Quando as primeiras notas de “Evidências” começaram a ecoar no Autódromo de Interlagos neste domingo (3) de The Town, ficou claro que não tinha mais volta: Bruno Mars tinha o apoio incondicional dos fãs. A adição surpresa no set, mais do que bem-vinda, surgiu como um atestado definitivo do domínio que o cantor exercia, conduzindo um coral emocionado de milhares de brasileiros como bem queria, e sem precisar dizer uma só palavra. Mas, talvez mais relevante do que isso, foi também um sinal de que o astro não é lá muito chegado a performances protocolares.
A princípio, isso poderia parecer contraintuitivo. Pela terceira vez no Brasil, o cantor veio sem nenhuma grande novidade em termos de repertório. Com a exceção de “Leave the Door Open”, o grande hit da sua colaboração com Anderson .Paak — o duo Silk Sonic —, seu setlist foi marcado pelas velhas conhecidas do público, uma combinação dos sucessos de três dos seus álbuns: o mais recente 24K Magic, assim como Doo-Wops & Hooligans e Unorthodox Jukebox. Quer dizer, em teoria, os fãs brasileiros não veriam nada que Mars já não tivesse apresentado por aqui antes, mesmo considerando os covers de suas composições. Mas é aí que entra o fator showman, um detalhe nada banal que fez da noite um espetáculo à parte.
Na companhia dos carismáticos Hooligans, Mars foi uma presença cativante no palco. Sua performance vocal impecável, aliada a coreografias sincronizadas, leves e aparentemente tão fáceis, ofereceu um toque de exagero — quase uma cafonice — irresistível. E ele sabia muito bem disso. Na realidade, ele se divertia com o próprio charme bem-humorado. Não à toa, flertou com a plateia sempre que pode, pedindo para que o chamassem de Bruninho e soltando até um “eu quero você, gatinha” em português, que levou a multidão ao delírio.
A escolha das músicas, nesse sentido, também foi precisa e apenas frisou a grandeza de Mars. Quando cantou “Talking to the Moon”, sucesso no Brasil graças à novela Insensato Coração, não teve uma pessoa que tenha se calado. Da mesma forma, quando sentou-se ao teclado e fez um pout-pourri com “Fuck You”, “Young, Wild & Free” e “Grenade”, era nítida a vontade dos fãs de que o show durasse bem mais do que 100 minutos. Por isso, quando enfim chegou a despedida com a explosiva “Uptown Funk”, não havia espaço para dúvidas de que ele fez valer o título de headliner, e era de fato merecedor de duas noites de festival.
Quem diria que, mesmo com tantas atrações grandes vindo no próximo final de semana de festival, ainda exista ansiedade de sobra para ver Bruno Mars dando seu show. De novo.
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O The Town acontece nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro. Também se apresentam no festival nomes como Foo Fighters, Garbage, Joss Stone, Maroon 5, Jão e Ludmilla.