Mesmo que seu método de animação tenha causado certo estranhamento em alguns espectadores em sua primeira temporada, O Príncipe Dragão rapidamente se tornou uma das animações mais queridas da Netflix por sua rica história, personagens diversos e divertidos e um bonito mundo de fantasia poucas vezes visto nos desenhos voltados ao público infantil da plataforma. A segunda temporada, lançada em fevereiro deste ano, conquistou ainda mais o público, aprofundando-se nas relações entre os protagonistas e na vasta mitologia construída por Aaron Ehasz, showrunner de Avatar: A Lenda de Aang, e Justin Richmond, diretor do jogo Uncharted 3: Drake’s Deception. O terceiro ano, disponível desde o dia 22 de novembro na plataforma, ampliou o já enorme mundo da produção, ao mesmo tempo em que recriou tudo o que deu certo nos anos anteriores.
Mais uma vez, o principal pilar de O Príncipe Dragão é o rico e diverso elenco de personagens. Apesar do trio de protagonistas – Callum, Ezran e Rayla – ter grande carisma, os coadjuvantes merecem cada segundo que aparecem em tela, especialmente os irmãos Soren e Claudia, cujas construções iniciadas nos primeiros episódios atingem seu ápice nesse terceiro ano. O pai de ambos, o carismático vilão Viren, segue a mesma trajetória e, não fosse sua perseguição ao adorável filhote de dragão Zym, seria difícil não simpatizar com as difíceis decisões que toma pelo reino de Katolis.
Não que o trio principal seja deixado de lado. Enquanto Callum e Rayla seguem juntos sua aventura para entregar Zym à Rainha dos Dragões, ampliando a boa dinâmica entre os personagens construída nas últimas temporadas, Ezran se vê no trono do pai, pela primeira vez sem o apoio do irmão. A separação entre os príncipes faz com que eles cresçam de forma independente um do outro, permitindo um avanço mais ágil e natural no arco de ambos.
Centrada na iminente guerra entre o reino dos humanos contra Xadia, reino dos elfos, a trama da terceira temporada aborda de maneira simples as dificuldades da diplomacia e as diferenças entre conflitos por questões políticas e, no caso de Viren, por ganância. Mesmo com momentos brilhantes de comédia, especialmente para fãs de trocadilhos, o roteiro do novo ano não poupa críticas a sistemas corruptos e à militarização exagerada por parte de governos gananciosos.
A animação também está impecável. Os episódios de O Príncipe Dragão criam uma Xadia belíssima, com fauna e flora únicas e brilhantes. As cenas de ação, envolvendo humanos, cavalos, elfos, dragões, águias e diversos tipos de magia são animadas com maestria e as ações de cada personagem podem ser vistas de maneira nítida, lembrando as melhores batalhas de A Lenda de Aang.
As criaturas únicas de Xadia, que variam de pequenas cobras mortais a enormes quadrupedes usados para transporte, são deslumbrantes o bastante para terem saído de um conto de J.R.R. Tolkien – que claramente inspirou a história de Ehasz e Richmond - e rivalizam visualmente com qualquer ser criado para a franquia Animais Fantásticos, apesar de o mundo criado por J.K. Rowling não ter bichos tão adoráveis ou importantes quanto o dragão Zym ou o sapo brilhante Isca.
Mais uma vez, O Príncipe Dragão entrega uma temporada brilhante em todos os quesitos. Com história, humor e animação de qualidade, a série da Netflix tem como único grande defeito o número pequeno de episódios (nove de 30 minutos) que, com a ajuda de um belo gancho, deixa o espectador com um irresistível gosto de quero mais. Se a equipe de Ehasz e Richmond seguir com o bom trabalho, Xadia tem uma longa e próspera história pela frente.
Criado por: Aaron Ehasz, Justin Richmond
Duração: 4 temporadas