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Lollapalooza Brasil 2014 | Balanço final

Uma edição maior e, acima de tudo, diferente das anteriores

08.04.2014, às 18H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

A terceira edição do Lollapalooza no Brasil foi a maior desde a chegada do festival ao país. A mudança para o Autódromo de Interlagos trouxe uma nova proporção ao evento, que em 2014 tomou ares grandiosos. E apesar dos problemas técnicos e estruturais, o saldo foi positivo. Com alguns ajustes, o autódromo pode ser a casa ideal para o Lolla nos próximos anos.

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Visão geral de uma parte da arena do Lollapalooza 2014

O primeiro dia foi um resumo dos percalços causados pela nova arena. Não há como reunir 80 mil pessoas em Interlagos, na formatação como os três palcos principais (mais o Palco Perry dedicado à música eletrônica) foram dispostos. Por maior que seja, o local tem distâncias razoáveis (até 2,5km de um palco a outro) e muitos morros. Subir e descer as pistas do autódromo no sábado era uma tarefa árdua, pelas vias estreitas definidas pela organização e com a superlotação de quem buscava as atrações radiofônicas do momento, de Lorde a Imagine Dragons. Mais fácil foi escolher um palco e curtir as apresentações ali até o fim do dia.

A quantidade de pessoas também mostrou quão mal planejadas foram as saídas. Um afunilamento complicado aconteceu na hora de sair do autódromo - sem contar que a circulação na frente do autódromo também não era das melhores. A situação piorou de vez perto da estação de trem da CPTM, que fechou à 1h da manhã e deixou inúmeras pessoas do lado de fora. Muita gente ficou à beira da Avenida Jair Ribeiro Silva esperando táxis, mas durante algumas horas não era possível evacuar a quantidade de gente no local. Nas redes sociais, até as três da manhã havia reclamações sobre a situação.

Boa parte desses problemas foi contornada no segundo dia, o que mostrou que o número de ingressos vendidos para o sábado foi exagerado. Cerca de 60 mil pessoas compareceram no domingo, dia 6. A distância entre os palco Interlagos e Skol, lógico, não diminuiu, mas o percurso entre um e outro ficou mais rápido. Além disso, era possível assistir aos shows mais disputados de perto e sem precisar sofrer - a apresentação do Arcade Fire, última do festival, foi um exemplo disso. Até a volta para casa foi mais fácil e a CPTM conseguiu lidar com a demanda, graças também a um efetivo de ajudantes maior do que no sábado, auxiliando nos fluxos das ruas estreitas do bairro.

Domingo também foi o momento de se sentir em um genuíno festival. O Lollapalooza preza pela união entre o que é tendência, inédito e consagrado. Unir Arcade Fire, Jake Bugg, Axwell e Soundgarden no mesmo dia põe em prática a teoria. Havia mais tempo para correr de um palco ao outro sem muito tumulto, e assim conhecer outros artistas. A experiência também ganhou com a criação do Chef Stage, uma enorme tenda que reunia cozinheiros consagrados de São Paulo, que normalmente se juntam para eventos da cidade como O Mercado ou a Feira Gastronômica. A comida era melhor do que normalmente encontramos em grandes festivais e naturalmente mais cara. As filas não eram tão desorganizadas quanto as dos bares comuns e a oportunidade de pegar o prato diretamente dos chefs contribuiu para o ineditismo da proposta.

Os dois dias, porém, tiveram alguns defeitos semelhantes. O maior deles foi a qualidade do som nos palcos. O show do Imagine Dragons, certamente um dos mais cheios do Lollapalooza, foi o mais prejudicado. Mesmo próximo ao palco Onix era difícil escutar a voz de Dan Reynolds. O palco Skol sofreu no show de Julian Casablancas e no do Pixies; o Interlagos na vez do Portugal The Man e Nação Zumbi. Outro problema constante foi a falta do sistema de pagamento em cartões nos caixas. Mesmo com patrocínio de uma empresa do ramo, era raro encontrar um caixa com mais de uma máquina funcionando.

A sensação após dois dias de evento é que há o que mudar, mas a identidade do festival foi apresentada como nenhuma outra vez. A escalação das bandas foi feita com o conceito do Lolla em mente, misturando indie e mainstream, sem esquecer de nomes populares, como o Muse. Já existem eventos feitos para agrupar somente nomes pops, marcas consagradas. O Rock in Rio é um caso. O Lollapalooza é diferente. A intenção é se diferenciar pela convivência e pelo aprendizado. Aos poucos a edição brasileira chega perto de um festival de artes ideal.

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