Texto por Erica Y. Roumieh
No início de fevereiro, Ozzy Osbourne publicou um comunicado nas redes sociais anunciando que iria parar de fazer turnês extensas devido aos problemas de saúde que vem enfrentando recentemente. “Eu cheguei à conclusão de que não sou fisicamente capaz de fazer os shows da minha turnê pela Europa e Reino Unido porque sei que não aguentaria fazer as viagens necessárias.”
O Príncipe das Trevas cancelou datas que faria na Europa com o apoio de Judas Priest e a repercussão foi enorme. Fãs lamentaram que não veriam mais o ídolo ao vivo e outros ficaram entristecidos pela aposentadoria do músico. A verdade é que Ozzy nunca anunciou uma aposentadoria.
Apesar de se afastar dos grandes palcos, Ozzy disse que sua equipe está pensando em ideias para que ele ainda consiga se apresentar de alguma forma sem precisar viajar de cidade em cidade e de país em país. É claro que a dificuldade do cantor em viajar atrapalha os planos de tocar ao vivo para os fãs, porém se há algo que aprendemos nesse mundo pós-quarentena é que tudo é possível.
Por exemplo, o Whitesnake se encontra atualmente em uma turnê de despedida depois de 44 anos na estrada. David Coverdale, hoje com 70 anos, disse durante uma entrevista que é importante para ele ter algum tipo de despedida dos fãs. Porém, isso não significa que o Whitesnake e o próprio vocalista estão pensando em parar. Coverdale garantiu que essa despedida seria apenas dos palcos que ele já tem “novas ideias para trabalhos da banda em estúdio”.
Outro caso é o de Mick Mars que parou de se apresentar com o Mötley Crüe, porém continua na banda para futuros projetos no estúdio. O guitarrista, que foi substituído por John 5 na turnê - que chega ao Brasil em março -, sofre com Espondilite Anquilosante (A.S.) e suas dores o impossibilitaram de levar a vida de estrada. Ao anunciar a notícia, foi dito: “Mick continuará como membro da banda, mas não aguenta mais os rigores da estrada. A.S. é uma doença degenerativa extremamente dolorosa e incapacitante, que afeta a coluna vertebral.”
Pouco comum, mas ainda uma realidade são as bandas que fazem o contrário. Continuam em turnê, mas decidem não continuar produzindo material novo. Esse é o caso do Godsmack. Fundada em 1995 por Sully Erna, a banda de Boston anunciou o fim da produção de novos sucessos: o novo álbum Lighting Up The Sky, que será lançado hoje, 24 de fevereiro, será o último da carreira da banda. Em entrevista ao Wikimetal, o baterista Shannon Larkin explicou que a banda não vai deixar de existir, apenas decidiu não lançar novos discos depois de 25 anos.
E, claro, um clássico no assunto de aposentadorias de artistas é aquela banda que já anunciou que iria parar de vez com turnês e álbuns, mas continua retornando aos palcos. Quem nunca achou que teve um déjà vu quando o KISS anuncia turnê de despedida? O grupo anunciou em 2000 a Kiss Farewell Tour que durou um ano com Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss no lineup. Após a turnê, que deveria ser a última, o KISS decide fazer um novo álbum ao vivo junto com a Orquestra Sinfônica de Melbourne. Onze turnês depois, o grupo, agora com Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer, deu início à End Of The Road em 2019, uma segunda despedida dos palcos. Esta turnê veio ao Brasil em maio de 2022 e agora vem ao país novamente em 22 de abril no Monsters of Rock. Segundo o empresário, a turnê de despedida acaba este ano. Será?
Como em diversas outras artes, o assunto aposentadoria é muito mais complexo do que apenas um músico parar de trabalhar. Muitos não conseguem ficar longe dos palcos, outros do estúdio. Em seu comunicado, Ozzy deixou claro: “Acreditem em mim quando digo que pensar que estou desapontando meus fãs realmente acaba comigo, mais do que vocês um dia saberão. Nunca pensei que meus dias de turnê acabariam desse jeito.” Apesar do que muitos pensaram no momento do seu anúncio, o músico não pensa, de forma alguma, parar.
Ozzy Osbourne tem trabalhado tão intensamente quanto nos seus dias de glória, senão mais. Ele apenas está se adaptando às suas limitações de saúde - mais uma vez. Precisamos lembrar do histórico de Ozzy e refletir sobre as coisas que superou em seus anos mais difíceis? Só nos anos mais recentes, o músico foi diagnosticado com Mal de Parkinson, sofreu um acidente em casa que resultou em uma cirurgia complicada, além de ter contraído covid-19.
Durante a quarentena da pandemia da covid-19, nenhum músico pôde se apresentar nos grandes palcos e ainda assim continuaram ativos e produzindo material inédito. Osbourne, por exemplo, se apresentou com o colega e amigo de Black Sabbath Tony Iommi no encerramento dos Jogos da Commonwealth em agosto do ano passado. Um mês depois lançou o incrível Patient Number 9, fruto dos difíceis anos da pandemia. O álbum contou com grandes participações como Jeff Beck, Tony Iommi, Zakk Wylde e mais. Todos à distância. Além disso, Ozzy tem participado de outros universos como o comercial da Workday no Super Bowl, em que participou recentemente com Billy Idol, Paul Stanley, Joan Jett e Gary Clark Jr..
Não sabemos o que irá acontecer com Ozzy e nem com nenhum artista aqui citado, mas algo que podemos ter certeza é que este não é o fim do Príncipe das Trevas. O fim do artista não chega quando ele deixa de viajar. E nem quando para de produzir. O fim do artista chega quando ele quer que chegue.
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