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Radiohead: Subvertendo as estruturas da música pop

Radiohead: Subvertendo as estruturas da música pop

10.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 04H10

Quando surgiu, no início da década de 90, o Radiohead parecia ser apenas mais uma banda do então emergente britpop - movimento liderado pelo Oasis e Blur. O primeiro álbum, Pablo Honey, apesar de se tratar de um bom disco de rock, poderia ser facilmente esquecido entre tantos outros em qualquer prateleira. Nada de rapazes bonitinhos. Letras alegres? Nem pensar! O esquisitão Thom Yorke trouxe para a música pop o experimentalismo e a originalidade de sons que nem sempre são de fácil degustação e, definitivamente, nada radiofônicos. Mas nem sempre foi assim.

A banda começou "indie", barulhenta e guitarreira. No segundo CD, The Bends, assumiu para valer a vertente "alternativa" e deixou transparecer as referências a bandas como os Pixies e finalmente, em Ok Computer, os conceitos pré-estabelecidos precisaram ser revistos e os dois primeiros trabalhos mereciam uma nova audição. A partir de então, sem perder as características anteriores, o Radiohead ganhou status de superbanda, passou a ser queridinha da mídia mundial e tudo o que fizeram a partir daquele momento seria considerado, de alguma forma, genial.

De Manchester para Oxford

Na década de 80, Manchester foi o cenário da grande proliferação do rock britânico - que ainda não atendia pelo nome de britpop. De lá surgiram bandas como New Order, Stone Roses e Smiths. No entanto, no final daquela década, mais precisamente em 88, Thom Yorke (vocal, guitarra), Ed OBrien (guitarra, vocal), Jonny Greenwood (guitarra), Colin Greenwood (baixo) e Phil Selway (bateria) se ncontraram em Oxford, na Universidade e, depois da descoberta de interesses em comum, decidiram montar uma banda. Inicialmente chamado On A Friday, o grupo começou a se dedicar à carreira no começo dos anos 90, lançando o EP Drill em 1992. Logo depois, assinaram com a EMI/Capitol e lançaram o single "Creep" - uma fusão de R.E.M. e Nirvana realçada pela microfonia, mais em destaque que o refrão da música. "Creep" teve um sucesso moderado e seus próximos dois singles, "Anyone Can Play Guitar" e "Pop is Dead", começaram a construir um legado de fãs, mesmo sendo ignorados pela imprensa britânica, que até então mal sabia de sua existência.

Mas as coisas logo tomariam outros rumos e, depois de Ok computer, tudo seria diferente. Não era mais possível rotular a música do Radiohead. Havia elementos eletrônicos em profusão, sofisticação no uso de cordas e piano e uma espécie de "volta ao rock progressivo" - nem tanto pelo conteúdo, mas pela forma.  

A fórmula estranha, o universo nebuloso e as estruturas musicais fragmentadas tinham tudo para levar o quinteto de volta ao underground. A conseqüência de tudo isso ao contrário, foi a transformação em supergrupo, surpreendendo até mesmo a gravadora EMI, que achava que com Ok Computer, o quinteto estivesse assinando seu atestado de óbito. A superexposição quase acabou com Thom Yorke, que interrompeu uma turnê mundial no meio por não suportar a badalação insuportável e sempre crescente em torno da banda.

Três anos depois, em 2000, quando o choque inicial parecia ter sido superado, veio Kid A e aí a coisa complicou de vez. Imaginava-se que a fase experimental havia chegado ao fim, que Yorke já havia conseguido provar que ousar era possível no mundo pop. Mas na verdade, o que se concluiu foi que o vocalista não estava interessado em provar coisa alguma a ninguém. A esperada volta às guitarras não aconteceu. O que se ouviu foram mais esquisitices, mais sons etéreos, melodias descontinuas e vocais cada vez mais ininteligíveis. A crítica adorou, as rádios detestaram e os fãs, ficaram mais uma vez na dúvida, sem entender completamente do que se tratava o novo CD.

No disco seguinte, 2001, Amnesiac chegou às lojas e mais uma vez nada de rock como costumávamos conhecê-lo. Para se ter uma idéia de como nem mesmo a crítica sabia muito bem o que fazer com ele, o álbum acabou nas páginas da cultuada revista New Yorker, analisado por um crítico de jazz. Enquanto isso, ingressos para os shows da banda - fossem aonde fossem - se esgotavam em questão de horas.

Em julho do ano passado, "There There", que viria a ser o primeiro single do sexto disco de estúdio do grupo, já estava na internet em uma versão ao vivo. Até o fim de 2002, todas as músicas que entrariam neste novo disco estariam disponíveis na rede, pois a banda usou os shows feitos na Península Ibérica para "testá-las". Em abril deste ano, versões inacabadas "passeavam" por softwares especializados em trocas de arquivos. Yorke e companhia não pareceram se importar muito com o vazamento. O máximo que fizeram foi declarar que aquelas não eram as versões que estariam no CD e trocaram os nomes de algumas faixas.

Agora, chega às lojas Hail To The Thief, sétimo disco do Radiohead, contradizendo os integrantes da banda e provando que o que estava na internet era mesmo precioso. Finalmente as guitarras estão de volta em algumas das 14 faixas, mas não adianta mais esperar uma volta ao bom e velho - e puro - rock`n`roll. Para o Radiohead, ele não existe mais. E isso nunca foi algo negativo para eles.

Discografia:

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