Paramore privilegia discos mais recentes em show enérgico no Rio

Créditos da imagem: Cláudio Gabriel/Omelete

Música

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Paramore privilegia discos mais recentes em show enérgico no Rio

Banda americana se apresentou no Rio de Janeiro depois de nove anos longe do Brasil

Omelete
6 min de leitura
10.03.2023, às 10H25.
Atualizada em 10.03.2023, ÀS 11H27

Foram nove anos de espera para a volta do Paramore em terras brasileiras, mas a sensação é que o tempo foi ainda maior de tantas coisas que aconteceram nesse período -- desde as mudanças de integrantes e tretas internas, até o lançamento de dois discos diferentes e sob nova sonoridade (After Laughter, de 2017, e This is Why, de 2023). Até quem não gosta do grupo pode ter estranhado a longa demora, visto o reconhecimento da grande base de fãs no país.

Exatamente às 21h30, o agora trio formado Hayley WilliamsTaylor York e Zac Farro subiu ao palco da arena Qualistage, na Zona Oeste do Rio, para desespero dos que estavam ali. Se acabaram sendo nove anos longe, não foram necessários nem nove segundos para que Hayley e companhia percebessem que não poderiam demorar mais tanto assim. Os acordes de “You First”, uma das faixas do recém-lançado This is Why, já levaram o público a uma grande empolgação. A gritaria foi tanta que a vocalista não conseguia conter o sorriso e deixou – antes mesmo até de dizer "oi" – o microfone para os fãs cantarem aos berros.

Mas embora nos últimos álbuns o grupo tenha reverberado um estilo mais próximo do indie rock e do pop-rock (se é que é possível determinar classificações de gênero musical para a banda), ele não esqueceu de suas origens, como bem mostrou a sequência com “That's What You Get” e “I Caught Myself”.

A primeira, um dos clássicos da fase emo no álbum Riot! (2007). Já a segunda, um single lançado para o filme “Crepúsculo” em 2008. Aliás, é impossível não esquecer também “Decode”, uma das faixas mais conhecidas e também trilha do longa com Kristen Stewart e Robert Pattinson. Apesar dos pedidos constantes do público pela faixa ao longo da apresentação de cerca de duas horas, eles não foram atendidos.

De toda forma, o trio e outros membros de apoio pareciam estar bem receptivos com a plateia brasileira, que cantava todas as músicas aos berros. Não foram poucos os momentos que Hayley parecia ou não se ouvir ou simplesmente desistir de cantar para deixar o público falar cada verso.

O início estrondoso não acalmou após o boa noite de Williams e de seu pedido de desculpas pela demora a voltar ao Brasil e, especialmente, ao Rio de Janeiro. Os recados elogiosos para a beleza da cidade precederam “Playing God”, essa do disco Brand New Eyes, de 2009. Adivinha? Mais gritos do público e uma interação que fez novamente a frontman rir à toa.

Porém, uma turnê de divulgação de algo novo pressupõe músicas novas. “The News”, também do último lançamento, e “Told You So”, da produção de 2017, mostraram bem ao vivo a diferente cara da banda, e até mesmo os mais críticos dessa nova fase se esgoelaram com as duas.

Nesse momento, já foi possível perceber como o grupo já havia embaralhado completamente o setlist usado nos shows recentes na América do Sul. “News”, por exemplo, estava ficando na parte final da apresentação. Por isso, era impossível saber o que viria em seguida, deixando um clima de expectativa constante no ar.

Clima esse reforçado por “Ain’t it Fun”, a primeira até aquele momento do álbum “Paramore”, de 2013. A performance do clássico da banda foi um dos maiores momentos da noite, desde no refrão em que Hayley, mais uma vez, parou de cantar para deixar os presentes serem vocalistas, até mesmo no trecho final “don’t Go crying to your mama”, cantado por oito mil pessoas quase sem instrumentos.

Após um pedido para todos realizarem danças estranhas, “Caught in the Middle” foi mais uma a marcar a fase contemporânea do Paramore, apesar de ter sido recebida com um pouco mais de desânimo.

Antes do início de “C'est comme ça”, outra do This is Why, Hayley pediu para todos guardarem os celulares e, com uma brincadeira, desafiou o público a ouvir a faixa com os braços para baixo. Com a negativa dos cariocas, ela fez ao contrário: deveriam cantar a música toda com os braços para cima. E boa parte seguiu com rigor.

Depois, “Still Into You” brindou outro clássico do disco de 2013. Novamente, cantado a plenos pulmões.

Conhecida por alguns grandes discursos em shows, Hayley até parecia ter se controlado mais nesse sentido. Antes de uma sequência de canções que falam sobre amor e relacionamentos, a artista falou rapidamente do tempo que não tocavam “The Only Exception” por questões de relacionamentos passados dela. Só que, quando souberam que voltariam ao Brasil, resolveram adicioná-la no setlist – apesar dela já estar presente nos últimos shows.

“Pool” e “(One of Those) Crazy Girls” marcaram o momento mais lento, fazendo até com que o público levantasse luzes dos celulares. A última, apesar de bem cantada, foi uma das menos celebradas, talvez no aguardo do que viria pela frente.

“Rose-Colored Boy” e “Hard Times” estão entre as grandes representantes da fase “colorida” em After Laughter. Entre mais cantadas pelos presentes, as duas animaram após o momento mais sereno da apresentação. Entre elas, também apareceu “Scooby's in the Back”, cover do HalfNoise, banda do baterista Zac, que ainda cantou a faixa junto de Williams.

A última antes do bis foi “All I Wanted”. Apesar de ser do álbum de 2009, a forte extensão vocal no refrão fez com que a vocalista não a tocasse ao vivo. Para se ter uma ideia, ela apareceu pela primeira vez em um show apenas no ano passado, sendo lembrada agora na turnê da América do Sul. Ou seja, quase uma exibição exclusiva para os fãs do mundo inteiro. Se no show em 2022, Hayley parecia menos à vontade com a canção em um show, no Rio ela mostrou confiança e até mesmo brincou com a voz.

Voltando após uma breve pausa, o grupo deu destaque “Running Out of Time”, do disco novo. Claro que foi apenas uma prévia para o clássico absoluto emo da banda, “Misery Business”. Hayley apresentou a música relembrando que eles tinham parado de tocá-la pela letra, com a qual não concordavam mais. Isso porque a faixa citava a palavra "whore" (vadia, em inglês).

A decisão por trazê-la de volta foi por sempre ser um dos momentos principais dos shows: quando eles chamam alguém da plateia para cantar junto. No meio da canção, e após muitos pedidos insistentes de quem estava na frente do palco, o Paramore chamou quatro pessoas, sendo duas delas um casal que havia se casado no dia anterior.

Antes do fim, Hayley Williams agradeceu a presença dos cariocas e fez uma promessa, bem genuína, de não demorar tanto quanto dessa última vez. Por isso, “This is Why” deu números finais ao show de forma igualmente empolgante e catártica.

Mesmo com a falta de alguns clássicos, como “Decode”, “Ignorance”, “Pressure”, “Brick by Boring Brick” e mais, o Paramore fez uma apresentação com a cara atual da banda. Dando destaque para as que nunca tinham sido tocadas no país, porém sem esquecer os fãs que estavam pela primeira vez vendo eles ao vivo.

Agora, é esperar se a promessa será realmente cumprida pelo trio. Contudo, pelo sorriso a cada nova cantoria, os fãs não devem precisar esperar mais nove anos.

Kayla Graninger esquentou o palco

Antes do Paramore pisar no palco, a artista e modelo Kayla Graninger deu as caras no show de abertura. Através do seu projeto Elke, ela fez uma apresentação curta. Com personalidade e uma dose de timidez, foi um momento de descontração para a tensão dos presentes.

Elke tem o dedo de Farro, baterista do Paramore, que é produtor de seus últimos trabalhos. Só que também tem um quê de Hayley na forma de se expressar no palco, com muitas danças e uma atenção especial ao público.

O momento mais marcante foi a junção que fez de “Águas de Março” – em inglês – junto do refrão de “Mr. Brightside”, clássico do The Killers. Se era um nome completamente desconhecido pelos presentes, conquistou com seu carisma e esquentou bem o palco da arena no Rio.

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