Novembro já está aí e é hora de relembrar os lançamentos de outubro no mundo da música. E que outubro! Este mês tivemos o aguardado comeback de Rihanna, um retorno inesperado do Blink-182 e muito mais. Confira:
“Her Mother’s House” - Björk
Trapaceamos só um pouquinho, visto que o novo álbum da cantora islandesa saiu em 30 de setembro, mas é por um bom motivo: com backing vocals suaves e sentidos da filha de Björk, Ísadóra Bjarkardóttir Barney, “Her Mother’s House” é um fechamento impecável para a meditação sobre envelhecimento, descendência e legado em tempos apocalípticos que é o Fossora. Ao microfone, Björk poucas vezes foi mais delicada do que aqui (“All is Full of Love” vem à mente, ou talvez “It’s Oh So Quiet”), e os sintetizadores gentis ao fundo criam o clima perfeito para as elaboradas metáforas sentimentais que ela usa para falar do seu ninho vazio.
“Anywhere But Home” - Seulgi
Difícil acreditar que 28 Reasons é mesmo o primeiro trabalho solo oficial de Seulgi, integrante do Red Velvet, tamanha é a segurança que ela demonstra nos vocais e na elaboração artística de um álbum coeso como poucos do k-pop atual. “Anywhere But Home”, uma mistura astuta de synthpop e city-pop (a diferença é sutil, mas existe quando se compara umaLittle Boots com uma Yukika, e Seulgi sabe exatamente como cair na linha entre as duas), tem talvez o gancho mais memorável do disco, mas a atrevida canção título “28 Reasons” e a propulsiva “Dead Man Runnin’” não ficam atrás.
“No More Drama” - Charlie Puth
A vontade mesmo era destacar “Light Switch”, o ótimo single que só cresceu quando incluído no contexto no álbum CHARLIE - mas aí seria trapaça demais, uma vez que a canção está disponível há oito meses. Na falta dela, “No More Drama” é um fechamento perfeito para o melhor disco do cantor, encarnando bem a sua capacidade inata de escrever uma boa melodia pop, a afinação quase inacreditável dos seus vocais e o clima mais relaxado e energizado que faz desse novo Charlie Puth uma companhia muito melhor do que o dos discos anteriores.
“Super Board” - Stray Kids
A falta de vergonha na cara do k-pop é a sua melhor qualidade. Em “Super Board”, integrantes do Stray Kids se revezam ao microfone no refrão, cada um deles soltando sua particular interpretação de um barulho onomatopaico (nhéaum!!!) pensado para imitar um carro de corrida. Só esse detalhe já deveria ser o bastante para fazer você abrir um sorriso, mas acontece que o trabalho criativo dos 3Racha (apelido de três membros do grupo, unidos em um time de produção) está a pleno vapor, fazendo a alquimia eletro-hip-hop da faixa se destacar mesmo diante de outras pérolas do álbum Maxident.
“Nightshift” - Bruce Springsteen
O próximo álbum do Chefe, Only the Strong Survive, trará covers de canções de várias eras do R&B e do soul. “Nightshift” foi originalmente gravada pelos Commodores em 1985, e ganha um arranjo luxuoso pelas mãos de Springsteen, incluindo uma sessão de cordas poderosa, toques de piano épicos e muitos corais. O tom rouco do americano por cima desse bem elaborado banquete musical desce como um café forte e restaurador - a nova “Nightshift”, enfim, é uma refeição completa. O disco sai dia 11 de novembro, a propósito.
“L.I.E.C” - Mamamoo
A investida tropical do single “ILLELLA” pode não ter casado bem com o Mamamoo, mas o veterano grupo de k-pop provou que ainda tem a química certa na b-side “L.I.E.C”, que coloca Moonbyul, Solar, Wheein e Hwa Sa no mais familiar terreno da disco music. Com cordas que decolam por cima de uma batida propulsiva e contagiante, sem contar os breaks espertos e funkeados para o rap de Byul, a canção é compacta em seus 2:59 (o que não é hoje em dia?), mas traz todo um leque de prazeres pop nesse tempo curto.
“SuperCali” - JO1
O ano é 2022, e um grupo de pop japonês está ancorando o seu single mais recente em uma citação de… Mary Poppins. Sim, aquele Mary Poppins, o filme de quase 60 anos de idade sobre a babá mágica interpretada por Julie Andrews. Cheia de viradas inesperadas e sintetizadores sobrepostos com esmero exemplar, “SuperCali” (... fragilisticexpialidocious) encarna exatamente a aleatoriedade e a falta de pudor criativo que faz o pop asiático prosperar enquanto o ocidental continua em estado de crise.
“Endging” - Blink-182
Os fãs do emocore mais grudento do final dos anos 1990 e início dos 2000 estão em festa. O Blink-182 está de volta. E não é qualquer Blink-182, mas sim sua formação original. Depois de idas e vindas, caçadas de Ovnis, medos de avião superados e um câncer curado, Mark, Tom e Travis voltaram a se reunir, já anunciaram um novo álbum para o início do próximo ano e uma turnê mundial que vai passar pelo Brasil em março. E para deixar seu seguidores com água na boca, lançaram o single "Edging", que é o puro soco do pop-rock-emo que alçaram eles ao estrelado há quase 30 anos.
“Return of the Dream Canteen” - Red Hot Chili Peppers
O ano de 2022 é único na trajetória do Red Hot Chili Peppers. Com Return of the Dream Canteen, a banda californiana chegou a dois álbuns inéditos em um mesmo ano. Para quem lançou exatamente dois em toda a década de 2010, é algo que chega a impressionar. Agora, será que essa redescoberta da criatividade se traduz em músicas inéditas que fazem juz à fama e tradição da banda? Resposta curta: sim. Só que há um detalhe.
"Lift me Up" - Rihanna
Rihanna está oficialmente de volta após um longo hiato musical com a faixa "Lift me Up". O single faz parte da trilha sonora oficial de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e chegou a todas as plataformas digitais na última sexta-feira do mês. A canção é assinada pela cantora, que compôs ao lado de Tems, Ludwig Göransson e do diretor Ryan Coogler. Esse é o primeiro trabalho solo de Rihanna desde o lançamento de seu álbum ANTI em 2016, e sua última apresentação ao vivo aconteceu em 2018, no palco do Grammy.
"Anti-Hero" - Taylor Swift
O aguardado álbum Midnights nos trouxe ritmos dançantes criados nas madrugadas de insônia de Taylor Swift. "Anti-Hero", primeiro single a receber um clipe, é uma música sobre uma noite em claro em que a artista passou se autodepreciando, encarando fantasmas do passado e concluindo que o problema talvez seja ela mesma. E toda lamentação que vem no meio da noite é horrível, sim, mas é inegável que também existe um prazer na vergonha.