se fala de um músical: melhor trilha sonora. O nome por trás das composições que ganham voz com Emma Stone e Ryan Gosling é Justin Hurwitz, que conversou com o Omelete sobre sua parceria com Chazelle, o processo de criação de La La Land e a experiência do La La Land In Concert, exibição do filme com orquestra, que acontece em São Paulo.
Hurwitz acompanhou Damien Chazelle durante sua filmografia em uma parceria que se iniciou na faculdade, quando foram colegas de quarto. Depois de começarem uma banda e depois largarem ao mesmo tempo, decidiram se aventurar no cinema, passando a colaborar juntos em projetos na área. A inspiração do compositor, não surpreendentemente, é John Williams: “Ele compôs tantas trilhas que só grudam na sua cabeça. Como ET, Jurassic Park, Harry Potter. São músicas tão emocionantes e memoráveis... Pessoalmente, ele é o motivo pelo qual eu comecei a pensar em ser um compositor para o cinema”.
Como não há nenhum filme de Chazelle (que fez quatro longas até hoje) que não foi feito com Hurwitz na música, de início, ele explica que como a dupla funciona: “Assim que ele sabe que fará um filme, nós começamos a discutir. Acho que neste ponto das nossas vidas, nós meio que presumimos que vamos trabalhar juntos”. No caso de La La Land, Hurwitz explica que a discussão começou muito cedo, já que o filme demoraria anos para sair do papel, entre composições e desenvolvimento do projeto. As influências do musical que é uma “homenagem aos musicais” também foram bem propícias para a parceria: “Nós amávamos os musicais franceses, Os Guarda-Chuvas do Amor e Duas Garotas Românticas, e os dois são da mesma dupla de compositor e diretor [Michel Legrand e Jacques Demy, respectivamente], que foram grandes inspirações”. Hurwitz explica que os musicais franceses foram essenciais mas não deixa de citar os clássicos americanos, nomeando os mestres de Gene Kelly, Fred Astaire e Ginger Rogers.
Um dos maiores legados para os fãs de La La Land é “City Of Stars”, a faixa composta por Hurwitz e letrada por Benj Pasek e Justin Paul. Hurwitz explica que a canção demorou meses para encontrar sua melodia, e o resultado lhe veio de surpresa: “Eu estava na casa dos meus pais em Wisconsin quando a melodia me veio. Eu tinha feito tantas melodias e nenhuma delas era tão boa, e então do nada ela me veio. Eu mostrei para Damien e ele ficou maluco dizendo ‘meu deus, é esta!’”. Uma vez composta, o desafio era encontrar o tom certo para Ryan Gosling e Emma Stone, que entraram no projeto depois de todas as composições estarem finalizadas: “Geralmente, o tom certo dos cantores é fácil de achar, mas os dois duetos foram muito desafiadores. Normalmente, há um tom que é perfeito para uma pessoa, e para um dueto, o da outra pessoa pode ser completamente diferente. Então para ‘City Of Stars’ nós nos contentamos com o tom que fosse bom o suficiente para os dois. Para ‘A Lovely Night’, o outro dueto, a solução foi uma mudança de tom no fim. Às vezes você tem que abrir mão de algo, às vezes você precisa mudar o tom”.
O resultado de La La Land foi estrondoso e o musical se tornou queridinho tanto da crítica quanto do público, algo que Hurwitz disse ter sido uma surpresa: “Nós só estávamos tentando fazer e finalizar um filme e não tínhamos ideia se as pessoas gostariam. Nós fizemos o musical que nós gostaríamos de assistir, e no fim foi uma grande surpresa”. O compositor, então, relembrou o momento em que ele percebeu o alcance da obra: “Eu lembro do momento em que ele passou em um festival e as pessoas ovacionaram, mas para mim, pessoalmente, o que me surpreendeu foi ver os covers das músicas online. Eu vi tantas pessoas fazendo suas versões de ‘City Of Stars’, da ‘Audition’. Pessoas ao redor do mundo ouvindo a música, tocando, recriando. Foi aí que eu comecei a perceber o nível do impacto que o filme estava tendo”.
Por isso, Hurwitz ainda se diz surpreso com a ideia do La La Land In Concert, que chega ao Brasil em dezembro: “Eu definitivamente não esperaria que teríamos apresentações que chegariam ao Brasil! Isso me deixa muito animado. Ver La La Land ao vivo com orquestra é uma experiência linda, e o Brasil tem uma tradição musical tão bonita, e músicos tão bons, que deve ser um toque especial para o público”.
O La La Land In Concert acontece em 16 e 17 de dezembro, no Espaço das Américas, em São Paulo, e em Porto Alegre, no dia 21, no Auditório Araújo Vianna. Para as apresentações em São Paulo, os ingressos estão disponíveis no Ingresso Rápido, e para Porto Alegre, estão disponíveis no Uhuu.
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