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The Doors of the 21st Century: O show no Rio de Janeiro

The Doors of the 21st Century: O show no Rio de Janeiro

03.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 20H01

Neste sábado, 30/10, no Rio de Janeiro, o The Doors of the 21st Century entrou no palco do Claro Hall para mais uma apresentação de sua turnê na América do Sul. O show foi musicalmente excelente, mas alguma coisa estava errada: é impossível substituir o lendário Jim Morrison. Desde sua morte por overdose, em 1971, a mágica parece ter acabado. Ficou a impressão que esse The Doors atual é um corpo primoroso, mas sem espírito.

Depois de serem meros coadjuvantes quando Morrison estava vivo, tecladista Ray Manzarek e guitarrista Robbie Krieger parecem querer os holofotes em sua direção. Durante o show inteiro notamos que os outros integrantes e inclusive o vocalista parecem estar ali para acompanhar os remanescentes do grupo. Apesar de Manzarek e Krieger serem ótimos músicos, quando se fala em The Doors, a primeira imagem que vem à cabeça é a performance entorpecida e louca de Morrison. Manzarek, atual líder da banda, parece querer algum tipo de justiça. Apresentar para o público, que por trás das ousadas letras de Morrison, existia um som diferente criado pelo conjunto, uma mistura de rock com jazz e temperado com bossa nova.

A banda vem se apresentando ao vivo desde 2000, quando se reuniu para gravar um programa de TV. Na época vários cantores subiram ao palco com a missão de representar Morrison ao lado do membros originais: Ray Manzarek no teclado, Robbie Krieger na guitarra e John Densmore na bateria. Densmore acabou abandonando o barco e os outros dois músicos foram obrigados a acrescentar "of the 21st Century" para evitar processos na justiça.

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A missão de tentar substituir Morrison nessa nova empreitada caiu nos ombros de Ian Astbury, líder e cantor do The Cult. Sua escolha parecia a mais acertada, já que Astbury parece fisicamente com Morrison e tem uma ótima voz para destilar os clássicos da banda. O grande problema em sua apresentação, é que ele parece ter sido ordenado a ficar em segundo plano. Assim sendo, ele nem imita Morrison e nem repete sua ótima presença de palco a frente do The Cult. Completando os coadjuvantes estão os competentes Ty Dennis na bateria e Phil Chen no baixo.

O Claro Hall estava bem cheio, mas tinha espaço para trafegar e curtir o espetáculo. O show começou às 23h e por quase duas horas o público pôde curtir vários clássicos do grupo, como Love me two times, When the musics over e Touch me. A música de abertura foi Roadhouse Blues. O clássico do disco Morrison Hotel, foi acompanhado pela platéia alvoroçada. Por sinal o público cantou e aplaudiu todo o repertório. Interessante ver uma audiência formada por jovens e senhores calvos e barrigudos lado a lado na maior paz. Em certos momentos parecia que tínhamos voltados aos anos 70. A única reclamação dos espectadores foram as longas filas para comprar bebida e comida. Por incrível que pareça no Claro Hall não se vende fichas. Toda vez que se quer comprar alguma coisa, precisa-se entrar na fila de novo. O teatro precisa rever isso, para poder agilizar o atendimento.

Nesses tempos de eleição para presidente dos Estados Unidos, Astbury dedicou a sétima música, Five to One, ao presidente George W. Bush. A letra tem mensagens do tipo "vamos vencer, tomar conta e os seus dias de festa acabou". Em Break on through uma parte da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel subiu ao palco e realizou uma espécie de percussão, transformando a já dançante canção numa ótima mistura de rock n samba.

L.A. woman fechou o primeiro ato. São aquelas famosas paradas em que a banda finge que acabou o show e a platéia pede para voltar. Por incrível que pareça surge um roadie, que mais parecia um animador de palco para pedir mais aplausos e gritos para a banda voltar. Desnecessário, já que todos sabiam que os Doors não iriam embora sem antes tocarem Light my fire. Aos sons ensudercedores de uma tempestade, Riders of the Storm abriu o segundo ato. Estranhamente esse ato, durou só essa canção e o roadie animador de palco voltou para protagonizar a mesma cena ridícula.

No terceiro e último ato Ray Manzarek adentrou no palco e perguntou qual a música que o público queria. Num berro uníssono Light my fire ecoou por todo o Claro Hall. Finalmente a clássica canção tomou conta da casa de espetáculos para o deleite dos fãs. No momento do solo, dois instrumentistas da Padre Miguel participaram com improvisos, lembrando as influências jazzísticas da banda. O encerramento do show veio com Soul Kitchen. No meio da música, várias garotas entraram no palco e dançaram, como no movimento flower power dos anos 70. Uma nostálgica referência do amor livre pregado pelos jovens da época. É de se imaginar o que teria acontecido se Morrison tivesse presente.

Nos agradecimentos, o público ainda urrava por The end. Manzarek explicou que não podia tocar essa música, pois ela era sagrada e exclusiva na voz de Morrison. Em forma de homenagem ao falecido companheiro pronunciou o mais famoso verso da canção: "Father I want to kill, mother I want to fuck". Versos esses, que muitas vezes foram o motivo da interrupção das performances ao vivo de Morrison com the Doors pelas autoridades.

O show foi uma aula de puro rock n roll e quem não estava lá perdeu a oportunidade de entender a importância do The Doors musicalmente. O solos de Manzarek e Krieger continuam a fazer história e justamente por isso eles não precisavam colocar Astbury em segundo plano. Pois mesmo se Astbury fizesse a sua melhor apresentação, não conseguiria substituir Jim Morrison. O "Rei Camaleão" (Lizard King) era único.

Para os fãs e curiosos o set list completo do show:

  • Roadhouse Blues
  • The Changling
  • Love me two times
  • Not to touch the earth
  • Alabama song
  • Backdoor man
  • Five to One
  • Moonlight drive
  • Wild child
  • Spanish caravan
  • Break on through
  • When the musics over
  • Touch me
  • L.A. woman
  • Riders of the storm
  • Light my fire
  • Soul kitchen

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